segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social

2010 foi escolhido pela Comissão Europeia como o "Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social". Estas duas realidades continuam a marcar a vida de milhões de pessoas um pouco por todo o globo. Quer em países desenvolvidos, quer em países ainda em desenvolvimento, continuamos a assistir a situações alarmantes provocadas por estes factores.

Para nos falar sobre esta iniciativa da Comissão Europeia e de todo o trabalho que tem sido feito para combater a Pobreza e a Exclusão Social, o Luso Fonias contou com a presença da Dra. Maria José Domingos, do Núcleo Distrital de Lisboa da Rede Europeia Anti-Pobreza.



Na opinião do P. Tony Neves:

««2010 é o Ano Europeu do combate à pobreza e à exclusão social. Ainda mal começou e já correm rios de tinta sobre as diversas formas de pobreza que esmagam e alguns caminhos de solução para tão grave problema. Do muito que se escreveu, gosto da perspectiva apontada por Mário Silva, Director do Centro Padre Alves Correia, que apoia imigrantes pobres e excluídos em Lisboa. Ele escreveu: ‘A pobreza é um mal porque, antes de mais, é um atentado à dignidade da pessoa humana. Os países da União Europeia decidiram que o ano 2010 seria um ano de combate a este mal e estabeleceram como objectivos:
1 - Reconhecimento do direito das pessoas em situação de pobreza viverem com dignidade;
2 - Responsabilidade partilhada e participação das próprias pessoas;
3 - Coesão, sendo que a eliminação da pobreza e a inclusão dizem respeito a toda a sociedade;
4 - Compromisso político, a nível europeu e nacional.
Com certeza que serão várias as iniciativas que serão tomadas ao longo deste ano e todos iremos ouvir falar, muitas vezes, de pobres. Contudo, a pobreza, sobretudo os pobres, continuarão a sofrer, porque a sociedade (nós todos) lhe vai roubando a dignidade a que têm direito.
Os programas de combate à pobreza que Portugal tem encetado desde a sua integração europeia têm tido resultados tão diminutos, que mais não podemos afirmar que as taxas de pobreza se vão mantendo porque, se redução houve, ela é tão diminuta que não aparece, nem nos estudos, nem na realidade que todos constatamos.
Bruto da Costa, no seu último estudo, coloca o “dedo na ferida”. A pobreza continua a ser entendida no nosso país “como fenómeno residual e periférico”. O combate à pobreza tem que estar bem no centro das políticas públicas e terá de atingir os “factores estruturais que residem na sociedade dominante”.
Mário Silva conclui de forma provocadora: “Uma manufactura produz algodão e pobres”, dizia-se na época da revolução industrial. Será que ser pobre é um “destino” de muitos? Para vencer a privação de tantos (pobres), bastaria uma transferência de cerca de 3,5% dos rendimentos de poucos (não-pobres). Irá alguma vez tal coisa acontecer?»





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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Prazer da Leitura

Ler e escrever são duas actividades básicas em qualquer sociedade. Através das páginas dos livros ou dos mais avançados recursos de comunicação, a escrita é sempre uma forma de encontro entre pessoas, culturas e saberes.

Para nos falar sobre o lugar que a escrita e a leitura ocupam no nosso quotidiano, o Luso Fonias contou com a participação da Escritora Alice Vieira, que está a comemorar 30 anos de carreira.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O Dia Mundial da alfabetização deve levar-nos longe. Antes de mais, acho urgente partir em direcção aos contextos onde a escola não funciona e, por isso mesmo, a alfabetização ainda é uma miragem para milhões de pessoas. Apostar na lógica de uma escola para todos constitui um dos pilares do desenvolvimento á escala do mundo e não é por acaso que um dos objectivos do milénio para o desenvolvimento passa por aí.
Quero acreditar que todos os governos sérios do mundo apostam forte na educação. Sendo assim, com o apoio dos países mais ricos, a escola vai, em breve, chegar a todos, sem excepção e o mundo pode subir para um outro patamar de exigências no que à educação diz respeito.
Assim, numa sociedade já alfabetizada há que ir mais longe e mais fundo. Não deixa de ser estranho que as pessoas que mais meios educativos têm sejam as que apresentam índices de gosto pela leitura mais baixos. Basta olhar para as novas gerações da Europa e América do Norte que quase não lêem, entretidas como andam nas internets e jogos de computadores. Dizer que ‘não lêem’ não corresponde bem à verdade, pois têm que ler e escrever nas redes sociais, nos mails, nas sms, as regras dos jogos... mas notícias, reportagens, romances, textos académicos ficam quase só destinados a quem tem obrigação de os ler. E isto, quer queiramos quer não, é um atentado á cultura.
Muitos governos têm criado alguns mecanismos de incentivo á leitura, mas a criação do prazer de ler exige pedagogia e disciplina. A escola tem essa missão, embora as famílias não possam ser descartadas desta responsabilidade. As muitas feiras do livro provam que se publica muito, mas, excluindo os best sellers promovidos pelas máquinas publicitárias, não se investe muito dinheiro nestas obras de literatura. E, falta saber, se o que se compra é lido.
O decréscimo das tiragens de jornais e revistas de qualidade tem sido acompanhado pela subida em flecha das edições on-line. Nada de preocupante se os conteúdos outrora impressos hoje circulassem on-line e fossem lidos nos écrans dos computadores. Em relação ás novas gerações, parece que o computador serve mais para entrar nas redes sociais do que para se formarem e informarem. Criar o prazer de ler constitui, assim, um grande desafio para os governos, para as Escolas e para as famílias. Convém não atrasar numa resposta que abra mais portas à educação e à cultura.»





