sexta-feira, 23 de julho de 2010

Avós e Netos













Na semana em que comemoramos o Dia dos Avós, vamos falar das relações de afectos que se estabelecem entre avós e netos, da participação dos avós na sua educação e das alterações de comportamentos em relação às famílias do passado.
Para nos falar dos laços entre avós e netos, o Luso Fonias conta com a participação de Mary Anne Avillez, enfermeira e avó de 8 netos.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Tempos houve em que os avós eram referências obrigatórias em todas as famílias. A sua ternura, a sua sabedoria enraizada ao longo dos anos, a sua história de dedicação á família, colocavam-nos quase no pedestal. Com o andar dos anos, a sociedade mudou, os valores por que se rege também se alteraram e, sobretudo, a dimensão económico ultrapassou completamente a afectiva, sendo o dinheiro bem mais importante que o amor.
Neste novo quadro cultural, a imagem dos avós desceu a pique. Estamos, é claro, a falar da regra geral, embora haja muitas e honrosas excepções. Mas, basta visitar alguns dos lares de terceira idade e algumas das aldeias do interior de Portugal para encontrarmos pessoas idosas que trabalharam e sofreram para educar os filhos e hoje são por eles completamente abandonados.
Nos meses de verão, os Jovens Sem fronteiras fazem missões de dez dias em Portugal. Sempre visitam e animam lares de idosos. E, a partir do 3º ou 4º dia, as pessoas idosas sentem os jovens como netos, dão abraços e beijos com fartura e abrem o livro das suas memórias. Regra geral, são tristes, porque falam dos filhos e netos que passam meses e meses sem aparecer, ocupados como estão nas suas vidas quotidianas, onde os idosos que já não produzem, não encontram espaço nenhum. Ouvi, nestes últimos anos, histórias muito tristes.
Mas também há histórias lindas, dignas de ser escritas. Temos pessoas idosas que se sentem felizes, sempre acompanhados e apoiados pelos seus familiares amigos, nas horas alegres e nas horas tristes. O capital de carinho que os avós acumulam ao longo dos anos merece tudo da parte das novas gerações. Não basta que as autarquias promovam, de tempos a tempos, uns passeios e uns picnics. Há que criar condições para que todos os idosos vivam até ao fim junto daqueles que amam, por quem, afinal de contas, deram tudo o que eram e o que tinham.»







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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Férias ao serviço dos outros












NNuma época em que a maioria das pessoas goza o merecido descanso das férias, há quem use esse tempo para participar em experiências de voluntariado, que tanto enriquecem quem dá e quem recebe.
Para nos falar sobre a sua experiência de voluntariado nas férias, o Luso Fonias conta com a participação de Hugo Gonçalves, do grupo de voluntariado missionário Tuala Kumoxi.










Na opinião do P. Tony Neves:




«O nosso mundo é complicado. Corremos tanto e parece que atingimos tão poucos objectivos. Estamos sempre tão cansados, mas os resultados dos nossos esforços teimam em não aparecer. As preocupações do dia a dia tomam-nos de tal maneira que passamos a vida stressados, sem respirar fundo, sem saborear a felicidade das pequenas ou grandes conquistas do nosso dia a dia, que deveria ser simples, mas não é.
Por isso, o momento do ano mais ansiado por quase todos é o tempo das férias. O ritmo acelerado que imprimimos à vida dá mais sabor ao tempo em que descansamos dos trabalhos habituais e nos podemos dedicar mais à família, á cultura, a viagens e a fazer muitas coisas que é preciso ou de que gostamos, não tendo hipótese de as realizar durante o resto do ano.
O lazer é um direito a que, infelizmente, muitas pessoas não têm acesso. A pobreza é o factor mais importante no ataque a este direito. Quando os meios materiais são insuficientes para ter uma vida digna, as pessoas vêem-se obrigadas a trabalhar sem pausas, para garantir só e apenas o pão de cada dia.
As férias também são, para quem tiver possibilidades para tal, um tempo favorável ao encontro de povos e culturas, de experimentar novos climas, ver novas paisagens, visitar monumentos, provar novas gastronomias, dançar em ritmos diferentes. Claro que estas experiências não estão ao alcance de todas as bolsas mas podem estar no horizonte de todas as pessoas. Conhecer o mundo para além das fronteiras do meu dia a dia é um objectivo por que vale a pena lutar.
O Mundial de Futebol – isto para dar apenas um exemplo recente – levou á África do Sul milhões de pessoas. Foram lá levados pela onda do futebol. Mas, uma vez lá, fizeram uma pequena experiência de África, conheceram novos povos, novas culturas, escutaram o som das vuvuzelas, aprofundaram a história destes povos da África Austral.
Desejo boas férias a quem as tiver. Que sejam aproveitadas para o lazer, mas também para mais encontros com pessoas, com povos, com monumentos. E avanço com um desafio final: que as férias sejam tempo de mais solidariedade, partindo ao encontro de quem está mais só e mais excluído.»







