terça-feira, 26 de junho de 2007

Vícios: teimosia ou ignorância?

O Luso Fonias de 24 de Junho esteve à conversa sobre “Vícios: teimosia ou ignorância?”, um tema que surgiu a propósito do Dia Internacional de Luta contra o Abuso e Tráfico de Droga (26 de Junho), mas que teve o objectivo de falar também sobre outros vícios, como o álcool, tabaco e comida.

Normalmente definimos vício como um mau hábito que teimamos em prosseguir, algo que prejudica a nossa saúde. Na maior parte das vezes temos consciência disso, mas achamos que vale a pena correr o risco pela sensação de bem-estar que nos proporciona. Será que são mesmo vícios, algo que só com muita dificuldade conseguimos largar, ou são apenas teimosias? Será que os vícios são uma dependência física e psíquica ou são apenas uma falta de vontade e ignorância relativamente aos seus malefícios?

Para esclarecer estas e outras questões, estivemos à conversa com o Professor Doutor Daniel Serrão, Professor Catedrático Jubilado de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Membro do Comité Director de Bioética.



Segue a opinião do Pe. Tony Neves:

«A 26 de Junho, o mundo inteiro celebra o Dia Internacional de Luta contra o abuso e tráfico de droga. A luta contra as dependências com efeitos sociais tem surtido alguns efeitos, embora os ditos ‘vícios’ não sejam iguais nas consequências que trazem e nas dependências que criam. A luta contra o tabaco, por exemplo, tem sido muito branda porque se julga que a grande vítima é o fumador. Os Estados penalizam o tabaco pelos impostos que lhe aplicam e pelas restrições, em termos de área, aos fumadores. Assim, é quase consensual que não se deve fumar em recintos públicos fechados, em transportes, etc. Mas também começa a crescer o número dos que julgam que os fumadores deveriam ser punidos porque provocam doenças em fumadores passivos, ou seja, naqueles que estão perto dos fumadores e apanham os efeitos do fumo.

A questão do álcool é igualmente preocupante pelos efeitos que provoca. Hoje assume-se com naturalidade que boa parte da violência doméstica é praticada quando as pessoas estão sob o efeito do álcool. E, no que diz respeito a acidentes na estrada, a percentagem dos que acontecem sob efeito do álcool é ainda mais elevada. Por isso, há que prevenir pela educação e pelo acompanhamento, uma utilização correcta das bebidas alcoólicas.

A droga, seja ela mais leve ou mais dura, é assunto muito sério à escala do mundo. As polícias falam sempre de uma luta sem tréguas ao narcotráfico, mas, na hora da verdade, os números falam alto das quantidades de drogas consumidas e dos efeitos dramáticos sobre as pessoas toxicodependentes e sobre as suas famílias. As sociedades têm de encontrar soluções para estes problemas.

A dependência destes vícios é resultante da ignorância? Poderá ser, em alguns casos. Mas, na maioria resulta da conjugação perfeita de dois factores: a debilidade e falta de sentido para a vida por parte de quem se deixa entrar nesta teia donde dificilmente sairá; a ganância de lucro fácil e a qualquer preço por parte dos grandes traficantes. Há que investir nas duas frentes: dar sentido à vida e capacidade de resistir a quem possa ser a próxima vítima dos traficantes; manter uma luta sem tréguas ao narcotráfico e aos interesses aí instalados. Sem estas duas frentes, a batalha contra a droga não terá vencedores: só vencidos.»




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Rostos do Luso Fonias #4

Hoje apresentamos a equipa da Rádio Sol Mansi (RSM) na Guiné-Bissau, uma rádio que colabora no nosso programa desde 2002.




(da esquerda para a direita)

Graciete Brandão, técnica voluntária da FEC que dá apoio à equipa da RSM. Está grávida do seu primeiro filho. Ao lado, José Mango, responsável pela produção e assuntos religiosos.

Na fila de trás, Armando Mussa Sani, administrativo da rádio, Amadu Uri Djaló, responsável pela informação e redacção da RSM e Mamadú Saidu Embalo, da área técnica e programação.




