quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Legislação preocupa rádios católicas

Existe em Portugal "um anticlericalismo” que obriga as rádios de inspiração cristã a “estarem atentas”, afirmou à Agência ECCLESIA Joaquim Sousa Queiroz, Presidente da direcção da ARIC - Associação de Rádios de Inspiração Cristã. A nova legislação foi um dos temas em debate este fim de semana no 19º Encontro Nacional de Rádios ARIC.

“Não é generalizado mas há pequenos sinais que pedem a nossa atenção”, acrescenta. As rádios nasceram ligadas a instituições da Igreja e “temos que ter isso em consideração”.

A lei das cotas que obriga a transmissão de 25% de música portuguesa é um dos exemplos apelidados de “graves intromissões nas nossas empresas que são rádios privadas”, afirma acrescentando que “aceitamos o facto de termos de respeitar as leis”. A lei que se refere à não concentração é considerada “prejudicial”, e para rádios ou imprensa regional católica “pode vir a causar sérios embaraços”, aponta. No entanto, a maior reclamação vai no sentido de alguma “intromissão na programação das rádios”.

“Legislação para ou contra as Rádios?” foi um tema “provocatório, tendo em conta o painel convidado”, acrescenta o Presidente da direcção da ARIC. A Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR) que congrega 230 rádios com quem a ARIC desenvolve uma reflexão permanente, um representante da Entidade Reguladora que “nem sempre está bem conotada no meio” e um representante do Gabinete dos Meios de Comunicação Social, antigo instituto de Comunicação Social foram entidades que ajudaram a lançar linhas programáticas, “mais do que de actuação”, aponta.

O 19º encontro está integrado num plano traçado há dois anos, que prevê a reunião dos cerca de 70 associados que procuram, através da sua programação, passar os valores, enquanto associação cristã, de humanismo cristão.

A maioria das rádios associadas são de meios pequenos e por isso, uma das preocupações é “descentralizar estes encontros de análises e reflexão”. Com três temas de análise, os participantes valorizam também o espaço de convívio e contactos entre as várias rádios, onde se partilham experiências e “se dão trocas trabalho”, manifesta o Presidente da direcção.

As relações transfronteiriças são uma forma que as rádios encontram para trabalhar. “A troca de programas, experiências comerciais, emissões em cadeia, a própria informação” são alguns exemplos das trocas e experiências partilhadas.
A Comissão Nacional para a Protecção dos Jovens e Crianças em Risco entrou em contacto com a ARIC com o objectivo de pedir a colaboração de rádios locais para a protecção. O pedido foi analisado e encarado como “necessário”, encontrando espaço nas rádios locais “já que a prevenção é essencial e também porque é um problema que preocupa todos”. A disponibilidade das rádios foi demonstrada, sendo este “um exemplo do papel que as rádios podem ter”, sublinha Joaquim Sousa Queiroz.

Os três dias de reflexão foram encarados como um “debate interessante que nos dá pistas para podermos continuar a trabalhar e a estar atentos”. O que pretendem, é continuar a reflexão e análise “sem pretensões de tirar grandes conclusões para apresentar externamente, apenas deixar algumas ideias que nos levam a reflectir e a fazer”, sempre com atenção sobre o que se vai passando na área da comunicação.

O próximo encontro ficou marcado para Março de 2008, “possivelmente com o apoio de uma rádio de Tavira”, adianta.

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