domingo, 27 de dezembro de 2009

Presépios da Lusofonia

Diana e Rui Antunes
Em tempo de Natal, fomos procurar saber como se vive a grande festa da família nos vários países lusófonos. Em estúdio estiveram dois Leigos Missionários da Consolata que se casaram em Julho de 2008 e partiram em missão, para Moçambique, em Dezembro do mesmo ano, a Diana e o Rui Antunes. Não deixe de ouvir a experiência deste jovem casal.




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sem-Abrigo: como dar a mão?

Faltam poucos dias para o Natal. A agitação anda nas ruas, os meios de comunicação social lançam campanhas de solidariedade e toda a gente sente que tem de ajudar e partilhar com quem mais necessita. O problema é que estas pessoas não necessitam apenas uma vez por ano. Há muita gente a precisar de uma mão amiga e de uma palavra de conforto.
Ana Moreira
O Luso Fonias de 19 de Dezembro esteve à conversa sobre os sem-abrigo, sobre como podemos dar a mão a estas pessoas e ajudar na sua reintegração social. Não perca a entrevista à Dra. Ana Moreira, Vice-presidente do Conselho Fiscal do CASA - Centro de Apoio ao Sem-abrigo.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O fenómeno dos sem abrigo é um dado assumido por todas as grandes cidades. De uma forma mais ou menos organizada, todos tentam combatê-lo, encontrando soluções para quem vive na rua, por opção, por consequência da perda de todos os bens ou por desenquadramento social. Rios de tinta já correram nas universidades, câmaras municipais, organizações humanitárias, congregações religiosas sobre as razões profundas que deixam na rua tanta gente e, sobretudo, acerca das iniciativas a tomar para que este drama tenha uma solução que parece muito difícil de encontrar.

Entre os sem abrigo das grandes cidades europeias, encontramos muitas pessoas que foram mais ou menos expulsas das suas famílias, não têm trabalho e estão claramente à margem da sociedade. A droga, o álcool, a dificuldade de assumir um trabalho com regularidade, alguns distúrbios psicológicos... tudo serve de razão para considerar a rua como residência permanente.

Durante o tempo mais quente, o sofrimento deles não incomoda tanto a quem passa e os vê deitados debaixo dos prédios, às portas das garagens ou em cima dos respiradouros do metro. Mas, na dureza dos invernos europeus, dói vê-los enrolados em cobertores e mais cobertores, ladeados da sua garrafa de álcool, a tentar sobreviver a mais uma noite. É que, para os sem abrigo, cada dia que nasce é um livro branco que eles não sabem bem como escrever.

Mas há que dizê-lo, boa parte das pessoas não olha para este drama com desprezo e apatia. Há muitas instituições que foram nascendo para tirar da rua os que querem e vão reunindo condições para tal. Mas, respeitam sempre as opções de vida de cada um e há quem esteja na rua por opção e não se integre em nenhuma instituição nem seja capaz de aceitar regras de espécie alguma. Para todos há propostas de resolução para os problemas que é urgente resolver. Para quem quer manter-se na rua, há equipas de voluntários que percorrem as cidades de lés-a-lés e dão refeição, roupa e fazem alguns tratamentos.

Há que ir ao fundo do problema. Os sem abrigo existem porque as sociedades não são tão humanas nem tão fraternas como deveriam ser. Colocam, com as suas regras de jogo, muita gente de fora. Por isso, uma solução global exige mudanças de mentalidade e de cultura. Às portas do Natal, multiplicam-se os eventos onde os mais pobres são protagonistas. É bom, mas é pouco. O ideal é continuar a lutar para que as desigualdades sociais não sejam gritantes e para que a exclusão seja apenas palavra de dicionário. Há um longo caminho a percorrer...»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Os sem-direitos

«Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade» é o que nos diz o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que celebrou 61 anos a 10Frei Michael Daniels de Dezembro. Uma data que o Luso Fonias de 12 de Dezembro mais uma vez relembrou, alertando para a importância de dirigir a sociedade para um caminho de liberdade, justiça e paz no mundo.

Não perca a entrevista ao Frei Michael Daniels, consultor da Organização das Nações Unidas e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau, que nos deu um testemunho da realidade guineense e falou do trabalho que tem realizado junto dos presos de Bissau.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Foi em Paris, há 61 anos, que nasceu a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovados pela ONU, em Assembleia Geral. Daí para cá, a missão de os dar a conhecer e fazer cumprir foi fazendo o seu caminho, mas o mundo ainda está longe de os ver respeitados e vividos. Por isso, ano após ano, no dia 10 de Dezembro é Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Diante da Declaração de 1948 (pouco depois de acabadas as atrocidades da II Grande Guerra Mundial), as opiniões dividem-se: há quem a considere um instrumento perfeito para que o mundo inteiro veja a dignidade das pessoas reconhecida e respeitada; mas há também quem a considere uma arma do ocidente a impor padrões de moral e de cultura aos outros cantos do mundo. De qualquer forma, já ninguém lhe tira um mérito: o de obrigar, em termos teóricos, os governantes do mundo a respeitar um conjunto de valores que se tornaram património moral da humanidade.

Por isso, acho que o grande problema está agora do lado executivo. Ou seja, há muita teoria bonita, bem argumentada, mas as práticas quotidianas, por esse mundo além, continuam a deixar muito a desejar. Há muita gente a quem são negados os direitos mais elementares, desde o acesso à alimentação, á escola, aos cuidados básicos de saúde, ao trabalho, a uma habitação condigna, á liberdade de expressão, de circulação, o direito a uma nacionalidade, ao bom nome, a ser julgado com imparcialidade... enfim, tanta gente passa ao lado do respeito que a sua dignidade humana exige e não tem.

Todas as formas de exclusão e exploração têm de ser solenemente condenadas e claramente penalizadas. Colocar-se do lado dos oprimidos da história é uma missão de alto risco, mas, igualmente, de profunda humanidade.

Aproveitemos a data para, em nome dos direitos humanos, darmos um toque mais de justiça e paz ao mundo. É uma aposta em que todos vamos ganhar.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

domingo, 6 de dezembro de 2009

As várias faces do voluntariado

A 5 de Dezembro celebra-se o Dia Internacional do Voluntário. Uma data que serviu de mote ao programa desta semana, que foi procurar conhecer as várias faces do voluntariado.

Para nos falar do que significa ser voluntário esteve em estúdio a Presidente do ConsElza Chambelelho Nacional para a Promoção do Voluntariado, a Dra. Elza Chambel, e o Presidente da Fidesco Portugal, o Dr. José Victor Adragão.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O voluntariado apresenta hoje muitos rostos. Vemos os voluntários nos hospitais, nas prisões, nos centros sociais, nos lares de idosos, nas instituições que acolhem e apoiam crianças e jovens em risco... e vemos voluntários que deixam tudo e partem... os voluntários missionários. Desculpem que só fale destes, pois com eles lido há muito tempo e por eles tenho um especial carinho e admiração que me vem do facto de perceber e acompanhar melhor a escolha que fazem, a preparação a que se submetem e o trabalho que realizam, às vezes em contextos bem difíceis nas muitas linhas da frente da Missão, aonde são enviados.

O gosto pela missão e pela partida para países longínquos continua a estar no horizonte de muitos dos jovens (e menos jovens) em Portugal. Apesar das dificuldades em arranjar financiamentos, existem no nosso país 41 entidades que promovem este tipo de iniciativas, desde congregações a ONGD que se José Victor Adragãodedicam exclusivamente à dinamização de projectos no âmbito do voluntariado missionário e da ajuda ao desenvolvimento.

Embora se verifiquem algumas variações, é notório o investimento que, anualmente, tem sido feito com vista a concretizar inúmeros projectos, com tudo o que isso mobiliza em termos de recursos humanos, materiais e financeiros. São muitas as horas de formação para uma preparação que se quer cada vez mais exigente; são muitas as mangas que se arregaçam para angariar os fundos necessários; mas são, sobretudo, muitos os sonhos de quem sente no seu coração este apelo para a missão.

Por ocasião do Dia Mundial Missionário, as Obras Missionárias Pontifícias publicaram as estatísticas referentes aos Missionários/as portugueses que trabalham fora do país: 723. Uma nota curiosa destas Estatísticas é que, pela primeira vez, as Obras Missionárias Pontifícias uniram-se á Fundação Evangelização e Culturas e, nos números, constam também os Leigos Voluntários Missionários. Há 60 que estão em Missão por um ou dois anos.

Esta Estatística aponta para alguns sinais que a Igreja portuguesa dá na sua dimensão missionária. Primeiro, garante que está viva, no que diz respeito à Missão por toda a vida: só fora de portas temos sete centenas de Missionários. Depois, abre-se uma nova página com a partida de leigos por períodos que variam entre um mês e alguns anos.