O repórter Mamadú Saliu Mané na emissão do programa desportivo Fair Play, todas as segundas-feiras às 20h30, com assistência técnica de Gastão Nharry.




Gastão Nharry e o assistente Lassana Biai.




Bacary Sanha, produtor e realizador do programa desportivo Fair Play, com o repórter Mamadú Saliu Mané.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Batuques, Guitarras & Compª. #1

Iniciamos a rubrica dedicada à música lusófona com a mais recente revelação cabo-verdiana, Mayra Andrade.



Jovem e bonita, Mayra Andrade contagia-nos com a sua voz e ritmo. Vale a pena ouvir… e ver o vídeo Tunuca.

















Para quem está em Lisboa, poderá assistir a um concerto desta jovem cantora, por muitos considerada como a sucessora de Cesária Évora, já no dia 28 a propósito do África Festival nos jardins da Torre de Belém. Entrada livre.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

II Congresso de Educação a Distância

O II Congresso de Educação a Distância dos Países de Expressão Portuguesa terá lugar online de 25 a 30 de Junho, entre as 14h e as 24h (hora de Lisboa), sem sessões presenciais.

O objectivo desta iniciativa é a divulgação do e-learming enquanto ferramenta de formação entre a comunidade de operadores de formação profissional e formadores dos países lusófonos.

Trata-se de uma iniciativa inteiramente gratuita apenas necessitando de inscrição prévia. Para participar no evento torna-se necessário dispor de um acesso à Internet, microfone e colunas ou headset.



Saiba mais AQUI

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Presidência Portuguesa da União Europeia

Portugal assume a 1 de Julho a liderança rotativa semestral da União Europeia. Depois de já ter presidido aos destinos da Europa comunitária em 1992 e 2000, Lisboa prepara-se para substituir, política e diplomaticamente, a actual presidência alemã dos 27.

Durante a Presidência Portuguesa decorrerá a Cimeira União Europeia – Brasil, a primeira grande iniciativa desta liderança que deverá ficar marcada pela parceria estratégica entre o Brasil e a União Europeia, o mesmo estatuto que já têm os Estados Unidos, Rússia, China, Índia, Japão, Canadá e África do Sul, países com quem a União Europeia tem institucionalizado a realização anual de reuniões ao mais alto nível.

A última grande iniciativa da próxima presidência dos 27 em Portugal será a II Cimeira União Europeia – África, a 8 e 9 de Dezembro em Lisboa. A primeira reunião de alto-relevo Europa/África realizou-se, no Cairo, durante a anterior e segunda presidência portuguesa da União, no primeiro semestre de 2000.

O Luso Fonias de 17 de Junho esteve à conversa com o Dr. Francisco Sarsfield Cabral, Director de Informação da Renascença, sobre as prioridades da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. Vale a pena ouvir!



Na opinião do Pe. Tony Neves, editor do programa:

«Portugal assume a Presidência da União Europeia no 2º Semestre deste 2007, sucedendo à Alemanha. É uma responsabilidade grande que gostaria que trouxesse alguns frutos. O mais esperado é o da concretização da II Cimeira Europa – África, dado que só se conseguiu uma até agora e foi, precisamente, por ocasião da outra Presidência de Portugal. Com esta Cimeira, espero que a Europa tome posição em relação a dramas humanos e humanitários como o do Darfur. A este título, gostaria de citar o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o Eng. António Guterres, numa entrevista exclusiva à MissãoPress, Associação da Imprensa Missionária: ‘A situação no Darfur continua extremamente difícil. Continua a existir uma situação de insegurança generalizada, com violações dramáticas dos direitos humanos para a população em geral, e finalmente um grande esforço de apoio humanitário a essa mesma população (...). No ponto de vista da ajuda humanitária, de manter as pessoas vivas, garantir a alimentação e garantir até, em muitas circunstâncias, o acesso a alguns cuidados de saúde, ou até algum nível de educação. Há um esforço admirável da comunidade internacional, apoiando cerca de quatro milhões de pessoas que beneficiam desta assistência e cuja situação, e neste domínio, tem registado algumas melhorias nestes últimos meses. Mas infelizmente e em contrapartida, do ponto da protecção das pessoas e da insegurança, aí estamos perante um fracasso generalizado e por isso o risco para a segurança destas comunidades, a violação dos direitos das pessoas, casos dramáticos de morte, violação, continuam a proliferar e neste domínio todos temos que reconhecer que não foi ainda possível à comunidade internacional alterar este estado de coisas.

