terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Unidade dos Cristãos

De 18 a 25 de Janeiro decorre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Uma semana criada para unir todos os anos as várias religiões cristãs espalhadas pelo mundo.

João Luís FontesPara conhecermos melhor o sentido desta semana, o Luso Fonias de 24 de Janeiro esteve à conversa com o Dr. João Luís Fontes, membro da Equipa Ecuménica Jovem como um dos representantes da Igreja Católica. Fomos procurar saber o que nos une e o que nos separa nos diferentes cultos cristãos.



Na opinião do P. Tony Neves:

«As Igrejas Cristãs até parece que fazem tréguas, durante uma semana, nas suas históricas divisões. É sempre, ano após ano, de 18 a 25 de Janeiro, na Semana da Unidade dos Cristãos. É pouco, muito pouco mesmo, este símbolo de comunhão, atendendo à gravidade do impacto do testemunho negativo que dá a divisão entre aqueles que seguem Jesus Cristo. Mas, como é sempre melhor o pouco que nada, há que valorizar esta Semana e dar tudo por tudo para que ela seja vivida com intensidade e com verdade.

Este ano, as reflexões e propostas de oração chegam-nos da Coreia, de uma comunidade onde o ecumenismo não é letra morta, mas realidade vivida ao longo de todo o ano. O tema é tirado do profeta Ezequiel: ‘Serão um só, em tua mão’. É um extracto da belíssima história que o profeta nos conta sobre a divisão e a reconciliação do povo de Israel: há dois pedaços de madeira, separados, onde estão inscritos os nomes dos reinos divididos de Israel. E, na mão de Deus, esses dois pedaços vão unir-se. Hoje, esta metáfora volta a fazer sentido porque, sobre os dois pedaços de madeira que formam a sua cruz, o Senhor da história cura as feridas e as divisões da humanidade.

O Ecumenismo tem de ser hoje, para as Igrejas, uma viagem sem retorno. Os caminhos que nos levam ao coração de Deus, à unidade, têm de ser palmilhados, quanto antes, por todos os que se dizem cristãos. É uma questão de credibilidade, é uma questão de verdade.

Por isso, há que combater com todas as armas que temos na mão e a oração é a mais forte. Mas também podemos investir noutras áreas de comunhão: reflectir juntos, trabalhar juntos pela justiça, pela paz, pelos direitos humanos; dar as mãos para a concretização dos objectivos do milénio para o desenvolvimento; combater a pobreza e todas as formas de exclusão e marginalização.

E tudo isto por uma questão de fidelidade a Cristo que, desde a primeira hora, quis que os cristãos formassem um só rebanho, conduzido por Ele, o Bom Pastor.»




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A factura da energia

“Temos que poupar energia” é uma das frases que mais se tem ouvido nos últimos tempos. Fala-se em poupar energia e ser amigo do ambiente, mas quais as vantagens de se consumir menos energia? E será que essa poupança é vantajosa para a carteira do cidadão?

Inês LimaO Luso Fonias de 17 de Janeiro esteve à conversa com a Dra. Inês Lima, Directora do Departamento de Marketing da EDP – Electricidade de Portugal, que nos falou sobre eficiência energética e explicou quais os resultados de certos comportamentos na factura ao final do mês.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Tempos houve em que, nas aldeias, vilas e cidades, as pessoas utilizavam o carvão, a lenha, o azeite e, mais tarde, o petróleo... como fontes de energia. A população era menor do que hoje e os hábitos de vida e consumo eram de poupança.

Com o evoluir dos níveis de tecnologia, o mundo dos mais ricos entrou numa nova era marcada pela electricidade e combustíveis derivados do petróleo. Ora, estes é que têm tomado conta das economias mundiais, o que se tornou uma desgraça, por duas grandes razões: a poluição que estes combustíveis provocam e a ‘chantagem’ económica e financeira que os detentores do petróleo fazem ao resto do mundo. A dependência destes derivados do chamado ‘ouro negro’ é tão grande que todas as economias do mundo se vergam diante das suas subidas e descidas de preço. E mais: a fraca aposta em energias renováveis e não poluentes (hidráulica, eólica, solar...) deve-se aos lobbies dos senhores que não querem alternativas ao produto que apresentam no mercado, custe o que custar, doa a quem doer, mesmo estragando o nosso planeta. E é bom que se saiba que, por esse mundo fora, mesmo uma grande parte da electricidade que se consome provém de geradores a gasóleo.

