domingo, 11 de janeiro de 2009

Migrantes: recomeçar uma vida

O último Luso Fonias de 2008, emitido a 27 de Dezembro, dedicou a sua emissão aos migrantes. Numa época de esperança e de planos para o Frei Francisco Sales Diniznovo ano, fomos procurar saber como é que estas pessoas, as que têm de abandonar as suas raízes, recomeçam as suas vidas numa outra cultura.

Não perca a conversa com o Frei Francisco Sales Diniz, Director Nacional da Obra Católica Portuguesa das Migrações.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Quando penso nos povos migrantes vem-me sempre à memória e ao coração a figura lendária de Abraão, a grande referência religiosa dos cristãos, judeus e muçulmanos. A Bíblia diz-nos que ele ouviu a voz de Deus que lhe fez um convite ousado: ‘Deixa a tua terra, a tua casa, a tua família e vai para a terra que eu te indicar’... E ele partiu...

Muitos milhares de anos depois, multidões continuam a partir. Uns por questões profissionais, porque são embaixadores, empresários, políticos, estudantes, missionários... outros porque a situação em que vivem é tão má que ousam tentar a sua sorte noutras paragens. E estes é que merecem a nossa preocupação porque vivem, muitas vezes, situações de exploração, de perseguição e, alguns deles encontram mesmo a morte antes de chegar onde pensavam encontrar condições dignas para a sobrevivência das suas famílias. O que acontece nas barcarolas que tentam, a todo o preço, atingir a Europa a partir do norte de África é qualquer coisa que belisca a consciência da humanidade.

Se aceitamos que o mundo é a casa de todos, não faz sentido a invenção de leis que me obrigam a ficar na minha casa. Todos temos o direito de sair à rua, encontrar os vizinhos e passear pelas ruas da nossa terra. Claro que, à medida que os países se estruturam, tentam organizar os fluxos de entradas e saídas, por uma questão de controlo. Mas proibir a livre circulação de pessoas parece um atentado contra os direitos humanos. E é isto que se faz um pouco por todo o mundo, impedindo que os mais pobres possam procurar condições de vida mais dignas ou até, em muitos casos, ousem sobreviver numa terra que não é a sua de origem.

Por isso, acolher os migrantes, dar-lhes vez, voz e lugar é um dever humano. E, quando há acolhimento e os migrantes se sentem em casa, todos lucram. Parece claro que os migrantes são mais valor do que peso. Há hoje países que, sem imigrantes, a economia já não funcionava. E o encontro de culturas que as migrações proporcionam também constitui uma riqueza para todos.

Em tempo de Natal, há que fazer a festa dos povos, onde todos se sintam irmãos, sem fronteiras...»




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