O que me parece indiscutível é que o grande esforço da comunidade internacional, no presente momento tem que ser de pressão sobre todas as partes, sobre o governo, sobres os vários movimentos rebeldes, para que rapidamente cheguem a um acordo de paz. E é esse clima que eu espero que uma Cimeira como esta possa ajudar a criar.

Não deixa de ser curioso que tenha havido até agora uma única Cimeira Euro – Africana, e que essa Cimeira tenha ocorrido durante a presidência portuguesa da União Europeia. A verdade é que a Europa enquanto tal, independentemente dos esforços individuais, foi até agora incapaz de ter uma verdadeira estratégia para África e um verdadeiro empenhamento para ajudar os africanos a ultrapassar as gravíssimas dificuldades que eles têm’
.

Espero que a Presidência da União Europeia não seja um tempo da Europa olhar para a mesquinhez dos seus interesses, mas dê para olhar o mundo como espaço de solidariedade e partilha fraterna.»




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Quais as apostas para o desenvolvimento rural?

A 17 de Junho comemora-se o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, um dia para reflectirmos sobre as prioridades da lusofonia rumo ao desenvolvimento rural. Para um desenvolvimento sócio-económico sustentável das zonas rurais, é indispensável que as actividades e sistemas de produção agrícolas e não agrícolas em meio rural tenham sustentabilidade económica.

Esta sustentabilidade económica depende de profundas transformações produtivas, tecnológicas e estruturais. Transformações que dependem da iniciativa e capacidade empresarial dos agentes económicos e sociais das zonas rurais, mas dependem fundamentalmente de um adequado enquadramento político-institucional.

A entrevista do Luso Fonias de 10 de Junho teve o contributo da Rádio Sol Mansi, da Guiné-Bissau, que esteve à conversa com Marcus Zampese, voluntário na diocese de Bafatá.




Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«O desenvolvimento rural depende muito de situação para situação. Na Europa, por exemplo, a agricultura está em produzir de mais e, por isso, há que limitá-la e penalizar quem ultrapassar as quotas de produção que estão atribuídas. Ainda todos recordamos a multa pesadíssima que os agricultores dos Açores eram para pagar, há anos atrás, por terem produzido leite demais.... Depois, para enfrentar a agricultura dos Estados Unidos, os agricultores europeus são subsidiados... pelo que as agriculturas africanas, asiáticas e latino americanas ficam completamente fora do combate da competitividade dos preços, o que arrasa as economias mais débeis. Um caso que tem merecido alguma luta, mas com pouco sucesso porque quem é grande impõe as regras do jogo...e ganha!

Nos países em desenvolvimento, o mundo rural tem outros desafios a enfrentar. Assim, há terrenos minados, há muita falta de água ou, pelo menos, de sistemas de irrigação que garantam em períodos de seca mais prolongada uma boa produção. Numa lógica de sobrevivência, a agricultura é decisiva e, em economias menos estruturadas, há que apostar a sério no desenvolvimento rural sustentado.

O maior risco que a agricultura corre é o de a deixar dependente do tempo que faz. Mesmo em áreas onde a terra é fértil, o risco da colheita zero é enorme porque basta que não chova durante um período largo de tempo para que tudo se perca e a fome dizime as populações que dependem, em absoluto, do que a terra produz.

