terça-feira, 14 de abril de 2009

Como sensibilizar para o Desenvolvimento?

Nos próximos dias 28 e 29 de Abril realiza-se a segunda edição dos Dias do Desenvolvimento, uma iniciativa do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), uma iniciativa do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento que procura dar a conhecer à sociedade em geral as várias organizações e iniciativas nacionais nesta área. Este ano o programa é marcado pelos temas do Combate à Pobreza, das Energias Alternativas e Desenvolvimento Económico e Sustentável, Gestão dos Recursos e Respeito pelo Meio Ambiente, Saúde e Desenvolvimento Humano entre outros.

O Luso Fonias entrevistou o Professor Manuel Correia, Presidente do IPAD, que nos falou deste evento em particular e da temática do Desenvolvimento em geral.



Na opinião do P. Tony Neves:

O desenvolvimento é decisivo para o presente e o futuro dos povos, sobretudo dos mais pobres. Daí a habitual e mais que lógica ligação entre o desenvolvimento e o combate à pobreza, sob todas as formas em que ela se esconde ou se mostra.

Portugal acolhe, a 28 e 29 deste mês de Abril, a 2ª edição dos Dias do Desenvolvimento. É apenas mais um pretexto para trazer à agenda dos políticos e meios de comunicação social este tema que merece estar sempre debaixo das luzes da ribalta, para não ser esquecido. Sensibilizar para o desenvolvimento é questão de vida ou de morte para muita gente por esse mundo além, o nosso mundo.

A cooperação entre povos é, talvez, a arma mais poderosa que se criou para combater a pobreza e dar corpo a um desenvolvimento sustentado dos países com mais dificuldades em ganhar lugar no concerto dos povos. Mas – há que denunciar com clareza – as promessas feitas pelos países ricos de atribuir 0,7º do seu pib para apoiar países em desenvolvimento ficaram sem cumprimento. Nem os mais ricos cumprem esta promessa e, por isso, o desenvolvimento de muitos povos continua a ser só uma miragem.

Na mesma linha, há que gritar bem alto que os objectivos do milénio para o desenvolvimento não podem morrer como santos propósitos dos ricos, proclamação de ocasião no momento da viragem do milénio. Parece cínico, mas é verdade: os ricos prometeram reduzir a pobreza do mundo para metade até 2015 e, mais de metade do tempo já passou e a pobreza não diminui...Algo está mal na vida dos senhores que mandam no mundo. Então não parece humanamente importante erradicar a pobreza extrema e a fome, atingir o ensino básico universal, promover a igualdade entre os sexos, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater a Sida, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental?

Estamos à espera de quê para transformar o mundo na casa de todos?



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Educação para a Mudança

A educação é um factor fundamental para a mudança e para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Na Guiné-Bissau, a Fundação Evangelização e Culturas bem como outras Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento em parceria com diversos organismos estatais portugueses e guineenses, têm desenvolvido diversos projectos no âmbito da educação com vista a promover um desenvolvimento justo e sustentável.

O Luso Fonias desta semana contou com o apoio da Rádio Sol Mansi da Guiné-Bissau que entrevistou o Dr. Huco Monteiro, ex-Ministro da Educação da Guiné-Bissau e actual membro da equipa de avaliação do impacto da Cooperação Portuguesa na área da educação, e a Irmã Beti, responsável pelas escolas de auto-gestão do Oio nas quais a Fundação Evangelização e Culturas teve uma intervenção directa.



Na opinião do P. Tony Neves:

A educação parece estar em crise. E nem sequer parece ser um problema localizado. É geral, porque a globalização a tanto obriga. Assim, por onde quer que passeemos os olhos, sobretudo nos sites da Internet, verificamos que as lutas estudantis, as greves dos professores, as queixas dos encarregados de educação vão acontecendo um pouco por todo o mundo como sinal claro de que algo anda mal no mundo da educação.

Há mudanças importantes a fazer. Antes de mais, é urgente voltar a valorizar as humanidades. Tempos houve em que estudar filosofia, literatura, história era fundamental para uma formação académica superior. Pouco a pouco, o lado prático da vida impôs-se e, com esta mentalidade, optou-se por investir em áreas que davam acesso directo a empregos bem pagos. O caso mais claro é o das informáticas que, com umas pitadinhas de matemática e muita tecnologia à mistura, atingiam o objectivo de bem manipular com os computadores e, desta forma, garantir salários chorudos e a convicção de ajudar a mudar o mundo sem compreender as pessoas, a sua vocação e a sua missão de construtores de uma terra marcada pela justiça e pela realização das pessoas que a povoam.

A Escola parece não estar hoje á altura de uma instituição que deveria formar técnicos e cidadãos. A transmissão clássica dos saberes, num tempo marcado por muita informação e pouco conhecimento processado, torna-se, para a Escola, missão quase impossível. Algo tem que mudar e depressa. Quando as instituições não respondem, é preciso ter a coragem de analisar bem as questões e encontrar caminhos que lhes dê respostas.
A educação mantém-se um desafio enorme para o mundo de hoje. Não parece apontar caminhos de futuro uma escola que apenas debita informação, esquecendo a dimensão humanista. O mundo parece farto do bombardeamento de notícias e dados que, não sendo processados, aumentam o stress mas não melhoram a humanidade.

Mudar é urgente. Há que repensar a escola, em todas as etapas. Há que ajudar as instituições clássicas a reequacionar o seu papel social. A Educação tem de continuar a exercer a sua missão altíssima de ajudar a construir cultura, ciência e cidadania. Uma escola que não passe por aqui não é um valor acrescentado á humanidade.



