sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ao encontro do amor

A 14 de Fevereiro comemora-se o Dia de S. Valentim, mais conhecido como Dia dos Namorados. Em Portugal esta data está a tornar-se cada vez mais numa estratégia de vendas, num pretexto para que as pessoas gastem o seu dinheiro. E na verdade, será que este dia faz sentido? Faz sentido haver um dia para se celebrar o amor quando este deve ser celebrado todos os dias?

P. José MeloO Luso Fonias desta semana esteve à conversa sobre a importância do compromisso e do diálogo. Uma emissão que contou com a presença do P. José Melo, do movimento Schoenstatt, e de Ana Joanaz de Melo, responsável pela Pastoral dos Namorados.

Não perca também a rubrica Vozes da Lusofonia, com os testemunhos das nossas rádios parceiras sobre a realidade dos casais em terras lusófonas.



Na opinião do P. Tony Neves:

«São João da Cruz, esse grande místico, deixou-nos uma frase que nos inquieta: ‘No entardecer da vida seremos julgados pelo Amor’. E, já no longínquo século V, no norte de África, Santo Agostinho lançava o grito: ‘Ama e faz o que quiseres!’. Nenhum deles parece muito original, pois os Dez Mandamentos de Moisés já dizem que o caminho da felicidade passa por amar a Deus e ao próximo e Jesus Cristo veio carimbar esta convicção, dando ao Amor o estatuto de Mandamento Novo: ‘Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei’... indo mais longe, dizendo: ‘Saberão que sois meus discípulos se vos aAna Joanaz de Melomardes uns aos outros’!

Mas, esta reflexão por ocasião do dia dos namorados, ligado a S. Valentim, parece não vir muito a propósito. De facto, as propostas que se fazem a quem namora não têm nada ou quase nada a ver com este ideal supremo que nos é apresentado pela Bíblia e pela tradição da Igreja. Convidam-se os namorados a comprar grandes prendas, a organizar grandes saídas, a divertir-se à brava... mas raramente se propõe uma reflexão séria sobre o projecto de vida que estão a construir e sobre a dimensão espiritual sobre a qual tal projecto deve assentar e ganhar raízes e consistência. Partir ao encontro do Amor não é a mesma coisa que gozar de presença física da pessoa com quem namoramos nesta altura do campeonato. Tem de ser muito mais que isso.

Num tempo marcado pela vertigem da mudança, construir projectos que durem uma vida é remar contra ventos e marés. E tal só me parece possível se assentarem sobre o pilar indestrutível do amor. Por isso, aos namorados que acreditam em Deus lanço o desafio de viverem este dia 14 como um momento forte de acção de graças. Sim, faz sentido agradecer a Deus as pessoas que Ele coloca na nossa vida e, particularmente, aquele ou aquela com a qual, dia após dia, vamos construindo um projecto de felicidade e de eternidade. Assim, teremos a certeza de que, não só partimos ao encontro do Amor como também o Amor caminha ao encontro de nós. Só assim a nossa vida poderá terminar como os filmes antigos em que os protagonistas casavam, tinham filhos queridos e eram muito felizes, para sempre.»






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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Segurança na net

A 10 de Fevereiro comemora-se o Dia Europeu da Internet Segura, uma data que serviu de mote ao Luso Fonias do passado dia 7.

Ao longo dos últimos anos, as tecnologias de informação e comunicação têm modificado os hábitos das pessoas, tanto no seu trabalho como nas relações pessoais. Muitos de nós já não conseguem estar sem acesso diário ao e-mail. E este é apenas um dos exemplos de como a Internet veio Jorge Borgesmudar as nossas rotinas.

No entanto, é importante saber como podemos ter segurança e privacidade no uso da Internet, quais os riscos que corremos e como nos podemos proteger.

Para nos esclarecer estas dúvidas, esteve em estúdio Jorge Borges da Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas, da Direcção Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação.



Na opinião do P. Tony Neves:

«A auto-estrada da comunicação, a internet, não tem grandes polícias nem regras, pelo que tudo, ou quase tudo passa por ali. Esta é, ao mesmo tempo, a sua vantagem e um perigo. Vantagem porque todo o bem pode circular por ali; perigo porque todo o mal anda por ali á solta, ou quase. Isto, com a eterna desvantagem de não sabermos muito bem traçar a linha que separa o bem do mal, numa sociedade onde os valores quase que mudam de cabeça para cabeça e o que uns acham bem e sinal de avanço social outros podem achar criminoso (aborto, por exemplo). O P. António Rego definiu assim a internet: ‘é uma espaço, um foro, uma feira, uma expo, uma ciber-cidade, com todo o delírio de trânsito, pessoas, ofertas, procuras, compras, vendas, oportunidades, ruídos, vícios, depravações, páginas sublimes, lugar privilegiado de encontro de ideias, pessoas, jogos e afectos. Na net navega o mais nobre e o mais sórdido do que o ser humano é capaz. O ruído, o vírus e o lixo são três componentes que atravessam, a desoras, a cidade e todas as vias de comunicação virtual’ – considero esta definição do P. Rego uma das mais interessantes e abertas da internet.