Estes tempos de crise têm a vantagem de nos ajudar a racionalizar todos os tipos de energia, também olhando aos custos que ela comporta às famílias, às organizações e às empresas. E tudo começa com o tipo de máquinas utilizadas, com as lâmpadas que fornecem a luz aos espaços, com a escolha de horas de mais baixo consumo para ligar máquinas de lavar e outras que gastam muita electricidade. Às vezes faz doer o coração entrar em certas instituições e reparar que todas as lâmpadas estão acesas (mesmo sem lá estar ninguém) e que há máquinas de todas as qualidades e feitios ligadas, a piscar à direita e à esquerda, sem ter uma utilidade evidente nessa hora. Costuma-se dizer, nessas ocasiões, que tal acontece porque quem paga a factura é o Estado... Mas também é verdade que nas famílias, mesmo nas mais pobres, nem sempre há uma contenção de gastos energéticos por falta de cuidado e por algum desconhecimento sobre o que cada lâmpada e cada máquina gasta realmente quando está ligada.

A União Europeia está a preparar um grande pacote de leis sobre a poupança da energia, penalizando quem abusa na sua utilização. Mas ninguém substitui ninguém neste esforço de tornar a terra mais habitável e de evitar gastos desnecessários de energia. Se, ao mesmo tempo, faz bem ao ambiente e à carteira, por que continuamos a gastar energia à toa?»




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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Heróis no Anonimato

“Heróis no anonimato” foi o tema do Luso Fonias de dia 10 de Janeiro.

Durante a infância temos os nossos super-heróis, aqueles que resistem a todos os males e que preenchem o nosso imaginário. Em adultos deixamos de P. Alberto Oliveiraacreditar nesses heróis mas desejamos ter alguns dos seus poderes, sermos invencíveis e conseguirmos resolver todos os problemas que nos surgem.

Para se ser herói não é preciso muito. O filósofo e poeta Voltaire dizia que: «As grandes coisas são muitas vezes mais fáceis do que aquilo que se pensa». Na verdade, quantos heróis não existirão à nossa volta? Pessoas que ajudam o outro sem receber nada em troca e que fazem o bem só pelo simples facto de quererem ajudar o seu próximo.

Não perca a entrevista ao Capelão do Hospital Egas Moniz, o P. Alberto Oliveira, que nos falou do trabalho realizado pelas capelanias hospitalares.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Criámos o mito das figuras públicas, geradas pela comunicação social. Então, regra geral, importantes são as pessoas que ocupam cargos de notoriedade ou aquelas que desempenham funções que estão sempre na mira dos meios de comunicação social. São referência hoje, os políticos, as figuras do chamado ‘jet-set’ que vão aparecendo nas ‘ditas’ revistas ‘cor-de-rosa’, os futebolistas mais famosos, os artistas de cinema e telenovelas, os escritores e cantores nos ‘tops’ das vendas, os ‘pivots’ dos telejornais... enfim, as pessoas que nos falam e de quem os meios de comunicação social falam.

Mas, verdade seja dita, a história é feita por muito mais gente. E há homens e mulheres que dão o que são e o que têm para que o mundo seja mais humano e, dessas e desses não se fala muito. Trata-se de gente discreta, simples, mas com um coração do tamanho do mundo, dispostos a dar tudo por tudo para que o mundo tenha alma, para que os direitos humanos sejam respeitados, para que ninguém fique fora da história.

Conheci e conheço muitos destes heróis anónimos que, cá dentro ou lá fora, dão um toque de qualidade à vida, fazem autênticos milagres nas áreas da saúde, da educação, dos direitos humanos, da ecologia, da cidadania, da fé.

Há que abrir os olhos a quem ajuda a abrir os corações. Há que mudar critérios de avaliação às práticas humanas, ultrapassando a enganadora eficiência de quem apenas produz coisas e riqueza: ajudar as pessoas a serem mais felizes, integrar quem está à margem, dar razões para viver e acreditar no futuro... é o mais importante para as pessoas. E os muitos heróis anónimos que actuam no palco discreto deste mundo da solidariedade merecem que os olhemos, respeitemos e imitemos.»




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domingo, 18 de janeiro de 2009

As bengalas da sociedade

O Luso Fonias dedicou a emissão de 3 de Janeiro, a primeira de 2009, às pessoas portadoras de Humberto Santosdeficiência.