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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O desporto como factor de unidade mundial











Na véspera da final do Campeonato do Mundo de Futebol da África do Sul, os media e a população em geral concentra a sua atenção em torno do futebol. Adeptos de todos os países confraternizam e partilham as emoções do desporto que assim se torna num factor de unidade entre os povos.
Para nos falar sobre a importância do desporto na promoção do desenvolvimento dos povos, o Luso Fonias conta com a participação de Vanda Ramalho, da Associação Nacional de Futebol de Rua.










Na opinião do P. Tony Neves:




«O Mundial de Futebol levou os olhos e os corações a passear-se por África. Foi a primeira vez que este continente acolheu uma organização tão complexa como esta que amanhã se conclui com a Final.
O desporto nasceu como demonstração das reais capacidades físicas das pessoas e como espaço de encontro e confraternização entre as pessoas. Com o andar dos tempos e com a entrada, em força, do factor económico, tudo mudou no reino do desporto. Hoje, assustamo-nos todos com os milhões que circulam por aí, desde os contratos aos salários, passando pelo complexo mundo das publicidades.
Os comentadores desportivos deste Mundial, talvez sem medirem o alcance do que diziam, constantemente ligavam o jogador ao valor da sua última transferência ou da sua cláusula de rescisão. Como se de gado em feira se tratasse!
Juntar o negócio ao entretenimento parece ser, no desporto de alta competição, uma missão quase impossível. Pelo menos, para os jogadores, sempre sob a pressão dos números a facturar. Hoje, até aqueles jogos que se chamavam ‘amigáveis’ o deixaram de ser pois todos os jogadores estão vigiados por ‘olheiros’ de outros clubes, sempre à pesca dos melhores jogadores pelos mais baixos preços.
Também impressiona o estatuto de ídolos que os jogadores adquirem quando atingem o patamar das estrelas. Infelizmente (e vimos muitos casos desses no mundial), boa parte dos jogadores ganham muito dinheiro, mas a sua formação humana e o seu comportamento estão uns furos abaixo. E o pior é que eles se tornam referências, a todos os níveis, para as novas gerações!
Com esta passagem por África, espero que o desporto ajude a construir pontes entre povos e culturas e proporcione um verdadeiro encontro de pessoas.»







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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Missionários a Caminho










De acordo com os dados revelados recentemente pela Fundação Evangelização e Culturas, durante este ano de 2010 já partiram ou ainda irão partir 360 voluntários para os diversos países de missão. Movidos pela ousadia e pela coragem de contribuirem para um desenvolvimento global mais justo e fraterno, estes voluntários entregam generosa e gratuitamente um período mais ou menos longo das suas vidas para que outros possam também melhorar as suas condições de vida.
Para nos falar sobre voluntariado missionário, o Luso Fonias conta com a presença da Ana Patrícia Fonseca da Fundação Evangelização e Culturas e da Liliana dos Leigos Missionários Combonianos.