Há ainda um grande trabalho a fazer na melhoria da qualidade dos solos produtivos, corrigindo-os, estudando as melhores culturas a implementar e, mais uma vez, capacitando os agricultores de meios que permitam irrigar sem desperdiçar água – uma preciosidade sobre a qual recaem, cada vez mais, os olhares cobiçosos de certas empresas que a querem privatizar para, muito em breve, se apoderarem deste a quem já chamam o ‘ouro transparente’.

Com agriculturas desenvolvidas e sustentadas, as populações garantem uma vida digna e o espectro da fome estará cada vez mais longe da humanidade. Mas, para tal, há que desenvolver solidariedades à escala do planeta. Estará o nosso mundo preparado para dar este passo?»




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Desafios da Intergeracionalidade

O Luso Fonias dedicou a emissão de 3 de Junho aos desafios da intergeracionalidade, ou seja quais os desafios da relação entre gerações mais novas e gerações mais velhas.

Os jovens e os idosos continuam a ser excluídos da participação efectiva na sociedade e a contribuição que podem dar para o seu desenvolvimento é muitas vezes ignorada. Estamos no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, um ano que tem o objectivo de sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade justa e coesa. Assim sendo, é importante reconhecer também o papel dos jovens e das pessoas idosas na família, na comunidade e na sociedade.

O Oitavo Congresso Internacional das Misericórdias, realizado em Pamplona – Espanha – em Outubro de 2006, defendeu a promoção de uma cultura de intergeracionalidade através de projectos que integrem jovens e idosos.

Em estúdio esteve o Padre Franciscano Vítor Melícias que foi, durante 15 anos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas. Actualmente, é Presidente da União Europeia das Misericórdias (UEM) e Presidente Emérito da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM).



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Os tempos hoje passam mais depressa que antigamente... queixam-se os mais idosos, olhando para a evolução das tecnologias e das mentalidades. E terão algumas razões para pensar assim. De facto, durante muito tempo, tudo mudava muito devagar. A enxada que o meu avô utilizava para cultivar os seus campos pôde ser usada também pelo meu pai. Depois vieram os tractores e uma quantidade enorme de maquinaria agrícola que o meu pai já não dominava e tiveram que ser os meus irmãos a tomar conta da agricultura. Hoje, quando vou a casa, encontro sempre uma nova máquina de sulfatar, de remover a terra, de cortar erva, de carregar o tractor.... o que obriga a uma constante adaptação dos métodos e técnicas de trabalho. E falei da agricultura que é das áreas mais tradicionais da vida das pessoas. Se falasse do mundo da informática, o que não se teria que dizer!!!

Por isso, começa a abrir-se um fosso cada vez mais profundo entre gerações que aprendem, que crescem, que brincam, que começam a trabalhar sempre com referências e tecnologias diferentes o que as afasta umas das outras. O que divertiu o meu pai quando era adolescente ou jovem já não foi o que me divertiu a mim... agora, na era dos meus sobrinhos, fico como um elefante a olhar para um palácio diante dos seus jogos de computadores que os prendem horas a fio...

A mentalidade também mudou muito nos últimos tempos. Até à geração do meu pai, a cultura e a educação em geral eram transmitidas na família e, em alguns casos, com o apoio da escola. A minha geração beneficiou da chegada dos meios de comunicação social e muito mudou na sociedade, nos comportamentos, nas ideias. Agora, na era do multimédia, com a abertura que a Internet deu ao mundo, ninguém controla ninguém, a educação faz-se quase em regime de autodidactismo, tudo ou quase tudo se arranja por catálogo e, por isso, as relações entre gerações estão muito complicadas. O salto foi demasiado grande e rápido demais para que as gerações mais velhas pudessem acompanhar a mudança de referências e de valores das novas gerações.

Tudo o que muda rápido demais deixa dúvidas quanto à consistência destas mudanças. Há que deixar o pó repousar um pouco para ver, na actual situação, quais as mudanças que melhoraram a prática social e aquelas que fizeram piorar o nível da relação das pessoas umas com as outras. Todos, mais novos ou mais velhos, temos caminhos a percorrer e valores a partilhar. Haja mais relação, mais concertação, mais diálogo e todos sairemos mais ricos. A diferença de gerações constitui uma riqueza que pode ajudar o mundo a avançar. De mãos dadas, com experiências plurais partilhadas, o mundo será melhor.»