Há uma nova onda missionária que não rebenta com a antiga, mas ajuda a aumentar o dinamismo no mar da Missão hoje.»






Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

domingo, 29 de novembro de 2009

SIDA: Como erradicar o preconceito?

A 1 de Dezembro comemora-se o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. Uma data que serviu de mote ao Luso Fonias de 28 de Novembro, que focou a importância de se erradicar o preconceito que está associado a esta doença.
Teresa D'Almeida
Não perca a conversa com Teresa D’Almeida, presidente da SOL – Associação de Apoio às Crianças Infectadas pelo Vírus da SIDA e suas Famílias. Uma conversa sobre solidariedade, luz e esperança.



Na opinião do P. Tony Neves:

«A SIDA apareceu, na viragem do século e do milénio, como um grande desafio à ciência, à medicina e à sociedade. À Ciência porque é preciso investir ainda mais no estudo deste vírus, a fim de se encontrar formas de o erradicar; à medicina porque se trata de uma doença que exige, como todas as outras, de meios e métodos para diagnosticar a presença do vírus, combatê-lo na medida dos possíveis e acompanhar as pessoas que são dele portadoras; à sociedade porque se criou a mentalidade de que os portadores desta doença a contraíram através de comportamentos catalogados como negativos e, por isso, os doentes de SIDA são, em muitos casos, excluídos no plano social e até familiar.

Mais importante do que erradicar o vírus, há que erradicar o preconceito. Tenham lá contraído a doença onde quer que seja, o fundamental é olhar cada pessoa no momento e na circunstância em que está. Mais importante do que querer saber como é que alguém contraiu uma doença é perceber que caminhos palmilhar para a combater, permitindo a recuperação da pessoa.

Assim, há que continuar a investir na investigação para que se encontrem medicamentos que matem ou neutralizem os feitos do vírus do HIV. Há que criar condições para tratar todos os seropositivos, para que vivam com o máximo de dignidade e integração social e familiar. Há, claro está, que evitar comportamentos de risco, para que quem ainda não foi atingido por este flagelo possa passar-lhe ao lado. Aqui, os princípios éticos e propostas de comportamento da moral cristã ajudarão muito, caso as pessoas os queiram seguir.

Combata-se a SIDA, apoiem-se os doentes, mas não esquecemos as outras doenças e os outros doentes para quem quase ninguém olha: refiro-me à malária, à tuberculose e a outras enfermidades que vitimam milhões de pessoas por esse mundo além, mas têm o problema de quase só afectar as populações mais pobres.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O fenómeno religioso nos media

O Luso Fonias de 21 de Novembro esteve à conversa sobre “O fenómeno religioso nos media”. Fomos procurar saber se há ou não espaço nos media para o religioso e qual a importância de formar jornalistas para o tratamento da informação religiosa, para que esta não seja abordada apenas por questões institucionais ou de conflito. Em estúdio esteve António Marujo, jornalista do jornal “Público”.


António Marujo
Na opinião do P. Tony Neves:

«'Notícia não é um cão morder num homem. É um homem morder num cão’ – assim se aprende nas escolas do jornalismo, para ficar claro que o normal, o habitual, o esperado não dá razões a nenhum jornalista para escrever uma notícia que ocupe muito espaço nas páginas de um jornal, num noticiário de rádio ou televisão, num site de internet. Ora, este princípio aplica-se em cheio ao mundo do Religioso nas suas relações com os media. Fala apenas de três situações que têm feito correr rios de tinta. Comecemos pela mais dura: houve alguns casos de membros da Igreja que foram envolvidos na teia da pedofilia. Abriram-se noticiários sem conta, escreveram-se páginas e mais páginas... como se de notícias religiosas se tratasse! Para qualquer receptor mais atento, estávamos perante um caso de tribunal, mas o facto de envolver figuras da Igreja, multiplicaram o efeito da atenção dada pelos receptores e, por consequência, obrigaram os emissores a gastar mais espaço.

Em Portugal, o escritor Nobel José Saramago, lembrou-se, do alto do seu anticlericalismo primário, de escrever um livro sobre ‘Caim’, mas, mais do que isso, aproveitar o lançamento da obra para insultar a Igreja, com palavras que mostravam uma intolerância extrema. Com isto, todos holofotes mediáticos apontaram para o livro e para o autor, abrindo quase que uma guerra religiosa, concluindo Saramago que só não foi queimado pela Igreja porque a inquisição já tinha fechado as portas. O resultado final foi que a venda dos livros disparou... e pouco mais. Mas também é verdade que a Bíblia foi mais referida nesses dias que no conjunto dos últimos 10 anos!

Para acabar, queria lembrar que os Bispos portugueses reuniram em Fátima, de 9 a 12 de Novembro. Como está aceso o debate sobre o casamento dos homossexuais, a comunicação social apareceu em peso, em Fátima...só para abordar este assunto. Tudo o que era importante na agenda dos Bispos, não pareceu ter qualquer interesse para os jornalistas. Só aquele tema fracturante.

Diante disto, que pode fazer a Igreja para ter mais vez e mais voz nos media? Não me parece haver respostas de catálogo, mas há que encontrar formas de provar ao mundo que o Evangelho é uma grande notícia, cheia de novidade e impacto social. Talvez nessa altura, o fenómeno religioso tenha, nos media, direito de cidadania.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Imigrantes: um perigo social?

André Costa JorgeA imigração é um fenómeno social. No entanto, os imigrantes nem sempre são encarados da melhor forma, têm dificuldades de integração e, muitas vezes, são explorados pelas fragilidades que apresentam.



No Luso Fonias de 14 de Novembro procurámos saber se há ou não motivos para considerarmos os imigrantes um perigo social. Não perca a entrevista a André Costa Jorge, Director do Serviço Jesuíta aos Refugiados.



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

domingo, 8 de novembro de 2009

Ano Internacional da Reconciliação

O ano de 2009 foi proclamado como o "Ano Internacional para a Reconciliação", para que se caminhe para a resolução de conflitos nas sociedades marcadas pelo ódio e violência, e para que a paz seja duradoura.

O programa de 7 de Novembro esteve à conversa sobre o conceito de reconP. José Gaspar e Fátima Claudinociliação e como podemos caminhar para uma melhor convivência multicultural. Em estúdio esteve o P. José Gaspar, que foi missionário em Angola, e a Dra. Fátima Claudino, representante da Comissão Nacional da UNESCO.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Ia 2008 ainda no meio quando fui surpreendido com a oferta de um calendário dos Missionários da Consolata para 2009 cujo tema era: Ano Internacional da Reconciliação. Foi nessa altura que me apercebi que a ONU tinha tomado esta decisão, útil e oportuna em qualquer ano, atendendo à importância da reconciliação para a construção de um mundo justo e pacífico.

Curiosamente, o II Sínodo Africano, que fechou as portas a 25 de Outubro em Roma, também pegou neste grande tema, aliando-o, como não podia deixar de ser, à justiça e paz. Por isso, achei que, para este espaço, o melhor mesmo era pegar em algumas frases da densa Mensagem Final deste evento que deve marcar o continente africano e questionar o resto do mundo. Destaco, então, algumas das afirmações mais fortes:

Vivemos num mundo cheio de contradições e profundas crises (...). A situação trágica dos refugiados, uma pobreza escandalosa, as doenças e a fome continuam a matar diariamente milhares de pessoas (nº 4).

No que se refere à reconciliação, à justiça e à paz, a Igreja em África continua a contar com a solidariedade dos responsáveis da Igreja nos países ricos e poderosos, cuja política, acções ou omissões, ajudam ou podem causar e mesmo agravar a difícil situação da África. A este respeito, recordamos que entre a Europa e a África há uma peculiar relação histórica (nº11).

Às grandes potências deste mundo apelamos: tratai a África com respeito e dignidade (...) Muitos dos conflitos, guerras e pobreza em África derivam em grande parte destas estruturas injustas (nº32).

A consequência negativa de tudo isto está aí, bem patente a todo o mundo: pobreza, miséria e doenças; refugiados dentro e fora do país e no estrangeiro, a busca de pastagens frescas, a fuga de cérebros, as migrações clandestinas, tráfico de seres humanos, guerras, derramamento de sangue, não raro sob comissão, a barbaridade das crianças-soldado e indizíveis violências contra as mulheres. Como é que alguém se pode orgulhar de “governar” em semelhante situação? Onde pára o nosso sentimento tradicional africano de vergonha? Este Sínodo proclama-o claramente, alto e bom som: é tempo de mudar de atitudes para o bem da geração presente e futuras (nº37).»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caminhos de Cooperação

No Luso Fonias de 31 de Outubro estivemos à conversa sobre cooperação, sobre como podemos construir pontes entre povos e culturas, ajudando a promover o desenvolvimento sem interesses económicos e financeiros.