Ora, a segurança, neste meio quase sem controlo, é um problema muito sério. Por vírus e outros atentados é fácil entrar nesta estrada, alterar dados, estragar programas e ficheiros, ter acesso a informação confidencial e, talvez pior que isso, seduzir crianças e adolescentes, atrai-las a lugares onde o crime andará á solta, semear o pânico nas famílias e nas sociedades.

Não defendo políticas de controlo da comunicação como a que se faz hoje na China ou em certos países Árabes, por exemplo. Ali está em causa a liberdade de expressão. Mas há que criar dinamismos que permitam perceber quando a net é utilizada para violar os direitos humanos. E aí não há que ter contemplações: é urgente agir em força para defender as pessoas e fazer a justiça possível a quem semeia o pânico e a morte nesta auto-estrada da comunicação.

Eu sou pela internet, pois considero-a um meio extraordinário de comunicação á escala do mundo. Mas também partilho a angústia de muita gente que acha que nesta nossa terra onde o bem e o mal andam de braço dado é preciso criar alguns mecanismos de segurança. É pena, mas tem que ser, para bem de todos.»




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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Lepra: ainda uma doença do século XXI

A 25 de Janeiro comemorou-se o Dia Mundial dos Leprosos, uma data que serviu para nos relembrar que a Lepra ainda é uma doença do século XXI. É uma doença já muito esquecida na Europa, mas ainda uma realidade nos países mais pobres.


O Luso Fonias de 31 de Janeiro focou a importância de nos unirmos no Sandra Figueiredocombate a esta doença, dando destaque ao trabalho dos voluntários, daquelas pessoas que dão um pouco de si para ajudar quem mais necessita.


Em estúdio esteve a Sandra Figueiredo e o Ricardo Leonardo, que foram voluntários em Moçambique pela APARF - Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau. Uma entrevista a não perder!





Na opinião do P. Tony Neves:


«A celebração do Dia Mundial dos Leprosos, no último domingo de Janeiro, toca no mais fundo da consciência da humanidade. É que, todos o sabemos, a lepra só faz vítimas entre os pobres mais pobres. Na Europa, as pessoas que contraem hoje esta doença são raríssimas e o tratamento é fácil e eficiente quando iniciado logo que surgem os primeiros sinais. Mas, em áreas do mundo onde ainda manda a pobreza, há casos de lepra de bradar aos céus: pessoas que ficam deformadas no rosto, nas mãos, nos pés, porque a doença vai minando e ninguém ajuda a combatê-la, o que seria fácil e barato. Escusado será dizer que a falta de condições dignas de vida, de alimentação e de higiene é a grande causa da sobrevivência desta terrível praga entre os humanos.

Ricardo Leonardo
Desde há muito tempo que o combate à lepra foi considerado uma causa maior pela Igreja. É conhecida a História do P. Damião que aceitou ir até à Ilha de Molokai, um espaço isolado onde eram atirados todos os leprosos. Ali morriam no mais cruel dos desesperos causados pelo abandono e pela falta de tudo. O P. Damião desembarcou ali, contra todas as indicações e conselhos, e lá partilhou o resto da vida com os leprosos, dando alento e ajudando a transformar esta Ilha da morte num espaço de vida e felicidade. Foi ali que ele morreu, também leproso. Bento XVI vai fazê-lo subir à honra dos altares ainda durante este ano.


Há numerosas associações que, pelo mundo fora, combatem a lepra e outras doenças que afectam as camadas mais vulneráveis das populações. Em Portugal, temos a Associação Portuguesa dos Amigos de Raoul Follereau (APARF) que, com este nome, presta homenagem a um homem que dedicou grande parte da sua vida à erradicação da lepra no mundo. Temos também a Associação Mãos Unidas Padre Damião que tem por padroeiro e inspirador o P. Damião de Molokai, de quem já falamos.


Ousar enfrentar e combater todas as lepras é um bom desafio para este início de ano. Mesmo que a crise abafe muitas vontades de sermos generosos, acreditemos na máxima de que é dando que se recebe. Assim fez Cristo, o mesmo tentou fazer S. Francisco de Assis. Que tal se tentássemos seguir estes modelos de fé, dedicação, humanidade e compromisso?»








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