A 4 de Janeiro comemora-se o Dia Mundial do Braille, uma celebração que nos fez reflectir sobre as barreiras e soluções que a sociedade apresenta às pessoas com limitações físicas. Não nos podemos esquecer que as pessoas com deficiência gozam dos mesmos direitos fundamentais que os restantes cidadãos, conforme estabelece o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Para nos falar dos apoios e obstáculos que se apresentam diariamente a um cidadão portador de deficiência, esteve na nossa companhia o Dr. Humberto Santos, Presidente da Associação Portuguesa de Deficientes.





Na opinião do P. Tony Neves:


«Até parece que ninguém consegue andar sem bengalas! Não me refiro, concretamente, àquelas pernas alternativas que utilizamos quando as nossas nos falham. Refiro-me, sim, a alguns apoios a que nos vamos agarrando para nos seguramos à vida no nosso quotidiano.


Há que dizer que estas bengalas não são as mesmas para toda a gente, mas há algumas que são comuns a muitas pessoas, diria mesmo, à sociedade em geral. Uma delas é a segurança: todos nos arrepiamos com a diminuição do número de polícias nas ruas, com o aumento de gente desconhecida nos círculos onde nos movemos, com a possibilidade de sermos intoxicados com alimentos fora de prazo ou mal conservados, com alguma fissura nas pontes e viadutos por onde passamos… enfim, sem segurança máxima não vivemos com a paz mínima, por isso, mesmo, este é um discurso que agrada aos políticos.


Outra bengala é a do pleno emprego: todos sentimos que é fundamental encontrar um trabalho. Infelizmente, poucos pensamos na ideia de nos realizarmos com ele ou de prestarmos um serviço público à comunidade. Pensamos, sim, em algo que dê dinheiro, limpo de impostos e taxas, de preferência. Assim, mantemos a nossa independência.
Há ainda que referir, na minha opinião, a compensação afectiva: todos queremos ter, em todos os momentos, alguém que esteja a nosso lado e que não permita vazios afectivos. Seja lá quem for e mesmo que hoje tenhamos um e amanhã outro… O vazio afectivo e emocional é que não pode ter lugar na nossa vida.


Falei só de caricaturas de opções e práticas. Sim, porque as bengalas são sempre tristes remedeios. Se falássemos em esteios, em alicerces… aí as coisas eram bem diferentes e bem melhores. E falaria também de segurança (aquele princípio que dá estabilidade e sentido à vida), falaria de emprego (aquele trabalho que vem na linha dos meus talentos, me realiza como pessoa e presta um serviço à sociedade). Falaria também da afectividade, da ternura e do amor, como valores máximos do relacionamento humano…


Desculpem-me a franqueza: a sociedade não precisa de bengalas, mas de alicerces e esteios que dêem consistência, segurança, realização e felicidade às pessoas. Não só a algumas, mas a todas.


Desejo um excelente 2009, alicerçado na Paz, na Justiça e no Amor.»







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domingo, 11 de janeiro de 2009

Migrantes: recomeçar uma vida

O último Luso Fonias de 2008, emitido a 27 de Dezembro, dedicou a sua emissão aos migrantes. Numa época de esperança e de planos para o Frei Francisco Sales Diniznovo ano, fomos procurar saber como é que estas pessoas, as que têm de abandonar as suas raízes, recomeçam as suas vidas numa outra cultura.

Não perca a conversa com o Frei Francisco Sales Diniz, Director Nacional da Obra Católica Portuguesa das Migrações.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Quando penso nos povos migrantes vem-me sempre à memória e ao coração a figura lendária de Abraão, a grande referência religiosa dos cristãos, judeus e muçulmanos. A Bíblia diz-nos que ele ouviu a voz de Deus que lhe fez um convite ousado: ‘Deixa a tua terra, a tua casa, a tua família e vai para a terra que eu te indicar’... E ele partiu...

Muitos milhares de anos depois, multidões continuam a partir. Uns por questões profissionais, porque são embaixadores, empresários, políticos, estudantes, missionários... outros porque a situação em que vivem é tão má que ousam tentar a sua sorte noutras paragens. E estes é que merecem a nossa preocupação porque vivem, muitas vezes, situações de exploração, de perseguição e, alguns deles encontram mesmo a morte antes de chegar onde pensavam encontrar condições dignas para a sobrevivência das suas famílias. O que acontece nas barcarolas que tentam, a todo o preço, atingir a Europa a partir do norte de África é qualquer coisa que belisca a consciência da humanidade.