“Caminhos de Cooperação” é o tema deste programa, porque o trabalho em Simão Cardoso Leitãoprol do desenvolvimento é isso mesmo, um percurso que está a ser feito mais do que uma solução já pronta.


Para nos falar de algumas experiências esteve em estúdio o Coordenador de Programa da FEC na Guiné-Bissau, o Simão Cardoso Leitão.





Na opinião do P. Tony Neves:


«Participei, no Montijo, a 24 de Outubro, no XI Fórum Ecuménico Jovem. É um evento que se repete ano após ano e que sensibiliza as gerações mais jovens para a urgência da comunhão, da cooperação, da unidade. Este ano foi sobre a reconciliação, apontando cinco direcções. A reconciliação consigo próprio, com Deus, com a Igreja, com os outros e com a natureza. Embora não pareça, esta temática tem tudo a ver com os caminhos de cooperação que é urgente continuar a rasgar. Isto porque, o grande drama da humanidade continua a assentar no facto das pessoas não se considerarem irmãs e, por isso mesmo, não viverem a fraternidade como valor universal.


O mundo continua a caminhar a velocidades diferentes. Uns têm tudo e outros quase nada. Uns esbanjam e outros passam fome. Uns têm máquinas que nunca mais acabam e outros continuam mergulhados num subdesenvolvimento intolerável...


Ora, só mudando mentalidades e corações haverá espaço para uma verdadeira cooperação assente nos pilares da justiça e da fraternidade.


Olhando para as cooperações institucionais, feiras de povo para povo, percebemos logo que elas são comandadas pelos interesses e não pelo respeito que as pessoas merecem. E isso, inquina as águas de uma solidariedade internacional séria, bem como impede que haja um apoio ao desenvolvimento sustentado dos povos mais pobres.


Mas há honrosas excepções. Diversas organizações humanitárias têm feito e continuam a fazer o que podem para que, com os seus projectos, o mundo seja mais humano, mais fraterno e mais solidário, usando a estratégia de dar pão a quem precisa dele hoje e dar ‘cana e ensinar a pescar’ para que haja pão amanhã.


Os mecanismos actuais do desenvolvimento assentam em novas e caras tecnologias que não estão ao alcance dos mais pobres. Ou há uma verdadeira solidariedade internacional ou a globalização ainda vai cavar um fosso mais profundo entre quem tem e quem não tem, podem gerar conflitos que resultarão das injustiças gritantes que vão continuar a existir por esse mundo além.


Abrir caminhos de uma cooperação mais solidária é uma forma de construir um mundo assente na justiça e no respeito pelos direitos humanos.»






Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia


(menu do lado direito)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nas estantes de uma biblioteca

O Luso Fonias de 24 de Outubro contou com uma emissão dedicada aos livros, que surgiu a propósito de Outubro ser o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares. Fomos procurar perceber qual a importância destes espaços na construção das aprendizagens e crescimento dos nossos jovens.

Não perca a conversa com o professor e escritor, José Fanha, um comunicador nato que cativa qualquer ouvinte. José Fanha



Na opinião do P. Tony Neves:

«É neste Mês Internacional das Bibliotecas Escolares que rebenta uma enorme polémica à volta de um livro. José Saramago, Nobel da Literatura e conhecido pelas posições sempre venenosas contra a Igreja Católica, publicou o livro ‘Caim’, aproveitando para atacar frontalmente a Bíblia, livro que considerou um código de maus costumes. Ora, nas estantes de uma Biblioteca, a Bíblia tem de ter lugar cativo. É o livro mais lido, mais traduzido, mais vendido, mais inspirador da história da humanidade. Foi o livro que Gutenberg escolheu para imprimir em primeira lugar, abrindo uma página na grande história da imprensa. Por isso e por tudo quanto disse, a Bíblia é um livro imprescindível em todas as bibliotecas do mundo. Depois, há que apostar nos clássicos da literatura mundial. Nas estantes deve encontrar-se um bom lugar para a História, seja a universal, seja a que cada país, dando a oportunidade de cada um conhecer as raízes em que assentam a vida e as fontes onde se vai beber.

A sociologia, a antropologia, a teologia, a filosofia também devem ter lugar cativo, para valorizar o lado humano da cultura. E, não só para os mais jovens, há que dar lugar de realce à banda desenhada. Ao longo dos tempos produziram-se obras fantásticas que formam e divertem todas as gerações, tendo criado nomes com o Astérix, as personagens do Walt Disney, o Lucky Luke e tantos outros que ainda hoje fazem as nossas delícias literárias e abrem as portas da geração mais nova ao gosto pela leitura.

Claro que uma biblioteca moderna tem de ter enciclopédias... mas, sobretudo, muito espaço para o multimédia que é o suporte mais atraente para os mais novos e por onde muitos dos mais velhos já se passeiam á vontade.

Uma biblioteca humanista ajuda a crescer no conhecimento, na cultura, na humanidade. Ir às raízes, beber nas fontes, crescer na cultura é construir património, é rasgar caminhos de um futuro mais humano.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pobreza Escondida

A 17 de Outubro comemora-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Uma data que serve para reflectirmos sobre o que se passa à nossa volta, porque a pobreza pode estar mesmo na casa ao nosso lado, no nosso colega de trabalho, no nosso melhor amigo, naquela pessoa que aparentemente não tem qualquer tipo de problema.

“Pobreza Escondida” foi o tema do Luso Fonias desta semana. Não perca a entrevista a Celestino Cunha da Comunidade Vida e Paz.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O mundo, coComunidade Vida e Pazm todas as bênçãos da ONU, celebra, a 17 de Outubro, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Falta saber se é pura demagogia ou há mesmo vontade, da parte de quem pode, de investir numa luta sem tréguas para esta grande mancha da humanidade: a miséria a que estão submetidos milhões e milhões de pessoas. Por isso se compreendem campanhas como a que tem mobilizado muita gente: ‘Levanta-te e actua contra a pobreza’. Até Bento XVI convidou os crentes a unirem-se ao Dia Mundial da Luta contra a Pobreza.

Mas esta crise global gerou novas formas de pobreza, sendo a mais badalada a dita ‘pobreza escondida’ ou ‘pobreza envergonhada’. Ela chama-se assim porque afecta gente que, outrora, vivia bem e, por isso, nunca se habituará à ideia de que tem de estender a mão á generosidade dos outros, atitude que é humilhante e para a qual estas pessoas não estavam nem estão preparadas. Algumas preferirão morrer á fome a ter que pedir pão para comer. Talvez por isso, a par dos fenómenos dos bancos alimentares contra a fome, a Europa está a inventar modalidades que combatam, de forma discreta, esta pobreza escondida. A título de exemplo, no fim de Setembro, a Cáritas Portuguesa lançou o projecto de entrega de senhas de restaurante, a fim de fornecer gratuitamente refeições a quem, vitimados de surpresa pela crise, não tem dinheiro para comprar bens alimentares e também não se sente à vontade para ir buscar alimentos ao banco alimentar contra a fome ou às conferências vicentinas.

Escondida ou escandalosamente à vista, a pobreza tem de ser combatida por todos os meios, em nome dos direitos humanos. Quando os líderes de todo o mundo se reuniram na Cimeira do Milénio, a grande decisão que tomaram foi a dar as mãos e reduzir a pobreza do mundo para metade, até 2015. Assim nasceram os famosos Objectivos para o desenvolvimento do Milénio (ODM) que têm feito correr tanta tinta, mas nem por isso têm feito reduzir os índices de pobreza na maior parte do mundo. E tudo isto porque há muita hipocrisia na maneira como o mundo é governado. Enquanto a lógica do poder assentar sobre interesses, não iremos a lado nenhum. Desafio os governantes deste mundo a olharem mais para as pessoas do que para os interesses. Nessa altura, a pobreza descerá a pique e a fraternidade tomará conta de nós. Para bem de todos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Dialogar na Diferença

A emissão do Luso Fonias de 10 de Outubro foi dedicada ao diálogo, ao diálogo na diferença. Fomos procurar perceber como podemos promover a interculturalidade, o respeito e a aceitação mútua.

