segunda-feira, 16 de abril de 2007

Medicina rumo ao Sul

O Luso Fonias de 1 de Abril teve como tema "Medicina rumo ao Sul", um programa que surgiu a propósito do Dia Mundial da Saúde celebrado no dia 7 do presente mês. Em estúdio esteve o Dr. João Blasques de Oliveira, médico de saúde pública e director do departamento de Resposta Humanitária dos Médicos do Mundo.





Se formos ao dicionário, médico significa aquele que se formou em medicina, que por sua vez é a arte e ciência de curar ou atenuar as doenças. Mas ser médico é muito mais que esta definição. Ser médico é nunca desistir, é assegurar que todos os seres humanos têm direito a cuidados de saúde. Segundo o lema dos Médicos do Mundo, ser médico é “lutar contra todas as doenças, até mesmo a injustiça...". Na verdade, ser médico é ter sobretudo a noção de que não há doentes de primeira e de segunda. Não deixe de ouvir esta entrevista!





Segue o comentário do Pe. Tony Neves:


«Quando falamos no sul do mundo, não pensamos na Austrália nem na África do Sul. Estamos a olhar para todos os países onde a vida é difícil, a pobreza é muita e o nível de vida das pessoas é muito baixo. Na maioria dos casos, milhões e milhões de pessoas vivem em condições infra-humanas. Os indicadores que se costumam utilizar para avaliar a pobreza e a riqueza das nações tocam sempre nas áreas vitais da educação, saúde, desenvolvimento, emprego.... Ora, o sector da saúde é dos mais essenciais porque quando faltam os cuidados mais elementares, a qualidade de vida das pessoas desce em flecha. Há, por isso, que criar uma onda de solidariedade á escala do mundo que permita o acesso de todos à saúde. Dito por outras palavras, há que fazer a medicina caminhar também rumo ao sul, àqueles espaços onde ela é decisiva e a sua falta tem como consequências muitas mortes e problemas de toda a espécie.


Em termos missionários, esta é já uma grande e antiga preocupação. Muitas missionárias e missionários são formados na área da Saúde e espalham pelas terras onde andam medicamentos e cuidados. Há muitos milagres que já se fazem, a este nível, mas muito há ainda por fazer. Algumas ONGD têm investido em programas de apoio à saúde em África, Ásia e América Latina, o que tem permitido um apoio aos débeis serviços nacionais de saúde de certos países mais pobres. Formar e intervir no que diz respeito a cuidados básicos de higiene e saúde constitui um enorme desafio ao desenvolvimento dos países mais empobrecidos.


Há ainda um outro trabalho importante a fazer para que haja mais justiça e mais solidariedade. Refiro-me ao problema gravíssimo das patentes de certos medicamentos. Com o preço que é preciso pagar pelos direitos aos laboratórios, boa parte da população mundial vai continuar a morrer por falta de medicamentos que até são muito baratos a produzir. Há que criar mecanismos solidários, à escala do mundo, que permitam compensar a investigação sem impedir o acesso aos medicamentos por parte de quem não tem condições financeiras para suportar custos elevados. A pergunta mais decisiva para os pobres do nosso tempo continua a ser: é possível ou não conjugar a justiça com a solidariedade?»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)


2 comentários:

  1. Infelizmente, vivemos num mundo em que o valor da vida é deixado para trás em relação ao valor do crescimento económico e dos próprios bolsos. Cabe a nós, que sabemos como fazer bem, ajudar a que os outros percebam. Este programa é uma dessas ferramentas: mostra como fazer bem para que outros sigam o exemplo.

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  2. Estou de acordo quanto ao teor do programa cujo ´tema doi a "Medicina rumo ao Sul". Desde que estive em Angola em 2002/2003 que sou grande admirador do trabalho dos Médicos do Mundo, que prestam assistência às populações nos sítios mais isolados, e cujo entusiasmo dos seus colaboradores é uma fonte de inspiração para todos aqueles que trabalham no sector humanitário e na cooperação. Queria ainda dizer que, em visita recente à Guiné-Bissau, tive também oportunidade de constatar o magnífico trabalho que a Rádio Sol Mansi de Mansoa desenvolve ao incluir na sua programação programas que tocam vários aspectos ligados à saúde, nomeadamente a prevenção da sida. Muitos parabéns! Continuem. Radio Pega Tesu!

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