Se aceitamos que o mundo é a casa de todos, não faz sentido a invenção de leis que me obrigam a ficar na minha casa. Todos temos o direito de sair à rua, encontrar os vizinhos e passear pelas ruas da nossa terra. Claro que, à medida que os países se estruturam, tentam organizar os fluxos de entradas e saídas, por uma questão de controlo. Mas proibir a livre circulação de pessoas parece um atentado contra os direitos humanos. E é isto que se faz um pouco por todo o mundo, impedindo que os mais pobres possam procurar condições de vida mais dignas ou até, em muitos casos, ousem sobreviver numa terra que não é a sua de origem.

Por isso, acolher os migrantes, dar-lhes vez, voz e lugar é um dever humano. E, quando há acolhimento e os migrantes se sentem em casa, todos lucram. Parece claro que os migrantes são mais valor do que peso. Há hoje países que, sem imigrantes, a economia já não funcionava. E o encontro de culturas que as migrações proporcionam também constitui uma riqueza para todos.

Em tempo de Natal, há que fazer a festa dos povos, onde todos se sintam irmãos, sem fronteiras...»




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Presépios do dia-a-dia

O Luso Fonias especial de Natal dedicou a sua emissão aos “Presépios do Dia-a-Dia”. Como podemos dar a conhecer o Menino Jesus e ajudar a que cada Leonor Amealum construa o seu próprio presépio, foi o que procurámos saber no programa de 20 de Dezembro de 2008. Em estúdio esteve Leonor Ameal da coordenação do projecto “Presépio na Cidade”.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Vem aí o Natal, com a velocidade do costume, não dando tempo suficiente para o preparar a sério. E tudo ajuda como aviso de que o Natal está à porta: as luzes que se acendem e apagam em todas as árvores e lojas; as canções cujas melodias já não enganam; a publicidade de ocasião que nos convida a comprar tudo e mais alguma coisa; o cheiro a um 13º mês de salário para podermos gastar um pouco mais que o costume. Mas, como noutras coisas e situações da vida, falta quase sempre o essencial: o presépio com o Menino que nasce na história e no coração de cada pessoa.
O presépio é das expressões plásticas mais fantásticas da história da humanidade. Tenho visto muitos, de todas os tamanhos e géneros artísticos, com sensibilidades culturais de todo o mundo. Mas, o essencial está lá: aquele menino, mais branco ou mais negro, com mais ou menos roupa, mais ou menos sorridente ali está, na simplicidade do presépio, a dizer à humanidade que chegou para ficar e que traz uma proposta de felicidade que marcará a diferença. E marcou. E marca, quando queremos aceitar o desafio das suas bem-aventuranças, a força transformadora do seu Evangelho, a coragem das suas atitudes de opção pelos pobres.

Ir até ao presépio de Belém desinstala. Basta perguntar aos magos os quilómetros que foi preciso fazer, as dificuldades que ultrapassaram, as ciladas de Herodes que tiveram que contornar. Mas ir ao presépio de Belém traz a frescura de uma visita à fonte do bem e da verdade, da justiça e da paz.

Em tempo de Natal, abramos o coração à festa desta Menino que nasce no coração da humanidade e está disposto a fazer caminho connosco, se nós quisermos, Sem forçar. Mas vale a pena a coragem de o deixar entrar nas nossas casas, de construir presépios nos nossos quotidianos. Um Santo e Feliz Natal para todos.»




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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Direitos do Homem

O Artigo 1.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem diz que «todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade».

Pedro KrupenskiO ano de 2008 foi um marco histórico. Um ano que assinalou 60 anos desde o nascimento deste importante documento que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como é que esta Declaração pode ser cada vez mais um mecanismo de protecção dos cidadãos foi o que procurámos esclarecer no programa de 13 de Dezembro de 2008, numa conversa com o Dr. Pedro Krupenski, Director Executivo da Amnistia Internacional.




Na opinião do P. Tony Neves:

«10 de Dezembro de 1948. Da II Grande Guerra Mundial (1939-1945) ainda muitas feridas sangravam. Tinha nascido a ONU (Organização das Nações Unidas) e a sua primeira missão estava a cumprir-se: a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada em Paris. Nela estavam gravados os direitos individuais e civis, os políticos e os económico-sociais. Só faltava mesmo, depois desta data, passa-los do papel à prática.