O Ano Europeu do Diálogo Intercultural, que se comemorou em 2008, teve como lema “Juntos na Diversidade”. E em 2009? O que mudou? Será que Bernardo Sousaestamos cada vez mais juntos? Para esclarecer estas dúvidas esteve em estúdio o Director do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), o Dr. Bernardo Sousa.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O diálogo é a arma dos fortes. Pensa-se, com frequência, que os grandes devem impor-se aos pequenos e, se não o fazem, estão a dar mostras de fragilidade. Nada mais absurdo! É verdadeiramente grande quem tem um olhar largo, quem vê mais longe e mais fundo. E esses percebem os seus limites e a riqueza que pode constituir a colaboração dos outros.

Hoje fala-se muito em diálogo. Se calhar, o grande problema é que se fala mas não se pratica o suficiente para que os resultados apareçam. Mas as experiências que se vão fazendo a este nível provam que é um caminho a seguir. Quando há uma guerra, a única solução é sentar-se á mesa e negociar a paz, na base das convicções comuns e da vontade de construir uma sociedade reconciliada. Quando as famílias não se entendem, há que reunir, analisar as razões das dificuldades e encontrar portas de saída para uma crise que pode conduzir a uma ruptura.

Também a nível político, o dialogar na diferença é um desafio a que convém responder com a prática. Um país só se constrói com a colaboração de todos os cidadãos. De mãos dadas e não de armas na mão. Assim, os partidos políticos têm a obrigação de apresentar os seus programas próprios, mas negociá-los com os adversários políticos, dando-se as mãos após a publicação dos resultados eleitorais. Só assim há democracia, só desta forma se ganha com a diferença de opiniões, perspectivas e projectos. Se cada um se refugia atrás da sua trincheira ideológica, quem sofre é o povo.

Passemos a outra dimensão onde o diálogo ganha contornos de altíssima importância: a Religião. Tempos houve em que cada comunidade religiosa se sentia senhora absoluta da verdade e, por isso, não havia qualquer espaço ao diálogo. De costas voltadas, todas as religiões de apresentavam ao povo como únicas e os seus líderes e fiéis estavam até dispostos a fazer guerra para impor a sua maneira de se relacionar com Deus. Ora, ninguém tem o exclusivo da relação com Deus e, por isso, a humildade é a única forma séria de estar na vida. Por isso, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso ganharam direito de cidadania e apresentam-se hoje como as únicas formas aceitáveis de relação com deus e das religiões entre si. De mãos dadas, as Religiões comprometem-se a dar a sua colaboração decisiva na construção de um mundo novo, mais humano e mais fraterno. Assim, as diferenças se tornam riquezas e o diálogo ganha estatuto de ferramenta essencial na relação entre as pessoas e os povos.»



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Crise Alimentar vs Crise Energética

Hoje em dia não se fala da falta de alimentos no mundo, mas fala-se da impossibilidade das populações mais pobres acederem a bens alimentares.

Na conversa do Luso Fonias de 3 de Outubro fomos procurar perceber como a crise alimentar está associada à crise energética e o «efeito bola de neve» que uma provoca sobre a outra. Não deixe de ouvir a entrevista ao responsável pela Rede África – Europa Fé e Justiça (AEFJN), o P. José P. José Augusto LeitãoAugusto Leitão.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O mundo continua marcado por injustiças gritantes que têm consequências no dia-a-dia das pessoas, sobretudo das mais pobres. Enquanto os povos da opulência esbanjam, os povos pobres passam fome; enquanto nas regiões ricas do globo muita gente entrou em pânico por causa da obesidade e tem de fazer grandes dietas e tratamentos para emagrecer, nas regiões mais carenciadas a falta de vitaminas e proteínas faz engrossar a fileira dos famintos a cuja boca o pão de cada dia não chega nunca em quantidades suficientes. Esta é, infelizmente, a imagem do nosso mundo que se tornou numa aldeia global, mas onde a justiça e a solidariedade ainda não estão assim tão globalizadas a ponto de fazer da terra um espaço de fraternidade sem fronteiras.

Mas, se a crise alimentar que afecta de milhões de pessoas por esse mundo além era já muito grave, tudo se complicou ainda mais quando entramos em crise energética e alguns governos decidiram avançar para a produção de bio combustíveis. Ou seja, optaram por transformar bens alimentares em energia alternativa ou complementar á que nos chegava dos petróleos. Com esta decisão, os alimentos tornaram-se ainda mais escassos e mais caros, para desgraça dos pequeninos e dos pobres.

Por esse mundo além, foram e são muitas as vozes que se levantaram e levantam contra esta opção. Criar energias alternativas é importante para a humanidade, mas tal não deverá concretizar-se á custa de mais miséria e mais fome na vida já muito atribulada das populações empobrecidas.

Há que medir sempre o alcance das decisões a tomar. Esta de converter comida em energia pode ser boa para quem tem a mesa farta, mas é desastrosa para quem já luta muito apenas para ter direito ao pão de cada dia.

O mundo precisa de uma sociedade civil mais forte e mais interveniente para agir nestes e noutros casos como advogados dos excluídos das nossas sociedades. Caso contrário, vencerá sempre a lógica do mais forte e, neste caso, a lei da selva vai vencer sempre. Tal constituirá uma derrota da humanidade.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

10 Anos de Luso Fonias

Na emissão de 26 de Setembro estivemos à conversa sobre os 10 anos de Luso Fonias. Inicialmente com o nome de Igreja Lusófona, fomos para o ar a 23 de Fevereiro de 1999 com uma entrevista a D. Zacarias Kamwenho sobre a “Campanha de Fraternidade – II Encontro das Igrejas Lusófonas”.



P. Tony Neves e Jorge Líbano MonteiroAlém dos 10 anos, comemoramos também 500 emissões dedicadas a temas como a saúde, direitos humanos, cooperação, interculturalidade, entre muitos outros que preenchem este magazine semanal de encontro de vozes e culturas.



Para nos falar da importância deste programa radiofónico esteve em estúdio o Dr. Jorge Líbano Monteiro, Administrador da FEC, e o P. Tony Neves, que colabora semanalmente com um comentário e que durante nove anos foi nosso editor.



Vale a pena ouvir também o comentário desta semana, que contou com o testemunho de uma pessoa muito especial para a nossa equipa, o presidente do Conselho de Assessores da FEC, Monsenhor José Alves Cachadinha.







Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Direito à Saúde

O direito à saúde é reconhecido por todos e está expresso na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Mas, em pleno século XXI, ainda assistimos a uma boa parte da população mundial que não tem sequer os cuidados básicos de saúde. Que medidas deverão ser tomadas para que todos tenham acesso à saúde?

Rui Portugal
Não deixe de ouvir o Luso Fonias de 19 de Setembro com uma entrevista ao Dr. Rui Portugal, Presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.





Na opinião do P. Tony Neves:


«O Direito à saúde faz parte da lista dos direitos fundamentais da pessoa humana, como não podia deixar de ser. Em termos teóricos, o mundo ergue a voz, em uníssono, para apoiar esta ideia, mas, na prática, boa parte da humanidade não tem acesso sequer aos cuidados elementares da saúde. Daí que, até nos Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento, este direito lá apareça bem expresso.


O problema é sempre o mesmo: a distância entre a teoria e a prática, entre o que se diz e o que se faz é enorme. E, por esse mundo além, até em países ricos, muita gente passa ao lado de tudo quanto poderia ajudar a manter as pessoas em bom estado de saúde e, nos casos de doença, seriam bem acompanhadas. Evitar-se-iam muitas doenças e combater-se-iam com sucesso outras tantas.


Dói verificar que, por causa das guerras dos laboratórios da indústria farmacêutica, muitos medicamentos e tratamentos ficam, pelo preço, fora do alcance das populações mais pobres. Medicamentos que saem baratos na produção, ficam caros pelo preço das patentes. Há ainda o problema das desfocagens: vivemos o terror da gripe A que tem matado pouca gente, mas feito circular, em medicamentos, prevenção, planos de contingência e publicidade muitos milhões de euros. E, no entretanto, a malária, as hepatites, as pneumonias, as tuberculoses e outras doenças fora dos holofotes da comunicação social continuam a fazer razias. Mas a comunicação social, os ministérios da saúde e a indústria farmacêutica têm as baterias apontadas à gripe A…


Também o acesso aos hospitais públicos continua a ser um problema sério. Costuma dizer-se que para se estar doente é preciso ser-se rico! E é verdade, porque só quem tem dinheiro se pode dar ao luxo de recorrer a hospitais e clínicas privadas que, a preço de ouro, têm á disposição imediata todo o tipo de tratamentos. Quem adoece e pára numa urgência de hospital ou precisa de uma consulta em alguma especialidade, bem pode esperar sentado uns meses para ver o seu problema de saúde analisado... e poderá esperar muito mais por uma cirurgia ou tratamento prolongado. Há que mudar esta situação, mas ninguém ainda descobriu bem como.


