segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jogos da Lusofonia

Dr. João Ribeiro
O desporto sempre foi ao longo da história, um espaço de encontro entre povos e culturas. Para além da competição que marca os ambientes desportivos, testemunhamos também a alegria e o entusiasmo que as diversas modalidades criam, quer entre atletas, quer em todos aqueles que directa ou indirectamente participam nas grandes festas do desporto mundial.

Para nos falar da importância do desporto no espaço lusófono, o LusoFonias de hoje conta com o testemunho do Dr. João Ribeiro, Director Executivo da Organização dos Segundos Jogos da Lusofonia.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Lisboa acolhe, de 11 a 19 de Julho, os 2º Jogos da Lusofonia. O lema diz tudo ou quase: ‘A união é mais forte que vitória’, sugerindo aos participantes muito fair Play e capacidade de aproveitar esta oportunidade para conhecer mais e melhor pessoas que falam a sua língua, a nossa.

O desporto é, com estes Jogos, colocado ao serviço de mais comunhão. Necessitamos, enquanto lusófonos, de nos conhecermos melhor e, para tal, é urgente que nos encontremos mais, que nos abracemos como irmãos, que partilhemos a riqueza da nossa diversidade.

O espaço lusófono é um arco-íris de povos e culturas onde a língua oficial comum e alguns períodos da história nos aproxima. É verdade que na relação entre todos nem sempre o respeito foi o valor mais vivido. Mas, lavada a história e purificada a memória, há que ver os aspectos positivos e as portas que se abriram. Esta, a de uma comunhão mais forte, pode e deve ser capitalizada por todos.
Antes de mais, queria saudar a organização pela iniciativa. É verdade que estamos em crise e custa dinheiro lançar um projecto destes. Mas é importante que a crise não nos feche e nos ponha a rodar á volta do nosso umbigo enquanto esperamos melhores dias. Valores como o da comunhão e da partilha fraterna merecem todo o nosso investimento.

Há uma aposta clara no fair-play, valor que parece estar cada vez mais arredado dos meios desportivos, a medir por eventos tristes dos últimos tempos. Neste Jogos, o ganhar não é essencial, como bem diz o lema, pois a união é mais forte que a vitória.
Este evento pode aproximar mais povos e culturas que a geografia afasta. O desporto pode ser um excelente elo de união pois, independentemente das raças, culturas ou distâncias geográficas que nos separem, todos sabemos jogar futebol, basquete, voleibol e muitas outras modalidades que fazem parte do programa destes 2ºs Jogos da Lusofonia.

Num vídeo que se vê no youtube, Inês Barroso deixa um depoimento que faz reflectir. Coloca o desporto ao serviço de mais união e formula um voto final: ‘que todos saiamos mais ricos como seres humanos’. Faço meus estes votos, em nome de uma sã e frutuosa lusofonia, capaz de construir pontes entre povos e culturas que se exprimem na língua portuguesa.»



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Cultura e Cooperação

Dra. Margarida Abecassis
A Lusofonia é um espaço muito rico em termos culturais. Numa mesma língua encontram-se povos geograficamente distantes e com costumes bastante diversificados. Esta pluralidade uma partilha e um cruzamento de experiências e saberes que favorece e promove o desenvolvimento à escala global.

Para nos falar de cultura no espaço lusófono, o LusoFonias de hoje conta com a presença Dra. Margarida Abecassis da Fundação Calouste Gulbenkian.





Na opinião do P. Tony Neves:


«Quem percorre um pouco o espaço lusófono percebe, imediatamente, que há muito que nos une, mas também é fácil de entender que há traços culturais que carimbam a identidade de cada um dos nossos povos. E mais: dentro de cada país há expressões culturais que são típicas de cada região ou etnia.

Ora, o facto de termos muito em comum aproxima-nos e cria laços que nos unem. Mas a grande riqueza está na partilha da diversidade e, nesse aspecto, a cultura constitui um valor acrescentado para todos.

Fico sempre fascinado com as danças de ritmos africanos. Pelo movimento, pela expressão corporal, pelo colorido, pela alegria. Ora, esta dimensão cultural devia ser mais valorizado no resto do espaço lusófono. E dei apenas um exemplo entre os muitos que poderia ter escolhido. O teatro é outra das formas de arte onde a diferença de representação é enorme de país para país. Recordo sempre como em contexto de guerra e de falta de liberdade de expressão, os jovens de Angola partilhavam as suas angústias e manifestavam as suas convicções através de representações muito divertidas, mas, ao mesmo tempo, muito sérias, com avisos claros a quem mantinha uma guerra cruel.

No que diz respeito á literatura, gosto muito de ler autores lusófonos e é impressionante constatar a diferença entre os autores, no que diz respeito às histórias que contam, às personagens que escolhem, às paisagens que descrevem, às palavras que utilizam. Tudo pode e deve constituir uma grande riqueza.
E podemos falar até já de cinema ou documentários, pintura (Vieira da Silva não pinta com as mesmas cores do Malangatana...), escultura, etc.

Dada a importância da cultura como alma de um povo e porque a partilha enriquece todos, seria importante aumentar a cooperação entre os países lusófonos mais ricos e mais pobres de modo a que se apoiasse mais a produção cultural. Os governos, as fundações, as organizações não governamentais, outras instituições com carisma de mecenato...todos, de mãos dadas, deveriam fazer mais e melhor para que a alma de cada povo pudesse exprimir-se e, ao partilhar esta expressão, constituísse uma enorme riqueza para todos. Se todos podemos ganhar, há que investir por aí».