João XXIII, ao falar da Paz na Terra (1963), foi o primeiro Papa a saudar solenemente esta Declaração da ONU. Daí para cá, pareceu óbvio a todos que trabalhar pelos direitos humanos é missão da Igreja, tendo João Paulo II apostado muito nesta defesa das vítimas de todas as formas de exclusão. Merece ser chamado o ‘Papa dos Direitos Humanos’.

10 de Dezembro de 2008, 60 anos depois, é tempo de balanço. Muito caminho foi palmilhado, mas as violações dos direitos humanos continuam a fazer vítimas por esse mundo fora. Basta olhar para situações como as que se vivem no Médio Oriente, na Índia ou na República Democrática do Congo para percebermos como a Declaração assinada pelos governantes do mundo em 1948 ainda não passou do papel. Os Bispos da República Democrática do Congo tiveram de reunir com urgência (de 10 a 13 de Novembro) para exigir o fim do genocídio silencioso que se ali se pratica aos olhos de todo o mundo. Ninguém tem coragem de denunciar ou intervir porque estão em causa negócios chorudos em torno das grandes riquezas naturais do país.

10 de Dezembro de 2008. Ninguém pôde ficar indiferente a esta data. No Vaticano houve um acto comemorativo e um concerto, com o Conselho Pontifício Justiça e Paz a coordenar. Bento XVI esteve presente no acto comemorativo de reflexão e estudo com a presença dos directores da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Alimentação e Agricultura (FAO), organismos da ONU. E, antes do Concerto, foi entregue o Prémio Cardeal Van Thuan 2008 que distingue pessoas que se notabilizaram na defesa dos direitos humanos. Este ano foi atribuído a Cornelio Sommaruga, ex-presidente da Cruz Vermelha. O Prémio Cardeal Van Thuan – Solidariedade e Desenvolvimento premiou compromissos a favor de leprosos na Amazónia, de apoio à saúde no Uganda e compromissos pela integração sócio-cultural de jovens ciganos em Nápoles. Nada disto acontece por acaso, pois o Cardeal Van Thuan, vietnamita, esteve 13 anos preso, nove deles em absoluto isolamento nos campos de ‘reeducação’ do regime. A sua coragem e resistência são um hino aos direitos humanos. Falecido em 2002, é considerado um dos ‘mártires’ do catolicismo do séc. XX.

10 de Dezembro de 2008. É tempo de celebrar mas, sobretudo, há que continuar a agir.»



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domingo, 4 de janeiro de 2009

Presentes Solidários

Vivemos num tempo onde o consumo muitas vezes prevalece, mas é importante lembrarmo-nos que o verdadeiro espírito do Natal está na solidariedade e amor pelo próximo.

Daniela Costa e Emanuel OliveiraO Luso Fonias de 6 de Dezembro de 2008 esteve à conversa sobre Presentes Solidários. Fomos procurar saber como podemos lutar contra a pobreza e ao mesmo tempo viver um Natal mais solidário.

Em estúdio esteve o Emanuel Oliveira, responsável pela campanha Presentes Solidários que a Fundação Evangelização e Culturas lança pelo terceiro ano consecutivo, e a Daniela Costa, que foi voluntária em Timor-Leste e actualmente colabora com os Irmãos de S. João de Deus.



Na opinião do Pe. Tony Neves:

«As sociedades de consumo são demolidoras em relação à partilha solidária. Obrigam-nos a comprar coisas e mais coisas e o espaço para uma gratuidade verdadeira quase não existe. Mesmo algumas campanhas que nos aparecem na TV e jornais associadas a grandes empresas têm muito de interesseiro e são feitas para promover as marcas... mesmo que, por arrastamento, caiam algumas migalhas nas instituições que dizem querer apoiar.

Ora, a lógica dos Presentes Solidários lançados pela Fundação Evangelização e Culturas (FEC) é bem diferente. Quem dá, dá mesmo e oferece algo de fundamental para a vida das pessoas beneficiárias e não ganha nada, para além da alegria interior de quem sente que ajudou o mundo a ser um pouquinho mais humano e mais fraterno. E já é muito!