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

Páscoa: um Tempo de Esperança

A Páscoa é um tempo de esperança. Numa altura em que a palavra “crise” está tão presente no nosso quotidiano eis que surge novamente a surpresa da Páscoa e que nos impele a um dinamismo de esperança.

O Luso Fonias procurou perceber como é que esta esperança se traduz em acções concretas. Para isso falámos com Sérgio Cabral dos Leigos Boa Nova, um grupo de voluntários cristãos, membros da Obra Missionária de Acção Social, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, que lançou recentemente o projecto “Age(nda) a partir de ti!”.



Na opinião do P. Tony Neves:

Ano após ano, celebrar a Ressurreição é um desafio a que é preciso dar resposta de qualidade. O cristianismo é uma religião que tem um rosto: Jesus Cristo. O Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus veio recordar-nos quatro coisas importantes: a palavra de Deus tem uma Voz: a Revelação de Deus à humanidade; a palavra de Deus tem uma casa: a Igreja, assente em quatro colunas (ensinamento dos Apóstolos, oração, fracção do pão e comunhão fraterna, como nos lembra o livro dos Actos dos Apóstolos); a palavra de Deus tem caminhos próprios: a Missão; a palavra de Deus tem um rosto: Jesus Cristo Ressuscitado. Diz a mensagem final deste Sínodo: ‘Cristo vive a existência fatigante da humanidade até à morte, mas ressurge e vive para sempre. Ele é quem faz que seja perfeito o nosso encontro com a Palavra de Deus. Ele é quem nos revela o sentido pleno e unitário das Sagradas Escrituras, pelas quais o Cristianismo é uma religião que tem no centro uma pessoa, Jesus Cristo que, na Páscoa vence todas as formas de morte e nos envia pelos caminhos do mundo a anunciar a boa notícia de que a Vida vence sempre que nós vivemos de acordo com os planos de Deus.

Ao dar uma volta ao mundo com o nosso olhar, ajudados pelos meios de comunicação social, percebemos como a Páscoa ainda está, em muitos contextos, em lista de espera, pois as forças da morte andam á solta e têm nomes próprios: guerra, fome, pobreza extrema, violência, desemprego, falta de habitação condigna, analfabetismo...
Celebrar a Páscoa obriga a reunir condições para cantar a vida. Muitas comunidades cristãs, por esse mundo além, vão mostrar na alegria dos seus rostos que a Quaresma valeu a pena e que o jejum e a oração mais intensos desembocaram numa conversão mais efectiva e numa solidariedade mais fraterna.

Neste ano em que olhamos, com uma ternura especial para o grande anunciador da Páscoa de Cristo, o missionário S. Paulo, desejo a todos os ouvintes uma Santa Páscoa.



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Como travar a tuberculose?


A 24 de Março comemorou-se o Dia Mundial da Tuberculose, uma celebração que pretendeu sensibilizar a população, a nível mundial, para uma doença que apesar de já ter tratamento ainda continua a causar a morte de vários milhões de pessoas por ano, principalmente nos países mais pobres.

Foi o tema da "tuberculose" que serviu de mote ao Luso Fonias de 4 de Abril, onde pudemos contar com a presença do Dr. Teles de Araújo, da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias




Na opinião do P. Tony Neves:

A tuberculose continua a ser, por esse mundo além, uma doença que nos envergonha. Como a malária, por exemplo. Devíamos, como humanos, cobrir a cara de vergonha porque, na maioria dos casos, a tuberculose não devia matar. Mas são milhares, todos os dias, as vítimas desta doença. A razão principal está na pobreza das pessoas que a contraem e que não têm meios para a combater. E morrem. E transmitam-na. E a pobreza degenera em miséria. E nós cruzamos os braços, sem fazer nada, ou quase. Resignámo-nos. Achamos que tem que ser. E ela continua a avançar e a fazer vítimas nas fileiras das populações mais excluídas.

Acompanhou o mundo todo a polémica levantada pela afirmação de Bento XVI de que a mera distribuição de preservativos ás mãos cheias não resolvia o problema da Sida. E quase todos esfolaram vivo o papa por ter estas afirmações consideradas atentado à vida. Nessa altura, perguntei onde andavam essas multinacionais dos preservativos e esses ministérios da saúde do norte e do sul, de mãos dadas no combate à sida e que se esqueciam de que há doenças mais mortais e mais fatais, como, por exemplo, a tuberculose e a malária, que quase ninguém ousa combater porque não são doenças ideológicas nem de ricos. Todos os que andamos pelos interiores pobres de África sabemos que o único problema é a pobreza. Os outros (e são graves) derivam desta. Por isso, não há que dar curvas se queremos atalhar bem os problemas e encontrar soluções à altura dos dramas que eles provocam.

Combater a tuberculose é uma questão delicada mas não uma missão impossível. Há que ajudar as pessoas a proteger-se com uma alimentação sadia e algumas condições de vida. Depois, se a doença vier, há que ter à mão os medicamentos adequados a este combate que, no Hemisfério Norte têm tido um alto índice de sucesso. Aqui também há mortos por tuberculose, mas, regra geral, atinge as camadas mais pobres e marginalizadas das populações. Ou então, vitima os que deixam a doença avançar demais, por incúria ou convicção de que ‘vai passar’.

A luta por mais e melhor saúde no mundo não pode ser ideológica nem interesseira. Temos que nos dar as mãos para que a tuberculose e outras doenças dos pobres sejam erradicadas. A todo o preço e a bem de todos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)