E você? Como responde aos desafios da intergeracionalidade? Partilhe a sua experiência com um comentário a este post.




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África Minha

A 25 de Maio comemora-se o Dia de África. Uma oportunidade para reflectirmos sobre o presente e futuro deste continente. Um dia especial para muitos portugueses que encontram as suas raízes em África.

O Luso Fonias comemorou África com Manecas Costa, cantor guineense conhecido pela sua técnica na guitarra acústica e baixo eléctrico, pela sua voz carismática e apaixonante e pelas suas composições, cujas letras se centram nas tradições e preocupações relacionadas com o seu país e continente. Uma conversa sobre África… África Minha, África nossa.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«África Minha é um filme que fica para a história como um sinal do fim da colonização inglesa em África. Marca a hora do regresso dos colonos à Europa após tantos séculos de uma relação difícil entre os povos destes dois continentes.

Algumas décadas mais tarde, é legitimo perguntar de quem é África e quem a pode chamar ‘sua’. Politicamente, as colónias acabaram há muito e destas surgiram dezenas de países independentes, pelo menos em teoria e segundo as contas das Nações Unidas. Mas, verdade seja dita, grande parte de África não é dos africanos, na medida em que não são eles a beneficiar das suas riquezas nem a traçar os destinos dos seus povos.

Há quem fale em neocolonialismo mas, se calhar, esta ‘colonização’ não tem mesmo nada a ver com a anterior porque é mais económica do que política e é mais dirigida pelas empresas multinacionais que pelos estados mais poderosos. Embora o coração destas empresas esteja nestes estados mais fortes...

É tempo de deixar os africanos serem os protagonistas das suas histórias. Há que ajudar a criar condições, à escala do planeta, para que África não continue a ser o continente de todas as desgraças mas se transforme num espaço de vida e esperança para todos.

Portugal vai assumir, em breve, a presidência da União Europeia e há muitas movimentações para que se concretize a Cimeira Europa-África e se obrigue a Europa a olhar a sério para dramas como o Darfur, que exige uma intervenção urgente da comunidade internacional para que se ponha fim à barbárie que assola as populações desta região onde os pobres estão a ser dizimados perante o silêncio cúmplice da comunidade internacional.

Gostaria de, pessoalmente, pronunciar um ‘África Minha’ com ternura e não com um sentimento de posse. E seria bom que, no mundo, tudo fosse de todos para que todos pudessem sentir-se irmãos e viver em comunhão. Mas estará ainda longe o dia em que as ganâncias desmedidas de ter e poder não matem milhões de pessoas por esse mundo fora. Há que dar lugar à esperança e ao empenho por um mundo mais justo e mais fraterno. Eu tenho razões para continuar a acreditar que um mundo melhor é sempre possível.»




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Timor: qual o percurso para o desenvolvimento?

Timor-Leste é um dos países mais jovens do mundo. Um país de muitos povos e culturas. A maioria da população tem os seus antepassados no continente asiático, mas também podemos descobrir descendentes dos papuas da Nova Guiné, melanésios, malaios, portugueses, angolanos e moçambicanos.

Timor-Leste é assim um país rico em diversidade e culturas mas também rico em recursos naturais, especialmente as reservas de petróleo, gás natural e minério de cobre, sândalo, café, borracha, copra, algodão, cana-de-açúcar e óleo de coco. Um país com muito para dar mas, principalmente, com muito para receber.


A 20 de Maio de 2002 foi proclamada a República Democrática de Timor-Leste, data oficial de reconhecimento internacional da independência de Timor-Leste, que pôs fim à ocupação da Indonésia. Uma data que, cinco anos depois, é celebrada pelo Luso Fonias com uma entrevista sobre os passos dados rumo ao desenvolvimento de Timor.

