sábado, 27 de novembro de 2010

Violência contra as mulheres

O dia 25 de Novembro foi oficialmente designado como Dia Internacional de Erradicação da Violência Contra as Mulheres pela Organização das Nações Unidas, em 1999. A data recorda o assassinato das três irmãs Mirabal, activistas políticas da República Dominicana, a mando do ditador dominicano Rafael Trujillo, no dia 25 de Novembro de 1960. Esta data vem lembrar que, em todo o mundo, pelo menos uma em cada três mulheres já foi agredida, forçada a ter relações sexuais ou sofreu algum tipo de abuso ao longo da sua vida, geralmente por parte de alguém conhecido.
No Luso Fonias falámos do combate à violência contra mulheres com Alberta Silva, Coordenadora do Centro de Atendimento da Associação de Mulheres Contra a Violência.

Na opinião do Pe. Tony Neves:
A violência exercida contra as mulheres é uma vergonha para a humanidade no terceiro milénio. Dados recentes apontam para o aumento desta forma inadmissível da violência, na Europa. O facto de, em Portugal, ter ganho o estatuto de crime de carácter público (mesmo praticado dentro de quatro paredes) não resolve o problema pois, como muitos defendem, os vizinhos e amigos terão que ter coragem de denunciar e intervir estes crimes horríveis praticados á porta fechada. Dizem os relatórios que boa parte dos crimes de violência contra as mulheres são praticados por familiares directos ou companheiros e namorados com quem as vítimas têm uma relação de intimidade.
Estes dados são um indicador preocupante do estado em que permanece a nossa civilização ocidental. Há que formar as pessoas para o respeito. Há que criar dinamismos que denunciem e penalizem quem comete tais atrocidades. Há que ser exemplar na maneira como tais atitudes são julgadas e criminalizadas.
Ao olhar para a mensagem pastoral dos bispos católicos de Angola sobre os 35 anos da independência deste jovem país lusófono, fiquei surpreendido e triste porque esta questão também é abordada e denunciada. Dizem assim os Bispos: ‘a violência, sobretudo doméstica, torna-se cada vez mais notícia da comunicação social. Ninguém ignora os malefícios que esta situação provoca na família. Por isso, apelamos a todos os pais que façam dos seus lares a vivência do Reino de Deus, que é “justiça, paz, alegria no Espírito Santo”.
Sociedades em crise de valores nunca respeitam as pessoas. Nas famílias, a mulher e a criança continuam a ser o elo mais fraco de uma cadeia que devia ser forte. Não basta fabricar leis para que as pessoas sejam protegidas e os seus direitos respeitados. É preciso ir muito mais longe, muito mais fundo: é urgente formar consciências e corações.

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sábado, 20 de novembro de 2010

A comunicação ao serviço do desenvolvimento


Os meios de comunicação são poderosas ferramentas que podem ser usadas em favor de causas sociais. Através da rádio e da televisão podemos chamar a atenção para o problema da pobreza, para a necessidade de prevenir as doenças graves, para o apoio a dar aos mais fracos da sociedade, e estes meios têm a capacidade de ampliar a mensagem e levá-la a milhares de famílias. A comunicação é também veículo das soluções – podemos divulgar o exemplo de pessoas e instituições que dão respostas inovadoras, convocar para campanhas de saúde ou de angariação de fundos, e para a mobilização social que pressione os políticos a tomar medidas mais justas.
Para falar sobre a importância da comunicação, o Luso Fonias conta com a participação de Geraldinho Vieira, jornalista brasileiro e vice-presidente da Agência de Notícias dos Direitos da Infância.

Na opinião do P. Tony Neves:

«A televisão entrou nas nossas casas e mudou as nossas vidas. Em muitos casos é ela quem define os nossos horários. Traz notícias boas e más, forma e deforma, apela à vivência da fraternidade ou incentiva ao ódio. É um meio poderosíssimo capaz do melhor e do pior. Por isso, há que conhecê-la e respeitá-la. Há que saber utiliza-la. Há que boicotar o que ela traz de desumano e imoral.
Celebrar o Dia Mundial da Televisão é um exercício de responsabilidade e de cidadania.
Sabemos que hoje a televisão é quem fabrica as figuras públicas, a ponto de só existir quem passa por elas...mas a televisão assenta no passageiro, no superficial.
Sabemos que a televisão vive dos dinheiros públicos ou da publicidade. Quando um governo paga, regra geral, instrumentaliza-a e controla-a. Quando a publicidade paga, as empresas exigem audiência e esta só é alta quando as pessoas vêem os programas. Como consequência, as grelhas apostam em programas de fraca qualidade onde se exploram os instintos mais baixos da condição humana e onde o lado formativo e ético quase nunca tem lugar cativo no ecran.
Não sou pessimista em relação ao poder e impacto das televisões na vida dos cidadãos. Acho que elas podem ajudar muito, informando, formando e divertindo. Também podem ser excelentes instrumentos ao serviço de uma cidadania responsável. E é por aí que temos que ir. Devemos não pactuar com uma programação de baixa qualidade. Devemos ajudar a criar condições para que os valores humanos e fraternos tenham direito de cidadania nas televisões. O mundo não pode desperdiçar o potencial destes meios de comunicação social. Estes têm de estar ao serviço da construção de sociedades justas e plurais. Trabalhemos por isso que o mundo vai ficar melhor.».