Em nome do direito à Saúde, peçamos a quem governa que mude este estado de coisas. Até porque, com saúde, a sociedade é mais feliz e todos poderão trabalhar mais e melhor pelo bem comum.»






Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia


(menu do lado direito)

Quais os apoios ao desenvolvimento rural?

O Luso Fonias de 12 de Setembro foi procurar conhecer quais os apoios ao desenvolvimento rural. Que políticas têm sido implementadas para ajudar a melhorar as condições de vida das pessoas que residem em regiões rurais.


Em estúdio esteve o Eng. Rui Veríssimo Batista, Chefe de Projecto do Programa de Iniciativa Comunitária Leader +, da Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR).




Rui Veríssimo Batista
Na opinião do P. Tony Neves:


«A agricultura é a responsável pela base da alimentação das populações. Quando as economias estão de boa saúde e com boa organização, o problema alimentar nunca se coloca, porque o patamar das exigências está situado muito acima das necessidades básicas. Nestas sociedades mais ricas, a agricultura está muito desenvolvida e mesmo as populações mais pobres acabam por ter alimentos suficientes, uma vez que há excessos de produção e entidades, estatais ou particulares, que distribuem o pão de cada dia aos que o não têm sobre a sua mesa.


O mesmo não se pode dizer das sociedades mais pobres e desorganizadas onde a fome impera e há uma necessidade urgente de ajuda humanitária para garantir a sobrevivência dos mais desfavorecidos. Quando a pobreza ataca, há uma tendência de fuga para as grandes cidades, onde as oportunidades que se procuram se transformam, na maioria dos casos, em tragédia. Desenraizadas e desesperadas, as pessoas tentam tudo para sobreviver, entram em esquemas mafiosos ou delinquentes, não resolvendo os seus problemas e criando ou agudizando a instabilidade e violência que caracteriza muitas das periferias pobres das grandes cidades.


Mas há soluções já testadas por alguns países. Uma delas passa pelo desenvolvimento rural que leve a fixar famílias longe das cidades e gere produções maiores que criem riqueza e aumentem a quantidade e qualidade dos bens que os campos permitem produzir. Só que este desenvolvimento no meio rural deriva de uma opção política clara de governos que queiram investir no campo, apoiando os agricultores e suas famílias. Os resultados não serão imediatos e os políticos podem não ganhar votos com decisões deste género...


Em nome dos povos mais pobres e em defesa de quantos vivem, na miséria, nas periferias das cidades, há que fazer alguma pressão para que os governos invistam numa agricultura moderna. É ainda urgente que a ajuda dos países mais ricos ao desenvolvimento dos mais pobres passe muito pela agricultura, pecuária e silvicultura, dando pão e futuro aos mais pobres. Como eu gostaria de ver Luanda, Benguela, Maputo, Beira, Rio de Janeiro, S. Paulo, Lisboa... com menos habitantes e mais qualidade de vida, sabendo que, lá mais para o interior dos países, podíamos encontrar famílias de agricultores felizes, com tecnologia avançada, a produzir toneladas e toneladas de alimentos e outros produtos agrícolas, como garantia do desenvolvimento sustentado dos nossos países. É um sonho que gostaria de ver convertido em realidade.»






Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia


(menu do lado direito)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Escola Multicultural


No LusoFonias de hoje vamos reflectir sobre a "Escola Multicultural". Vamos procurar saber como se pode educar para a diversidade e como fazer da escola um lugar de encontro de culturas.

Fique na nossa companhia e ouça a entrevista à Professora Isabel Paes do Gabinete de Educação e Formação, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).



Na opinião do P. Tony Neves:


«A celebração do Dia Internacional da Alfabetização é um excelente pretexto para reflectirmos sobre o papel da Escola num tempo marcado pela diversidade cultural. Os tempos da globalização, como se costumam chamar os nossos, exigem uma nova escola, pois lançam enormes desafios à educação de todas as gerações, a começar pelas mais novas.

Em cidades maiores, encontramos escolas que têm crianças e jovens provenientes de diferentes países, raças, cores ou etnias. Será que a sociedade está atenta a esta diversidade e tem encontrado respostas aos desafios que a diferença cultural coloca?
É urgente a promoção de um espírito académico que abra as portas a uma escola multicultural, onde não aconteça como no futebol em que há uma equipa que joga em casa e outra que joga fora, numa lógica desigual de ‘visitados contra visitantes’. Na escola, os alunos devem sentir-se todos em casa, mesmo que alguns possam ter acabado de chegar do outro canto da terra.

Esta nova maneira de olhar e organizar a educação tem de responder bem a diversas perguntas, de acordo com os intervenientes neste processo educativo. Ou seja, para que a escola seja multicultural, os alunos têm de saber o que isso implica, os professores têm que saber leccionar segundo este espírito, todos os funcionários devem entrar nesta onda... De mãos dadas e visando um objectivo comum, a comunidade académica consegue ajudar a construir uma sociedade onde todos crescem juntos, transformando a diversidade em riqueza que a todos faz crescer em humanidade e fraternidade sem fronteiras.

Numa época em que, na Europa, os estudantes regressam á escola após longas férias, este é um tempo oportuno para olhar a educação com olhos de futuro e de abertura aos tempos que correm. Noutras paragens onde o ano escolar caminha para o fim, é tempo de avaliar o percurso feito e de ajustar o que ainda não foi conseguido para que a terra se transforme na casa comum de todos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Projectos de Esperança


Durante este tempo de férias, são muitos aqueles que partem em diversos projectos de missão. Fazem-no na certeza de que o pouco que podem dar do seu tempo, pode ser essencial para transformar a vida daqueles que continuam a enfrentar graves dificuldades no seu dia-a-dia. Desta forma, a esperança de um futuro diferente torna-se presente em rostos concretos, em atitudes de mudança, em projectos de cooperação.

Para nos falar sobre “Projectos de Esperança”, mote da campanha “Agir para Desenvolver” lançada pela Fundação Evangelização e Culturas, o LusoFonias de hoje conta com a participação da Ana Patrícia Fonseca, responsável pela Plataforma do Voluntariado Missionário da Fundação e com Mário Nogueira, Director da Associação Mãos Unidas – Pe. Damião, responsável por um dos projectos que esta campanha apoia.



Na opinião do P. Tony Neves:


«O desenvolvimento verdadeiro – diz Bento XVI no seu último documento social – tem de ser integral. Ou seja, tem de atingir todas as pessoas do mundo e todas as dimensões da pessoa, sem esquecer a espiritual e moral.

A Igreja católica, através das suas instituições, tem combatido a fome, a pobreza, a falta de acesso aos cuidados de saúde, a impossibilidade de ir á escola. E cumpre esta missão apostando num desenvolvimento integral. A Fundação Evangelização e Culturas, actuando nesta linha, avançou com a campanha ‘Agir para desnvolver. Projectos de esperança’ contando com o apoio financeira de empresas, instituições e pessoas particulares a fim de levar por diante a concretização de 10 projectos de desenvolvimento.

Assim, Moçambique, Angola, Portugal, Timor –Leste seriam os países de concretização desses projectos de desenvolvimento e solidariedade. As áreas de intervenção também são plurais. O ensino é a aposta de metade destes projectos, quer na formação de formadores educativos, na construção e equipamento de bibliotecas e espaços lúdicos, na construção de internatos que permitam acolher crianças e jovens que, desta forma terão acesso á escola. A saúde também tem lugar de relevo com a criação de espaços onde se forma para a higiene, segurança alimentar, questões ambientais, puericultura, campanhas contra o HIV /Sida. Há ainda lugar para a construção de uma padaria e uma moagem, para uma aposta nas novas tecnologias da comunicação, tudo isto ao serviço de uma economia local sustentável e social.

O desenvolvimento é o novo nome da paz e a garantia de futuro para muitas pessoas que parecem estar fora de uma caminho de felicidade e de bem-estar.

Com projectos deste género, a esperança volta a ganhar lugar cativo no jogo da vida feliz.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Escravos do século XXI


Em pleno século XXI, são muitas as pessoas que não sabem o que é a liberdade e continuam a viver sob o drama da escravatura. Já com 60 anos de existência, a Declaração Universal dos Direitos do Homem continua a ser um projecto por realizar, também ele preso por interesses que violam a dignidade do ser humano.

Para nos falar sobre a escravatura nos dias de hoje, o LusoFonias conta com a participação do Director Executivo da Amnistia Internacional em Portugal, Dr. Pedro Krupenski.



Na opinião do P. Tony Neves:


«A escravatura, por esse mundo além, continua a fazer vítimas. Dizemos nós que ele já foi abolido há muito tempo, mas refinou-se e ganhou novas formas, algumas delas muito bem disfarçadas.