Em estúdio esteve o Dr. Manuel Soares Abrantes, Embaixador de Timor-Leste em Portugal, e o Eng. José Manuel Revez, que foi Adido para a Cooperação na Embaixada de Portugal em Díli, de 2002 a 2006, foi também Adido Cultural na Embaixada de Portugal em Díli, de 2004 a 2006, e Presidente da Comissão Instaladora da Escola Portuguesa de Díli. Actualmente é Assessor Principal do Gabinete para a Cooperação do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.





Na opinião do Pe. Tony Neves:


«Timor continua a preocupar o mundo. Viveu tempos de massacre e de opressão quando da dominação indonésia. Depois, veio a libertação com a independência. Mas este mais jovem país do mundo tem dado provas de pouca capacidade de gestão da diversidade étnica e cultural que possui. Muita violência e instabilidade têm marcado o dia-a-dia dos timorenses. Nem o carisma de Xanana Gusmão nem a força moral dos prémios Nobel da Paz, D. Ximenes e Ramos-Horta têm sido argumentos suficientes para dar serenidade ao povo e permitir o desenvolvimento do país.


Houve eleições marcadas por muitas ambiguidades e problemas. Voltou, assim, às primeiras páginas dos meios de comunicação e não pelas melhores razões.


O desenvolvimento parecia ganhar corpo com o aparecimento do petróleo. Mas, mais uma vez, as riquezas naturais de um país não jogam a favor das populações. O cheiro a petróleo atrai cobiças desmedidas e faz surgir oportunistas que se aproveitam e acabam por gerar violências internas que criam condições favoráveis ao caos e à violência.


Recordo-me sempre do encontro que tive com o P. João Felgueiras, no tempo crítico da violência em Díli. Era um homem abatido pela crueldade da situação mas, ao mesmo tempo, confiante na força de tanto sangue derramado e da alma cristã do povo timorense. Agora, tive a oportunidade de ler ‘as nossas memórias de vida em Timor’ que ele escreveu com outro dos grandes heróis de Timor, o P. José Martins. É bom não esquecer o passado para evitar cometer os mesmos erros no presente e no futuro. Mas, melhor ainda é honrar o futuro com um presente que rime com paz, progresso e fraternidade. O momento eleitoral que o país vive não augura muito este futuro de Paz. Mas quero crer que o povo vai trabalhar com os novos líderes para que a independência tenha valido a pena. E que os petróleos e outras riquezas abram caminhos a um verdadeiro desenvolvimento.»





Esta foi a opinião do Pe. Tony Neves mas a sua também é muito importante! Deixe um comentário.




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Fátima – 90 Anos depois

Foi a 13 de Maio de 1917. Três crianças pastavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, quando por volta do meio-dia, depois de rezarem o terço, foram surpreendidos por uma luz brilhante. Foi a primeira aparição de Fátima.

Passaram 90 anos. Mas milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, num montante anual de quatro milhões, seguem rumo até Fátima.

O Luso Fonias de 13 de Maio esteve à conversa com Nuno Prazeres, do Apostolado Mundial de Fátima, sobre a actualidade da mensagem de Fátima e o significado das aparições 90 anos depois.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Foi naquele 13 de Maio de 1917 que Nossa Senhora apareceu, pela primeira vez a três crianças, Lúcia, Jacinta e Francisco. Fátima bem depressa se tornou centro de peregrinações. Milhões e milhões de pessoas, ao longo destes 90 anos, transformaram a Cova da Iria no altar do mundo.

Que faz correr tanta gente a Fátima? Talvez a simplicidade e a força da Mensagem que Nossa Senhora ali foi levar. Ela só pediu oração e mudança de vida para que a paz chegasse ao mundo. Recordemos que a Europa estava mergulhada na sangrenta I Grande Guerra Mundial.

Hoje, Fátima é o coração do Portugal católico. Situada ao centro do País, com a auto-estrada nº 1 a passar á porta, é local escolhido para boa parte dos eventos importantes que marcam a actualidade da Igreja. Tem grandes estruturas de acolhimento e tem a marca simbólica das Aparições.

