sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ser mulher migrante

2007 está a chegar ao fim e com ele termina o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos.

Estamos em pleno século XXI, mas as mulheres ainda são vítimas de discriminação. Porquê? Por serem mulheres. E quando ao género se junta o facto de a mulher ser migrante, o panorama piora um pouco. Piora porque, além de serem mulheres, são discriminadas por serem mulheres estrangeiras a viver e a trabalhar em países, onde nem sequer conhecem a língua, os usos e costumes, os direitos e obrigações…

Mulher migrante foi o tema do Luso Fonias de 16 de Dezembro, que surgiu a propósito do Dia Internacional dos Migrantes celebrado a 18 deste mês.

Para nos falar deste assunto esteve connosco a Dra. Rosário Farmhouse, Directora do Serviço Jesuíta aos Refugiados, autora do livro Começar de Novo – Passo a Passo com Refugiados e Deslocados, condecorada Oficial da Ordem de Mérito do Infante D. Henrique pelo Senhor Presidente da República, em Março de 2003. Um vasto currículo de dedicação e apoio aos refugiados e migrantes. Não deixe de ouvir esta entrevista!




Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Tempos houve em que a ousadia de partir para longe das suas terras era um quase exclusivo dos homens. Vimos isto no tempo das caravelas quinhentistas; verificamos o mesmo aquando da grande ‘invasão’ da América do Sul nos inícios do séc. XX; não foi muito diferente, numa primeira fase, a emigração portuguesa para a Europa central. Mas, a partir dos meados do séc. XX, as migrações mudaram de rosto e muitas mulheres entraram nesta onda das deslocações humanas. Hoje, mais que nunca, vemos em Portugal uma quantidade enorme de mulheres imigrantes, vindas dos quatro cantos do mundo, desde a China e as Filipinas, ao Brasil e ao Leste da Europa, sem esquecer as que chegam de muitos países de África.

As migrações no feminino colocam outro tipo de problemas, exigem outro tipo de acompanhamento e apoio. Não há lugar para ingenuidades e, por isso, todos percebem que uma migração feminina mal enquadrada facilmente pode degenerar em explorações fáceis, seja pela atribuição de trabalhos mal remunerados, seja pela exploração de carácter sexual onde algumas redes mafiosas operam e reduzem à completa escravidão centenas de mulheres que, muitas delas, até saíram das suas terras ao engano, assediadas por propostas de bons trabalhos e excelentes salários.

Há que apoiar muito as mulheres migrantes de forma a que todos os seus direitos sejam respeitados e vejam questões como o reagrupamento familiar resolvidas. Muitas mulheres chegam ao país de acolhimentos sós, mas precisam de, mais dia menos dia, mandar vir os seus maridos e filhos, logo que tenham as condições reunidas para tal. E, em muitos casos, as leis não favorecem a união da família.

Para muitos países, a saída de mulheres para o mundo da emigração tem sido uma graça, pelos excelentes resultados económicos e até pela abertura de perspectivas que esta nova situação permite e potencia. Em alguns casos que conheço, de mulheres imigrantes de Leste em Portugal, são elas que criam condições para lá na Ucrânia ou na Moldávia, construírem uma boa casa e, sobretudo, permitir aos filhos o acesso à escola e a condições de vida mais dignas que abrem a porta a um futuro melhor.»




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