Aproveitando a onda da oportunidade, vou referir algumas citações do último documento social do Papa Bento XVI, ‘Caridade na Verdade’, onde ele apresenta algumas situações que constituem uma escravatura e exigir imediata libertação.

‘O desenvolvimento humano tem por objectivo fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo’ (CV, 21). Mais adiante, Bento XVI denuncia: ‘cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades. Nos países ricos, novas categorias sociais empobrecem e nascem novas pobrezas. Em áreas mais pobres, alguns grupos gozam de uma espécie de superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora. Continua o escândalo das desproporções revoltantes’ (CV, nº22).
O Papa ainda ataca a exagerada mobilidade e desregulamentação do trabalho que faz com que muitas pessoas vivam a angústia da insegurança do seu emprego e, como consequência, o risco permanente de não poder reunir as condições mínimas para sustentar a sua família, criando enorme instabilidade.

Diz o Papa mais à frente: ‘Em muitos países pobres, continua – com o risco de aumentar – uma insegurança extrema de vida, que deriva da carência da alimentação. A fome ceifa ainda inúmeras vítimas’ (CV, 27).

Sobre a violência, que gera morte, pobreza, insegurança e instabilidade, o Papa afirma: ‘As violências refreiam o desenvolvimento autêntico e impedem a evolução dos povos para um bem-estar sócio-económico e espiritual maior’. Há ainda uma condenação clara do terrorismo e do fanatismo religioso.

Voltando ao problema da pobreza, o Papa alerta para o facto dela minar a coesão social e pôr em risco da democracia, onde ela já existe.

Enfim, em pleno século XXI, a escravatura mantém-se com outros nomes: pobreza, injustiça, fome, terrorismo, doenças endémicas, analfabetismo, subdesenvolvimento, trabalho precário…. Estas e outras formas de escravatura exigem luta por uma libertação. Há que trabalhar pelas pessoas e pelo direito que têm a ver a sua dignidade respeitada.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Educar para a Cidadania


Todos sabemos da importância da educação para a construção e definição da personalidade de qualquer pessoa. Por isso, numa sociedade cada vez mais global e mais exigente, torna-se urgente fomentar junto das camadas mais jovens, um verdadeiro sentido de cidadania, que promova o bem comum e crie as bases necessárias a um desenvolvimento sustentável e equilibrado.

Para nos falar sobre cidadania à escala global, e de como é possível promovê-la junto dos mais jovens, o LusoFonias conta com a participação de Ricardo Santos, um dos responsáveis pela Associação Ad Gentes, uma ONGD ligada aos Leigos Missionários da Consolata que desenvolveu o DEL8, um concurso destinado a todos os alunos do ensino secundário e que procura dar a conhecer os Objectivos do Milénio.



Na opinião do P. Tony Neves:


«A celebração do Dia Internacional da Juventude, a 12 de Agosto, proporciona uma reflexão actual sobre a cidadania e a educação que ele exige nos tempos que correm.

As novas gerações parecem não ter lugar cativo nos dinamismos das sociedades hoje. Basta olhar para o panorama do emprego para concluir facilmente que os jovens só podem ir ocupando os poucos lugares que os adultos, por doença, morte ou reforma vão deixando livres. Também a política parece ser para gente adulta. Nota-se, talvez por estas e outras razões, que os jovens se vão alheando, pouco a pouco, dos seus compromissos de cidadãos intervenientes e responsáveis. Percebe-se que muitos não votam. A sua intervenção em organizações cívicas também não é muito forte. A pertença a grupos de solidariedade também não cativa muitos jovens. Enfim, olhamos para as escolas e universidades e ficamos um pouco assustados com a falta de motivação, o insucesso. Olhamos para os indicadores da vida social e preocupámo-nos com o aumento da violência e da instabilidade social, aí sim, com um forte colaboração das gerações mais novas.

Como educar para a cidadania? É talvez a pergunta mais importante que hoje se pode colocar à sociedade em geral e aos jovens em particular. Há que formar para os valores que devem cimentar as sociedades e estruturar a vida das pessoas. Há que investir na solidificação de perspectivas de vida que assentem sobre a liberdade, a justiça, a paz, a tolerância, o respeito pelos direitos humanos. Há que aproximar as pessoas para que se sintam irmãs e se ajudem mutuamente. Bento XVI, no seu último documento social, diz: ‘A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos’. Falta, muitas vezes, a fraternidade entre povos e pessoas.

A educação para a cidadania deve comprometer mais os jovens em projectos sociais e de desenvolvimento. Há muitas Organizações que realizam projectos de solidariedade, contando com o apoio e o envolvimento dos jovens. Ser cidadãos do mundo obriga a partir ao encontro de quem mais precisa, com esta convicção de que a terra é grande, mas somos todos irmãos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Saber comer - o papel da Família na alimentação


Uma alimentação saudável está na base de um crescimento equilibrado das nossas crianças. No entanto, na correria do dia-a-dia nem sempre se consegue ter tempo e disponibilidade para preparar uma refeição completa que vá ao encontro das necessidades básicas. E em tempo de crise, aumenta exponencialmente o número de famílias que não dispõem de recursos financeiros suficientes para darem aos seus filhos os alimentos mais simples e mais necessários.

Para nos falar sobre como se deve comer e qual o papel da família na alimentação, o LusoFonias conta com o contributo de Luís Santos, Secretário da Direcção da Associação de Doentes Obesos e ex-Obesos de Portugal.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Perdi sete quilos nos últimos seis meses. Para boa parte dos europeus e de outros ricos deste mundo, o que me aconteceu seria uma graça enorme. Só que eu já estava magro e assim fiquei pior. Mas uma parte da humanidade tem problemas sérios de saúde porque come demais e está obesa.

Não é por acaso que os meios de comunicação social falam hoje muito de alimentação. Propõem dietas saudáveis, denunciam a chamada ‘comida de plástico’, tentam educar as pessoas para uma alimentação que não peque nem por excesso nem por defeito. Isto, entre os mais ricos das nossas sociedades.

Entre os mais pobres e acerca deles, o discurso é outro. A fome continua a fazer razias por esse mundo além. A subnutrição é um problema muito sério com consequências desastrosas a todos os níveis. Quando o dinheiro não chega para a comida, muito menos será suficiente para permitir ir à escola, ter uma casa condigna. As desgraças andam sempre todas juntas.

A família desempenha um papel decisivo nas questões alimentares. Tal acontece em caso de abundância como em caso de penúria. Há que investir na educação para a alimentação. Temos que evitar, a todo o custo, que haja desperdícios de comida em casa de quem tem demais e haja fome em boa parte das mesas da humanidade. O saber comer é uma arte que pode revolucionar o mundo, permitindo mais partilha e solidariedade. Provam as estatísticas que a fome não é fruto da falta de alimentos. É, antes, o resultado da sua péssima distribuição, pois enquanto uns esbanjam outros morrem pela sua falta.
Criemos, pela educação, mais justiça distributiva e todo o mundo estará melhor. Sobretudo, todos nos sentiremos mais irmãos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Saúde Materna


Foi lançado recentemente o último relatório da UNICEF que nos dá conta da Situação Mundial da Infância 2009. De acordo com este documento, continuam a verificar-se um pouco por todo o mundo inúmeras situações onde a dignidade do ser humano é colocada em causa. Na sua fragilidade, são as crianças as primeiras a sentir os efeitos das guerras, das doenças, da fome e de outros dramas que continuam a fazer parte do dia-a-dia de tantos países.


Para nos falar sobre os resultados deste relatório e nos explicar o porquê da humanidade continuar a viver dramas como este, o Lusofonias de hoje conta com a participação da Dra. Helena de Gubernatis do Comité Português para a UNICEF.



Na opinião do P. Tony Neves:


«A saúde materna é uma das grandes conquistas dos últimos tempos, á escala do mundo. Conseguir acompanhar a maternidade, corrigir alguns problemas de saúde que surjam durante a gravidez, ter condições para um parto excelente (normal ou por cesariana) e acompanhar os primeiros tempos da criança nascida... é o que quase todas as mulheres conseguem fazer bem nos contextos onde as economias estão de saúde. Uma das consequências positivas é o facto de quase já não haver mulheres a morrer de parto e da maioria absoluta das crianças sobreviverem aos primeiros anos de vida.


O problema é que isto não acontece assim em todo o mundo. Em muitos países, o estado da Saúde ainda é muito grave, as condições de vida das pessoas são más e os cuidados a que as grávidas têm acesso são quase nulos, com consequências desastrosas: elas não são acompanhadas, os partos são tradicionais, as vacinas quase não existem e, como consta no último relatório da UNICEF sobre o estado da infância no mundo, ainda há muitas mulheres que morrem de parto, muitas crianças que não resistem aos primeiros anos de vida, por falta de condições.