Desde a primeira hora, aderi a esta campanha e tenho arrastado algumas pessoas para ela. A minha comunidade tem 20 pessoas e, ano após ano, habituámo-nos à ideia de que os presentes da noite de Natal que recebemos... são para dar a quem mais precisa. E até fazemos festa com eles, uma vez que temos missionários que já trabalharam em quase todos os países lusófonos e este é um bom pretexto para lhes ser atribuída uma prenda ligada à terra onde deram o seu melhor.

Há ainda a salientar o aspecto pedagógico: se as prendas costumam ser objectos para aumentar a nossa posse e até algum egoísmo (são nossas!), os Presentes Solidários são para quem mais precisa. A sua atribuição é um pretexto excelente para tomar conhecimento de algumas situações de carência grave que afecta irmãos nossos por esse mundo fora.

Para este Natal 2008, já decidimos cá em família: vamos encomendar dois presentes de cada qualidade: duas chapas de zinco para Angola; um passe escolar para Cabo Verde; um filtro de água para o Brasil; um kit de construção para Timor-Leste; uma mochila e um estojo para S. Tomé e Príncipe; uma maleta de parto para a Guiné-Bissau e um cobertor para Moçambique. E, cá em casa, vamos ficar todos mais quentinhos neste Natal.»




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A campanha termina no Dia de Reis.



Ainda vai a tempo de encomendar o seu Presente Solidário!

O poder da imagem

O Luso Fonias de 29 de Novembro de 2008 esteve à conversa sobre o poder da imagem.


Vivemos numa sociedade onde a informação e a cultura têm um tratamento predominantemente visual. A comunicação contemporânea baseia-se sobretudo em imagens. Mas que impacto têm estas imagens nas pessoas e na sociedade em geral? Foi a esta e outras questões que fomos procurar responder na entrevista desta semana. Carlos Capucho


Em estúdio esteve o Professor Doutor Carlos Capucho, professor auxiliar na Universidade Católica Portuguesa, onde coordena a licenciatura em Comunicação Social e Cultural. Um homem dedicado ao cinema, autor do livro Magia, luzes e sombras. 1974-1999: vinte e cinco anos de filmes no circuito comercial em Portugal.





Na opinião do Pe. Tony Neves:


«Se há palavras que se prestam a ambiguidades, uma delas é mesmo a ‘Imagem’. Quando dizemos que, como pessoas, somos imagem de Deus, estamos a fazer uma das afirmações mais fortes da nossa identidade humana e cristã e damos à palavra ‘imagem’ um sentido muito positivo. Mas quando, por exemplo, dizemos que alguém só cultiva a imagem, estamos a insinuar que essa pessoa mostra aos outros ser aquilo que não é, apresentando um perfil que não corresponde à sua personalidade e à sua maneira de estar e agir na vida. Isto, claro está, é muito negativo.


Dizemos, habitualmente, que uma imagem vale por mil palavras, saindo, desta forma, em defesa da fotografia, do cinema, da televisão, pondo em segundo plano a escrita e a expressão oral. É verdade que quando só falamos ou escrevemos sobre um acontecimento ou uma paisagem muito fica sempre por dizer e o ‘olhar’ traz um valor acrescentado ao conhecimento e à sensibilidade das pessoas. Quando afirmo que algum dos meus familiares e amigos está triste, não consigo perceber a profundidade dessa tristeza sem olhar nos olhos e fazer a leitura mais profunda que as palavras escondem mas os olhos revelam.


As imagens provocam, atraem, afastam... ninguém fica indiferente. Por isso, as campanhas pelas grandes causas da humanidade usam-nas, muitas vezes até para chocar as pessoas e levá-las a agir. Sem alinhar nos sensacionalismos baratos que caracterizam muitos dos telejornais, há que dizer que imagens como as que vimos de Timor-Leste há uns anos serviram para mobilizar a comunidade internacional, o que rasgou o caminho que conduziu à independência. São apenas exemplos da força da imagem.


Estamos no tempo das imagens de marca e são muitos os logótipos que, em todo o mundo, associam um simples desenho a um carro, a um clube de futebol ou a uma empresa multinacional. Nestes tempos de crise económica e de esforço para combater todas as formas de pobreza e exclusão, procuram-se pessoas que olhem para o presépio e, vendo aquela imagem que percorre o mundo há dois mil anos, ajudem a construir um mundo mais humano e mais fraterno. Nessa altura, todos perceberemos melhor o que é ser ‘imagem de Deus’.»







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