terça-feira, 23 de outubro de 2007

Cidades de Contrastes

Por toda a lusofonia há cidades de contrastes. Grandes cidades, como Luanda e São Paulo, são exemplo de que existem muitas assimetrias sociais. De um lado a pobreza, do outro a riqueza. O conforto e a segurança, o medo e a fragilidade. Contrastes que caminham de mãos dadas.

A entrevista do Luso Fonias de 21 de Outubro conta com a realização do Pe. Inácio Medeiros, director da Rádio Aparecida, no Brasil, e do jornalista André Costa que esteve à conversa com a socióloga Teresinha Bernardo, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.



Comentário do Pe. Tony Neves:

«Vivemos num mundo marcado por contrastes gritantes e desumanos: os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres – disse-o João Paulo II e demonstram-no os relatórios das agências das Nações Unidas. E se o fosso entre o norte e o sul também é cada vez maior, reparamos que, nas grandes cidades dos países mais pobres (ou com populações mais empobrecidas) é grande o contraste que se vê a olho nu.

Estive há alguns anos nas periferias do Rio de Janeiro com um grupo de Jovens Sem Fronteiras, numa Missão. A Cidade Maravilhosa – como lhe chamam – tem uma área onde vivem os mais ricos e onde nada falta. Depois, pelos morros acima e abaixo vivem milhões de pessoas numa pobreza extrema, geradora de todas as formas de violência e exclusão. As favelas tornam-se um símbolo acabado da injustiça estrutural que caracteriza sociedades como a brasileira.

Este ano estive, outra vez, em S. Paulo. Sendo uma cidade plana, as favelas só se vêem deixando o centro e caminhando para as periferias. Mas, aí, o horizonte das casas miseráveis não tem fim, a pobreza espalha-se por quilómetros e quilómetros onde não há governo que valha às populações, completamente à mercê das máfias de quem manda nas drogas e tráficos afins.

Falei do Rio e S. Paulo por serem realidades que conheço e onde pude partilhar a sorte dos mais pobres durante algum tempo. Mas, pelo que vamos vendo, ouvindo e lendo, há centenas e centenas de outras cidades, por esse mundo além onde a palavra ‘contraste’ rima com ‘injustiça’.

Muito se discute hoje, em Igreja, acerca da sua Doutrina Social. O respeito que as pessoas nos merecem e a igualdade de dignidade entre todos os humanos tornam completamente ilegítimas as situações de contraste de que já falámos e caracterizam muitas das cidades por esse mundo além. Há que investir nos direitos humanos para que tudo se humanize. Até a arquitectura urbana.»




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