‘Mais justiça’ à escala do mundo é uma exigência de humanidade. Não faz sentido que haja cidadãos de primeira e de segunda, que uns tenham tudo e outros quase nada. Bento XVI, na sua encíclica social, fala de um desenvolvimento humano integral que atinja todas as dimensões da vida das pessoas e chegue a todos. Daí que ‘os povos da fome continuem a dirigir-se hoje, de modo dramático, aos da opulência’, a clamar por mais justiça. Diz ainda o Papa que o subdesenvolvimento tem como causa a falta de fraternidade entre os povos.


Apostar na melhoria de condições de vida aos mais pobres é a forma mais óbvia de melhorar a saúde materna e infantil. Assim se prepara um futuro saudável e com vida.»


Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

As Crianças e os Media

Dra. Manuela Botelho, Associação Portuguesa de Anunciantes
Os meios de comunicação social estão presentes no nosso quotidiano desde tenra idade. Os mais novos passam cada vez mais tempo a ver televisão ou a usar a internet. Assim, também eles são alvo das várias estratégias da publicidade. Neste sentido, torna-se necessário formar as camadas mais jovens para lhes fomentar um espírito crítico em relação a toda a informação que lhes é transmitida.


Para nos falar sobre a importância da publicidade na vida das crianças e de como é possível educar o seu espírito crítico, o LusoFonias conta com o contributo da Dra. Manuela Botelho, Secretária Geral da Associação Portuguesa de Anunciantes, responsável pelo Programa Media Smart, um programa de literacia sobre a publicidade destinado a crianças.



Na opinião do P. Tony Neves:


«As crianças, hoje, na Europa, até parece que já nascem a mexer em máquinas. Muitos brinquedos são simulações de telemóveis, de Play-stations, de ipods e outras maquinarias que provam que o mundo vive numa era de comunicações. Depois, quando entram no primeiro ciclo começam a ter acesso aos computadores, com o famoso ‘Magalhães’ a dar uma ajudinha. Isto já para não falar da televisão que todos têm nos quartos, com um bom leitor de DVD que permite ver, dia e noite, os melhores filmes de banda desenhada. Daí que todos conheçam e adorem o Noddy, o Bob Construtor, o Shreck e toda a antiga equipa da Disney, da família do Tio Patinhas.
Hoje, os peritos em educação questionam-se acerca do real impacto dos médios de comunicação sobre as crianças. Até que ponto ajudam a construir a personalidade e cimentam valores de humanidade nas novas gerações.


Há ainda o problema sério do impacto da publicidade nas crianças. Percebemos que muitos dos reclames estão direccionados para elas e são feitos de tal maneira que os pais têm dificuldades de negar aos filhos o que a publicidade propõe que se compre ou se use.


Daí que, em nome de uma educação sadia e integral, há que investir muito na educação para a utilização dos media por parte das crianças. È bom que elas cresçam na aprendizagem destes meios, mas também é necessário que se saibam defender das suas investidas. E quando acontece que gente mafiosa usa as novas tecnologias da comunicação para assediar e, como consequência, surgiram casos de abuso sexual e mesmo de morte, aí há que encontrar formas dos pais poderem acompanhar melhor a utilização perigosa destas tecnologias por parte dos mais novos.


Que os media têm uma grande capacidade de ajudar a crescer e educar ninguém tem dúvidas. Mas que trazem alguns perigos á mistura, também é certo, e, por isso, é urgente aliar incentivo e cautela, para potenciar tudo quanto é positivo e afastar tudo quanto estraga o futuro das nossas crianças.»


Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

terça-feira, 21 de julho de 2009

A criatividade como motor de desenvolvimento

Prof. António Câmara
O presente ano foi nomeado como o Ano Europeu da Criatividade e da Inovação. Em ambiente de crise, torna-se urgente para qualquer sociedade encontrar soluções criativas que impulsionem a economia e que vão ao encontro das necessidades das pessoas. Por isso, o Lusofonias de hoje procura compreender a importância da criatividade no contexto do desenvolvimento global.

Para nos falar sobre este tema, o LusoFonias conta com o contributo do Professor António Câmara, Professor Universitário e Director Geral da Y-Dreams.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Bento XVI acaba de publicar um documento importante sobre o desenvolvimento. Ouso destacar algumas das passagens mais significativas:

‘O amor é uma força extraordinária que impele as pessoas a comprometerem-se, com coagem e generosidade, no campo da justiça e da paz’.

‘Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade’.

‘Ama-se tanto mais eficazmente o próximo quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais’.

‘O desenvolvimento autêntico deve ser integral, quer dizer, deve promover todos os homens e o homem todo’.

A cauda principal do ‘subdesenvolvimento é a falta de fraternidade entre os homens e entre os povos. A sociedade, cada vez mais globalizada, torna-nos vizinhos mas não nos faz irmãos’.

O objectivo principal do desenvolvimento era, para Paulo VI, fazer sair os povos ‘da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo’. Hoje, em muitos países pobres, ‘a fome ceifa ainda inúmeras vítimas Eliminar a fome no mundo tornou-.se, na era da globalização, também um objectivo a alancar para precaver a paz e a subsistência da terra’.

‘Na época da globalização, a actividade económica não pode prescindir da gratuidade que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum, em seus diversos sujeitos e actores’ – escreveu Bento XVI nesta encíclica social.

Em tempo de crise económica e financeira, o desenvolvimento, para que seja humano e integral, tem de assentar sobre valores de fundo: a justiça e o bem comum. A criatividade é exigida para que as boas teorias sem convertam em práticas que construam mais solidariedade e fraternidade. Bento XVI aponta caminhos. Há que percorre-los.»


Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jogos da Lusofonia

Dr. João Ribeiro
O desporto sempre foi ao longo da história, um espaço de encontro entre povos e culturas. Para além da competição que marca os ambientes desportivos, testemunhamos também a alegria e o entusiasmo que as diversas modalidades criam, quer entre atletas, quer em todos aqueles que directa ou indirectamente participam nas grandes festas do desporto mundial.

Para nos falar da importância do desporto no espaço lusófono, o LusoFonias de hoje conta com o testemunho do Dr. João Ribeiro, Director Executivo da Organização dos Segundos Jogos da Lusofonia.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Lisboa acolhe, de 11 a 19 de Julho, os 2º Jogos da Lusofonia. O lema diz tudo ou quase: ‘A união é mais forte que vitória’, sugerindo aos participantes muito fair Play e capacidade de aproveitar esta oportunidade para conhecer mais e melhor pessoas que falam a sua língua, a nossa.

O desporto é, com estes Jogos, colocado ao serviço de mais comunhão. Necessitamos, enquanto lusófonos, de nos conhecermos melhor e, para tal, é urgente que nos encontremos mais, que nos abracemos como irmãos, que partilhemos a riqueza da nossa diversidade.

O espaço lusófono é um arco-íris de povos e culturas onde a língua oficial comum e alguns períodos da história nos aproxima. É verdade que na relação entre todos nem sempre o respeito foi o valor mais vivido. Mas, lavada a história e purificada a memória, há que ver os aspectos positivos e as portas que se abriram. Esta, a de uma comunhão mais forte, pode e deve ser capitalizada por todos.
Antes de mais, queria saudar a organização pela iniciativa. É verdade que estamos em crise e custa dinheiro lançar um projecto destes. Mas é importante que a crise não nos feche e nos ponha a rodar á volta do nosso umbigo enquanto esperamos melhores dias. Valores como o da comunhão e da partilha fraterna merecem todo o nosso investimento.

Há uma aposta clara no fair-play, valor que parece estar cada vez mais arredado dos meios desportivos, a medir por eventos tristes dos últimos tempos. Neste Jogos, o ganhar não é essencial, como bem diz o lema, pois a união é mais forte que a vitória.
Este evento pode aproximar mais povos e culturas que a geografia afasta. O desporto pode ser um excelente elo de união pois, independentemente das raças, culturas ou distâncias geográficas que nos separem, todos sabemos jogar futebol, basquete, voleibol e muitas outras modalidades que fazem parte do programa destes 2ºs Jogos da Lusofonia.

Num vídeo que se vê no youtube, Inês Barroso deixa um depoimento que faz reflectir. Coloca o desporto ao serviço de mais união e formula um voto final: ‘que todos saiamos mais ricos como seres humanos’. Faço meus estes votos, em nome de uma sã e frutuosa lusofonia, capaz de construir pontes entre povos e culturas que se exprimem na língua portuguesa.»