Os Papas Paulo VI e João Paulo II integraram o Santuário de Fátima no Roteiro das suas viagens apostólicas. J. Paulo II foi a Fátima contar o terceiro segredo, aplicado a si mesmo, e beatificar a Jacinta e o Francisco.

Com a morte da Irmã Lúcia fechou-se uma página na história destas Aparições. Agora, o Santuário vive da memória, dos escritos, da espiritualidade, da teologia, da fé vivida de multidões de pessoas que, vindas de todo o mundo, ali rezam e depositam aos pés de Maria as suas alegrias e angústias.

90 Anos são pretexto para grandes eventos, desde congressos a grandes momentos de peregrinação. Mas estas nove décadas provaram que as estruturas existentes já não respondiam às exigências do Santuário. E, por isso, será inaugurada a Igreja da Santíssima Trindade.

Fátima já representa muito para Portugal e para o mundo. Há que manter a lucidez que se exige para que este ‘Altar do Mundo’ seja um espaço sério de espiritualidade, de encontro com o divino, de aprofundamento da fé e da Missão.»




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terça-feira, 5 de junho de 2007

Responsabilidade social na promoção de negócios sustentáveis

A responsabilidade social das empresas significa integrar as preocupações sociais e ambientais no trabalho quotidiano das organizações e na interacção com todas as partes interessadas. Ou seja, é um comportamento que as empresas adoptam, de forma voluntária, que visa integrar valores do Desenvolvimento Sustentável – o desenvolvimento que permite às gerações presentes satisfazer as suas necessidades, sem pôr em causa as gerações futuras.

A emissão do Luso Fonias de 6 de Maio foi dedicada à “Responsabilidade social na promoção de negócios sustentáveis”. Um programa que conta com uma entrevista ao Eng. Luís Rochartre, Secretário-geral do BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.



Na opinião do Pe. Tony Neves:

«O mundo dos negócios é muito complexo pelo simples facto de envolver dinheiro. Quem investe quer ver os resultados de tal investimento. E, se possível, que os lucros sejam muito grandes. Quando se compra ou vende qualquer coisa, pretende-se que a operação seja sempre favorável. Compreende-se o princípio, mas há que ter sempre presente a ética que obriga a nunca prejudicar ninguém e incentiva à partilha solidária dos lucros que possam ser postos á disposição de quem mais precisa.

Hoje insiste-se muito na Responsabilidade Social Empresas. Tudo deve começar lá dentro com a justiça nos salários, a criação de boas condições de trabalho e de um ambiente humano bom. Depois, há que pensar mais largo e partilhar alguns lucros em instituições de solidariedade ou com ONGD que realizam projectos em áreas e situações marcadas pela pobreza e falta de desenvolvimento.

Quando falamos de Responsabilidade Social das Empresas e dos seus negócios também nos queremos referir a opções empresariais que apostam no respeito pelas pessoas e pela natureza. Se não há condições de trabalho e segurança, os empregados destas empresas passam mal, podem ter problemas sérios de saúde, cria-se um mau ambiente de trabalho e, em termos de resultados, até o empresário sofre porque onde não há motivação nem condições, os objectivos muito dificilmente serão atingidos.

As questões ecológicas também devem ser tomadas muito a sério pelas empresas. Há que fazer tudo o que se puder para que os níveis de poluição diminuam. Há que usar técnicas e tecnologias que não degradem o ar, os solos, as águas. Há que evitar a criação desmedida de lixos que, pouco a pouco, tornam a terra inabitável.

Finalmente, uma palavra sobre o desenvolvimento sustentado. Não interessa embarcar em megalomanias que enchem os olhos mas não levam a lado nenhum. Há que investir em modelos de desenvolvimento que, pouco a pouco, façam subir o nível de vida das pessoas sem dar saltos demasiadamente rápidos. Com responsabilidade social, as empresas ajudarão a construir uma sociedade justa e solidária. É bom para todos que tal aconteça.»