Na opinião do P. Tony Neves:




«São muitas e muitos os que estão de malas aviadas e vão partir em Missão. Num tempo acusado de muito egoísmo, é provocador ver tanta gente, sobretudo jovens, querer ir ao encontro de outros povos para falar de Cristo e, de acordo com as suas competências profissionais, dar uma pequena colaboração na construção de um mundo mais humano e mais cristão.
Na hora da publicação das estatísticas, prefiro focar mais a minha reflexão nas orientações que os Bispos Portugueses acabam de dar, em carta Pastoral, sobre o impulso missionário que é urgente dar à Igreja.
Dizem os Bispos que os sinos já não marcam o ritmo da vida das pessoas. É urgente anunciar o Evangelho. É fundamental a opção pelos mais pobres. Portugal é espaço de Missão. A Igreja local é o sujeito primeiro da Missão. Há que apostar mais na pastoral juvenil. Há que trabalhar á imagem do Bom Pastor. A igreja tem de se abrir mais ao Espírito Santo e partir ao encontro dos corações.
Parece óbvio que ninguém ama o que não conhece nem anuncia aquilo que não sabe ou em que não acredita. Os Bispos dizem que o ‘amor excessivo’ de Deus por nós exige-nos uma dedicação radical ao seu anúncio. Nos tempos que correm, não bastam discursos, não basta reformar estruturas. É preciso ir mais longe e mais fundo e converter a nossa vida aos valores do Evangelho, sabendo que tal exige remar contra a corrente. Também não é suficiente a pastoral de manutenção do que já temos: é preciso partir em missão. Há aqui um duplo apelo à espiritualidade (há que aprofundar pela oração as razões da nossa fé) e à disponibilidade para partir onde o Espírito nos levar. O ideal era atingir objectivo que aparece retratada na oração final sobre Maria: a Igreja deve ser uma Casa grande, abertas e feliz, átrio de fraternidade’.
Felicito quantos partem em Missão e, sobretudo, mantenho acesa a esperança de que, com esta Carta Pastoral, a Missão vai sentir um novo dinamismo em Portugal, com consequências em todo o mundo onde os missionários portugueses partilham a fé e a vida das populações a quem são enviados.»







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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Droga: a desumanização da Humanidade









No dia 26 de Junho, comemorámos o Dia Internacional contra o Uso e Tráfico de Droga. De acordo com estudos recentes, o consumo de droga tem aumentado junto das camadas mais jovens e cada vez em mais precocemente. Geradora de vícios e de uma contínua e degradante desumanização, a droga é também um negócio milionário cujas redes de tráfico e consumo continuam a proliferar um pouco por todo o mundo.
Para debatermos este tema, o Luso Fonias com a presença do Pe. Pedro Quintela, da Direcção da Associação Vale de Acór, uma associação que trabalha diariamente na recuperação e reinserção de toxicodependentes.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Contra a droga parece que já inventamos todos os slogans, todas as campanhas. Mas ela continua aí, a dar cabo das novas gerações e já a fazer investidas em classes etárias mais avançadas. Onde ela entra, sai o essencial da dignidade e da vida.
Todos conhecemos pessoas com o estatuto de adicto, palavra bonita que quer dizer ‘dependente’. Esse é o grande problema da droga: depois de tomar conta das pessoas, de as impedir de agir com liberdade e responsabilidade, torna-as dependentes. E é isso que dá dinheiro aos traficantes, pois a droga é muito cara e os adictos necessitam dela mais do que do pão para a boca. Para a obterem não há preço e eles serão capazes de tudo ou quase tudo. Se for mesmo preciso roubar ou matar, essa possibilidade não é descartada, dependendo muito do estado em que a pessoa já se encontra.

Os problemas resolvem-se de duas maneiras: combatendo as consequências e evitando as causas. Neste mundo complexo da toxicodependência, parece óbvio que as melhores soluções se encontram na prevenção. E, quer queiramos quer não, tocamos num problema muito sério: o do sentido da vida, da felicidade das pessoas, da realização pessoal, familiar e profissional de cada uma delas. Aqui é urgente investir. As pessoas, desde a infância, têm de se sentir amadas; precisam de ter vez e voz na família e na sociedade; devem perceber que a escola é um espaço de crescimento e de abertura ao futuro; necessitam de participar, como cidadãos, em grupos de adolescentes e jovens onde as dimensões ética, religiosa e de cidadania sejam cultivadas e valorizadas. Depois, quando não funciona a prevenção há que atacar o problema. Os governos devem lutar contra a produção e tráfico. Os serviços de saúde e as instituições especializadas devem acompanhar e recuperar os adictos. É uma missão muito difícil, mas não impossível. As sociedades têm de investir mais na garantia da felicidade dos cidadãos e no combate a tudo o que os escraviza e desumaniza. A Igreja, aqui e mais uma vez, joga um papel decisivo.»







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