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Cultura e Cooperação

Dra. Margarida Abecassis
A Lusofonia é um espaço muito rico em termos culturais. Numa mesma língua encontram-se povos geograficamente distantes e com costumes bastante diversificados. Esta pluralidade uma partilha e um cruzamento de experiências e saberes que favorece e promove o desenvolvimento à escala global.

Para nos falar de cultura no espaço lusófono, o LusoFonias de hoje conta com a presença Dra. Margarida Abecassis da Fundação Calouste Gulbenkian.





Na opinião do P. Tony Neves:


«Quem percorre um pouco o espaço lusófono percebe, imediatamente, que há muito que nos une, mas também é fácil de entender que há traços culturais que carimbam a identidade de cada um dos nossos povos. E mais: dentro de cada país há expressões culturais que são típicas de cada região ou etnia.

Ora, o facto de termos muito em comum aproxima-nos e cria laços que nos unem. Mas a grande riqueza está na partilha da diversidade e, nesse aspecto, a cultura constitui um valor acrescentado para todos.

Fico sempre fascinado com as danças de ritmos africanos. Pelo movimento, pela expressão corporal, pelo colorido, pela alegria. Ora, esta dimensão cultural devia ser mais valorizado no resto do espaço lusófono. E dei apenas um exemplo entre os muitos que poderia ter escolhido. O teatro é outra das formas de arte onde a diferença de representação é enorme de país para país. Recordo sempre como em contexto de guerra e de falta de liberdade de expressão, os jovens de Angola partilhavam as suas angústias e manifestavam as suas convicções através de representações muito divertidas, mas, ao mesmo tempo, muito sérias, com avisos claros a quem mantinha uma guerra cruel.

No que diz respeito á literatura, gosto muito de ler autores lusófonos e é impressionante constatar a diferença entre os autores, no que diz respeito às histórias que contam, às personagens que escolhem, às paisagens que descrevem, às palavras que utilizam. Tudo pode e deve constituir uma grande riqueza.
E podemos falar até já de cinema ou documentários, pintura (Vieira da Silva não pinta com as mesmas cores do Malangatana...), escultura, etc.

Dada a importância da cultura como alma de um povo e porque a partilha enriquece todos, seria importante aumentar a cooperação entre os países lusófonos mais ricos e mais pobres de modo a que se apoiasse mais a produção cultural. Os governos, as fundações, as organizações não governamentais, outras instituições com carisma de mecenato...todos, de mãos dadas, deveriam fazer mais e melhor para que a alma de cada povo pudesse exprimir-se e, ao partilhar esta expressão, constituísse uma enorme riqueza para todos. Se todos podemos ganhar, há que investir por aí».


Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Propostas autárquicas para uma cooperação descentralizada

Dr. Amadeu Albergaria
Somos cada vez mais cidadãos de um mundo que não conhece fronteiras ou barreiras. Povos geograficamente distantes estão unidos por laços históricos, económicos ou culturais. Mas também são muitas as desigualdades no desenvolvimento destes diversos povos. Por isso têm-se multiplicado os projectos de cooperação na procura de um crescimento global fraterno e sustentável.

Para nos dar um testemunho de como é possível cooperar à escala global, o LusoFonias de hoje conta com a presença do Dr. Amadeu Albergaria, Vereador do Pelouro da Educação, Cultura, Desporto e Juventude da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira que tem desenvolvido inúmeros projectos de cooperação com diversos países, em particular, com a Guiné-Bissau.





Na opinião do P. Tony Neves:


«A cooperação entre povos é tão antiga como as lutas que caracterizaram e marcaram muitas relações, sobretudo, de vizinhança. Com a progressiva organização dos países, o seu relacionamento político e económico começou a constar de leis, daí o aparecimento do direito internacional.

A cooperação para o desenvolvimento é um passo mais adiantado neste processo de relação entre países e povos, quase sempre garantida pelos governos, mesmo que praticada por organizações mais restritas. A comunidade internacional, no seu teórico esforço por mais justiça á escala planetária até já legislou que os países mais ricos deviam atribuir 0,7% do seu PIB para apoiar os países mais pobres. Por enquanto, ficamo-nos pelas boas intenções o que, verdade se diga, já é alguma coisa, pois resulta de uma reflexão séria sobre a dignidade humana e um correcta relação entre os povos.

Mas o mundo pode ir um pouco mais longe neste esforço por mais justiça e fraternidade. Além dos governos (que são entidades muito altas), há outras instituições do Estado que podem e devem intervir neste esforço de descentralização da cooperação. Por exemplo, as Câmaras Municipais e até algumas Juntas de Freguesia podem, à sua dimensão, ser agentes de cooperação para o desenvolvimento. Há já em curso algumas geminações bem sucedidas e, através delas, Câmaras Municipais da Europa estão geminadas com outras de África, da Ásia ou da América Latina e estabelecem laços de cooperação que enriquecem ambas as partes envolvidas neste dinamismo de encontro e de partilha. Parece-me, pelos casos de sucesso que conheço, que esta cooperação descentralizada ainda tem muito que andar e pode oferecer mais comunhão e solidariedade. Aqui aposta-se na proximidade que só se consegue aprofundar quando os parceiros são entidades mais pequenas. Não se pode pensar em grandes obras, mas a partilha entre pessoas será mais enriquecedora e as iniciativas lançadas garantem, à partida, mais eficácia na sua concretização.

A fraternidade não pode ter limites, muito menos permite que cruzemos os braços. Mais a melhor cooperação entre povos e culturas é possível e é desejável».


Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Economia Solidária

Professor Albino Lopes
A economia está presente de uma forma directa ou indirecta na simplicidade do nosso dia-a-dia. Constantemente somos confrontados com a necessidade de gerir e articular bens ou recursos humanos, orientar a nossa acção neste ou naquele sentido, realizar ou não determinadas acções. Deste modo, todos nós somos agentes económicos e, por isso, podemos concretizar a chamada “economia solidária”.
Para percebermos melhor este conceito e a forma como ele pode de facto transformar a sociedade em que vivemos, o Luso Fonias contou com a participação do Professor Doutor Albino Anjos Lopes, do Departamento de Ciências de Gestão do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sangue: Dar pela Vida

Doutora Leonilde Outerelo
Nem sempre nos damos conta de pequenos gestos heróicos que passam despercebidos no meio da agitação da nossa sociedade. Dar sangue é um desses gestos; é um acto de cidadania que continua a salvar as vidas daqueles que mais carecem deste bem essencial para a vida humana.
Na véspera do Dia Mundial do Dador de Sangue, o Luso Fonias procura perceber a importância deste gesto generoso que beneficia toda a comunidade humana. Para isso, contamos com a participação da Doutora Leonilde Outerelo, Médica do Centro Regional de Sangue de Lisboa.




Na opinião do P. Tony Neves:


«Nunca como hoje dar sangue ajuda a salvar vidas. Nos tempos que correm, com os avanços que a medicina registou nos últimos tempos, o sangue joga um papel decisivo. Ter ou não ter sangue disponível é, em muitas situações de risco, uma questão de vida ou de morte. Quase todas as intervenções cirúrgicas são acompanhadas de uma transfusão de sangue. Com o aumento significativo de acidentes provocado por choques ou despistes de viaturas automóveis na estrada e com a construção civil e a actividade industrial a provocar muitos acidentes de trabalho, quase tudo se tenta resolver com transfusões de sangue, para compensar as perdas ocorridas nos acidentes. Por isso, o apelo a que todos sejamos dadores é constante e dar sangue tornou-se um acto de humanismo e de solidariedade, muitas vezes com consequências directas para os próprios dadores.

Por mentalidade comodista, somos tentados a só fazer aquilo que nos dá gosto ou traz resultados económicos ou afectivos imediatos. O sentido da solidariedade para com os outros nem sempre nos motiva a agir. Por isso, muita gente nunca deu sangue porque não quis ter o trabalho de ir até onde ele é recolhido. Ora, é urgente activar o nosso sentido de cidadania e responsabilidade social, pois muitas vidas (se calhar até a nossa) dependem destes gestos generosos de quem percebe que a vida e a felicidade dos outros também nos diz respeito.

Celebrar o dia mundial do sangue é também um excelente pretexto para uma reflexão séria acerca do respeito que temos ou não pelo sangue e pela vida dos outros. A violência, as atitudes irresponsáveis ao volante, o desleixo nas condições de segurança no trabalho...tudo isto faz derramar sangue e é responsável por muitas vidas que se apagam.

Dar sangue é uma obrigação cívica. Se ainda der tempo, saiamos de casa e vamos até ao centro de saúde mais próximo onde recolhem este líquido que nos corre nas veias e é responsável por ainda estarmos vivos e activos. Vale sempre a pena ser irmão».




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)