Esta é a opinião do Pe. Tony Neves. Dê-nos a sua com um comentário a este post.




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segunda-feira, 4 de junho de 2007

Educar para a saúde

O Luso Fonias de 29 de Abril intitula-se “Educação para a saúde”, um tema que surgiu a propósito do Dia Africano contra o Paludismo, celebrado a 25 de Abril, para nos fazer pensar sobre as medidas e iniciativas a tomar.

Educar para a saúde é sobretudo ajudar a prevenir. Há inúmeras doenças que podem ser evitadas se houver prevenção: as doenças derivadas da falta de higiene; as doenças derivadas do consumo; as doenças derivadas dos comportamentos sexuais; e as doenças psicológicas. É fundamental educar para os estilos de vida saudáveis, de modo que a escola tem um papel primordial neste trabalho de prevenção.

A entrevista realizou-se nos estúdios da Rádio Maria, em Maputo, e conta com a colaboração do jornalista Rui Malunga. Uma conversa com o Sr. Martinho, coordenador da Cáritas Moçambicana.





Na opinião do Pe. Tony Neves, editor do programa:

«A Saúde é um dos indicadores mais importantes do índice do desenvolvimento humano. E compreende-se porquê. De facto, quando as pessoas têm acesso aos cuidados básicos de Saúde já se resolvem muitos problemas. Um dos investimentos fundamentais dos governos é nesta área tão sensível como vital da saúde. Não pode causar estranheza a ninguém que os orçamentos dos Estados apostem fortemente no bem-estar das populações investindo em tudo quanto dê uma ajuda à saúde das pessoas.

Em muitos países, pobres ou empobrecidos pelo momento que atravessam, os dinheiros públicos são canalizados para esforços militares e outros, não sobrando nada ou quase nada para a educação e para a Saúde. Aqui, a cooperação internacional e as Organizações Religiosas e Humanitárias devem intervir para reduzir as consequências dramáticas desta opção de certos governos. E, verdade seja dita, a Igreja Católica tem dado um contributo muito grande neste âmbito.

Os meses de verão e de pausa académica, na Europa, são aproveitados por muitos jovens para a realização de projectos missionários, sobretudo na África e na América Latina. Quando olhamos para estas experiências em tempo de férias percebemos logo que a saúde está sempre na linha da frente das prioridades. Primeiro, porque se programam muitas iniciativas de intervenção directa junto de populações carenciadas; segundo, porque se realizam muitas acções de formação para ajudar a prevenir doenças e se ensinar as pessoas a tratar problemas de saúde que vão surgindo.

Educar para a saúde é um desafio de sobrevivência e torna-se, por isso, uma missão de extrema urgência. Queiram os governos perceber como tal é decisivo para o presente e o futuro das pessoas e, desta forma, dêem o seu melhor por um mundo com mais e melhor saúde.»




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sexta-feira, 1 de junho de 2007

Ser Criança...

«As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações... Nunca compreendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças estarem sempre a dar explicações.» Antoine de Saint-Exupery
























O Dia Mundial da Criança surgiu após a II Guerra Mundial, isto porque as crianças de todo o mundo enfrentavam grandes dificuldades ao nível da alimentação, cuidados médicos, bem como no acesso à educação.






Assim, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se comemorasse um dia dedicado a todas as crianças do mundo, para que os Estados Membros da ONU reconhecessem que as crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem social, necessitam de cuidados e atenções especiais, precisam de ser compreendidas, preparadas e educadas de modo a terem possibilidades de usufruir de um futuro condigno e risonho. Ficou então deliberado que o Dia 1 de Junho passaria a ser celebrado como o Dia Mundial da Criança.












Sugestões





Nunca é demais lembrar… Convenção sobre os Direitos da Criança.






Para os mais novos … Visita o Eu sou Criança, navega e diverte-te!






Para os mais velhos… que têm saudades dos seus tempos de criança, desvenda o Mistério Juvenil!>