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sábado, 13 de novembro de 2010

Angola: Oportunidades e Desafios


Com o final da guerra civil em 2002, Angola arrancou para um novo ciclo marcado por um forte crescimento económico, sustentado principalmente pelo aumento das receitas associadas ao petróleo, a reconstrução de infra-estruturas produtiva e o realojamento de cerca de 4 milhões de deslocados internos.
Na semana em que Angola comemorou 35 anos de independência, contamos com a presença de Carlos Pacatolo, responsável pela Área Social da Administração Regional do Lobito.

Na opinião do P. Tony Neves:

«Angola celebrou neste 11 de Novembro os 35 anos da sua Independência. Não há dia nenhum em que Angola não esteja no meu coração e minha boca. Vivi lá seis anos e nunca mais de lá saí. Acompanho o que se lá vai passando. Tenho ido lá nos últimos anos, o que me permitiu acompanhar o desenvolvimento do pais após o cessar fogo de 2002. Angola é, de facto, um país em obras. Basta chegar a Luanda para o perceber. E se tivermos a oportunidade de fazer uma viagem que ligue duas capitais de Província vemos logo que tudo mexe. Mas também salta aos olhos que há injustiças gritantes entre quem tem tudo e quem não tem nada, entre os centros das cidades e as paupérrimas periferias, entre o litoral desenvolvido e o interior abandonado.
A celebração da independência, a 11 de Novembro, é sempre um excelente pretexto para se avaliar o caminho feito e o muito que há por fazer em ordem á construção de um país reconciliado, desenvolvido, justo e solidário.
O P. António Moreira viveu 50 anos em Angola, desde o tempo colonial, passando por toda a guerra civil e mantendo-se até agora por terras do Kuito. Em artigo a publicar brevemente, este grande missionário fala de um Kuito desenvolvido em contraste com um interior abandonado.
E vai mais longe e mais fundo na sua avaliação da situação em que vive o povo angolano: ‘Falta o mais importante: a reconstrução espiritual e psicológica. Houve, em tempos passados, uma montagem para a guerra. Assistimos a acções, palavras, atitudes, retaliações, mau uso dos meios de comunicação social que podiam levar ao ódio, à vingança, à guerra. Agora há que desfazer esta montagem de ódio e, pouco a pouco, reconstruir uma cadeia com elos de justiça, reconciliação, perdão, tolerância, amor e paz. A Igreja precisa de estruturas físicas para realizar a sua Missão, mas é no campo da reconstrução psicológica e espiritual que ela deve exercer a sua acção. É neste campo que ela tem de se lançar com todo o entusiasmo’.
Parabéns, Angola».

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sábado, 6 de novembro de 2010

2 anos do Presidente Obama


A 4 de Novembro de 2008, Barack Obama tornou-se o primeiro presidente americano de origem africana. Com o slogan “Yes, we can” – “Sim, podemos”, Obama foi fonte de esperança para muitos americanos e não só. Em contraste com a política de Bush, seu antecessor, promoteu a retirada do Iraque e do Afeganistão, o encerramento da prisão de Guantánamo e o reforço da protecção social pelo Estado americano. No entanto, algumas destas promessas estão ainda por cumprir e Obama viu a sua popularidade posta em causa esta semana, quando o Partido Republicano, seu opositor, obteve a maioria na Câmara dos Representantes.
Para fazer o balanço da primeira metade do mandato de Barack Obama, o Luso Fonias conta com a participação de Armando Marques Guedes, professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Na opinião do P. Tony Neves:

«Foi há dois anos. Barack Obama foi eleito Presidente dos Estados Unidos e o mundo viu a história a mudar. Pela primeira vez, a América seria governada por um cidadão de origem africana. Esperava-se que esta grande potência mudasse a sua postura em relação ao resto do mundo. Habituamo-nos a ver um país arrogante e autoritário, gerindo interesses, esmagando potenciais adversários. As entradas á força no Afeganistão e no Iraque deixaram má imagem na governação americana e criaram inimigos de estimação um pouco por todo o mundo, sobretudo nos espaços de influência árabe.
Já passaram dois anos e pouco se vê de mudança de atitude. Muitas promessas, poucos compromissos. O mundo afogado nesta crise profunda que esmaga os mais pobres, precisava de ver os grandes países a dar uma mão, a tomar medidas sérias de combate á exploração dos mais pequenos e dos mais pobres. Mas pouco ou nada se vê.
As relações internacionais continuam a ser comandadas por interesses e não pelo respeito que as pessoas merecem. Isso é triste, é degradante, é desumano...e os países grandes têm muitas culpas no cartório.
Nova Iorque acolheu a Cimeira de Avaliação dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio. Esperava-se que, nos últimos dez anos, os países mais ricos dessem 0,7% do PIB para apoiar o desenvolvimento dos países mais pobres. E não deram. Nem os Estados Unidos cumpriram esta promessa. Com esta atitude de desprezo dos mais pobres, o mundo não será nunca um espaço de justiça e fraternidade. E sabemos que muitos dos focos de violência e guerra nascem das injustiças gritantes de que as populações são vítimas. O Médio oriente é, neste momento, a parte do mundo onde há mais interesses em jogo e mais injustiça na distribuição das riquezas, sobretudo dos lucros provenientes da exploração do petróleo.
Sim, nós podemos mudar o mundo. Mas, para tal, a justiça e a solidariedade não podem estar fora das agendas dos políticos. Pelo contrário, têm de ser gravadas nos seus corações».

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