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domingo, 3 de janeiro de 2010

Pobreza e Justiça Climática

As alterações climáticas afectam todos, mas não de forma igual. Os custos sociais e económicos das alterações climáticas são muito mais pesados para os países em desenvolvimento e o seu impacto é crescente. Nestes países, não só existe uma maior vulnerabilidade às alterações climáticas, como existe uma maior dificuldade de adaptação ao impacto destas alterações.

As alterações climáticas são mais do que uma questão ambiental, são uma questão dNuno Lacastae justiça e igualdade global.

É preciso começar a pensar nas alterações climáticas em termos do seu impacto nas pessoas, das suas implicações sociais, económicas e humanas.

Para nos falar de “Pobreza e Justiça Climática” esteve em estúdio o Dr. Nuno Lacasta, coordenador da Comissão para as Alterações Climáticas, director do Fundo Português de Carbono e negociador nacional na Cimeira das Nações Unidas sobre as alterações climáticas que decorreu em Copenhaga de 7 a 18 de Dezembro.



Na opinião do P. Tony Neves:

«O Dia Mundial da Paz, a 1 de Janeiro, remete-nos para um ambiente de ecologia total, com a paz com Deus, com todas as pessoas, com a natureza. Ora, a Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, realizada em Copenhaga, na Dinamarca, de 7 a 18 de Dezembro foi mais uma frustração para quem as questões ecológicas são decisivas para o presente e futuro da humanidade. As Igrejas estão conscientes da gravidade deste problema e, a 13 de Dezembro, quando a reunião estava a meio, os sinos repicaram em nome de mais Justiça Climática. Elas têm alertado para o problema de justiça global que está em jogo: as emissões de gases de efeito de estufa (como o CO2) têm origem sobretudo nos países desenvolvidos, mas o efeito nefasto das alterações climáticas atinge muito mais duramente os países mais pobres. O controlo das alterações climáticas é exigido pelo Papa Bento XVI quando, na sua encíclica ‘Caridade na Verdade’ pede que todos se empenhem mais na defesa da justiça e na solidariedade com os mais pobres do mundo. Alterar o actual estado de coisas é dar mais uma oportunidade às gerações futuras e aos povos mais vulneráveis. A Igreja está sensível a esta problemática, trabalhando pela questão ecológica em diversas frentes. Assim, cito o caso da Confederação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade (CISDE) que, em conjunto com a Cáritas Internacional lançou, para 2008 e 2009, uma campanha política com o nome de ‘Pobreza e Justiça Climática’ sob o slogan ‘vamos criar um clima para a justiça’. Esta campanha esteve focada nas duas conferências das Nações Unidas sobre as alterações climáticas agendadas para este período e que configuraram uma oportunidade para pressionar os governos a assumir um compromisso justo e efectivo para um acordo global. Em Portugal, foi precisamente a Fundação Evangelização e Culturas, produtora deste programa, quem assumiu a responsabilidade de promover este campanha. Termino com a referência tão repetida de que Deus perdoa sempre, as pessoas perdoam às vezes, mas a natureza nunca perdoa. Corremos o risco de pagar muito caro as ofensas que lhe continuamos a fazer. Há que mudar atitudes. Os governos têm de tomar a sério a luta pela defesa de um clima saudável.»





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