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Propostas autárquicas para uma cooperação descentralizada

Dr. Amadeu Albergaria
Somos cada vez mais cidadãos de um mundo que não conhece fronteiras ou barreiras. Povos geograficamente distantes estão unidos por laços históricos, económicos ou culturais. Mas também são muitas as desigualdades no desenvolvimento destes diversos povos. Por isso têm-se multiplicado os projectos de cooperação na procura de um crescimento global fraterno e sustentável.

Para nos dar um testemunho de como é possível cooperar à escala global, o LusoFonias de hoje conta com a presença do Dr. Amadeu Albergaria, Vereador do Pelouro da Educação, Cultura, Desporto e Juventude da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira que tem desenvolvido inúmeros projectos de cooperação com diversos países, em particular, com a Guiné-Bissau.





Na opinião do P. Tony Neves:


«A cooperação entre povos é tão antiga como as lutas que caracterizaram e marcaram muitas relações, sobretudo, de vizinhança. Com a progressiva organização dos países, o seu relacionamento político e económico começou a constar de leis, daí o aparecimento do direito internacional.

A cooperação para o desenvolvimento é um passo mais adiantado neste processo de relação entre países e povos, quase sempre garantida pelos governos, mesmo que praticada por organizações mais restritas. A comunidade internacional, no seu teórico esforço por mais justiça á escala planetária até já legislou que os países mais ricos deviam atribuir 0,7% do seu PIB para apoiar os países mais pobres. Por enquanto, ficamo-nos pelas boas intenções o que, verdade se diga, já é alguma coisa, pois resulta de uma reflexão séria sobre a dignidade humana e um correcta relação entre os povos.

Mas o mundo pode ir um pouco mais longe neste esforço por mais justiça e fraternidade. Além dos governos (que são entidades muito altas), há outras instituições do Estado que podem e devem intervir neste esforço de descentralização da cooperação. Por exemplo, as Câmaras Municipais e até algumas Juntas de Freguesia podem, à sua dimensão, ser agentes de cooperação para o desenvolvimento. Há já em curso algumas geminações bem sucedidas e, através delas, Câmaras Municipais da Europa estão geminadas com outras de África, da Ásia ou da América Latina e estabelecem laços de cooperação que enriquecem ambas as partes envolvidas neste dinamismo de encontro e de partilha. Parece-me, pelos casos de sucesso que conheço, que esta cooperação descentralizada ainda tem muito que andar e pode oferecer mais comunhão e solidariedade. Aqui aposta-se na proximidade que só se consegue aprofundar quando os parceiros são entidades mais pequenas. Não se pode pensar em grandes obras, mas a partilha entre pessoas será mais enriquecedora e as iniciativas lançadas garantem, à partida, mais eficácia na sua concretização.

A fraternidade não pode ter limites, muito menos permite que cruzemos os braços. Mais a melhor cooperação entre povos e culturas é possível e é desejável».


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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Economia Solidária

Professor Albino Lopes
A economia está presente de uma forma directa ou indirecta na simplicidade do nosso dia-a-dia. Constantemente somos confrontados com a necessidade de gerir e articular bens ou recursos humanos, orientar a nossa acção neste ou naquele sentido, realizar ou não determinadas acções. Deste modo, todos nós somos agentes económicos e, por isso, podemos concretizar a chamada “economia solidária”.
Para percebermos melhor este conceito e a forma como ele pode de facto transformar a sociedade em que vivemos, o Luso Fonias contou com a participação do Professor Doutor Albino Anjos Lopes, do Departamento de Ciências de Gestão do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.




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terça-feira, 9 de junho de 2009

Sangue: Dar pela Vida

Doutora Leonilde Outerelo
Nem sempre nos damos conta de pequenos gestos heróicos que passam despercebidos no meio da agitação da nossa sociedade. Dar sangue é um desses gestos; é um acto de cidadania que continua a salvar as vidas daqueles que mais carecem deste bem essencial para a vida humana.
Na véspera do Dia Mundial do Dador de Sangue, o Luso Fonias procura perceber a importância deste gesto generoso que beneficia toda a comunidade humana. Para isso, contamos com a participação da Doutora Leonilde Outerelo, Médica do Centro Regional de Sangue de Lisboa.




Na opinião do P. Tony Neves:


«Nunca como hoje dar sangue ajuda a salvar vidas. Nos tempos que correm, com os avanços que a medicina registou nos últimos tempos, o sangue joga um papel decisivo. Ter ou não ter sangue disponível é, em muitas situações de risco, uma questão de vida ou de morte. Quase todas as intervenções cirúrgicas são acompanhadas de uma transfusão de sangue. Com o aumento significativo de acidentes provocado por choques ou despistes de viaturas automóveis na estrada e com a construção civil e a actividade industrial a provocar muitos acidentes de trabalho, quase tudo se tenta resolver com transfusões de sangue, para compensar as perdas ocorridas nos acidentes. Por isso, o apelo a que todos sejamos dadores é constante e dar sangue tornou-se um acto de humanismo e de solidariedade, muitas vezes com consequências directas para os próprios dadores.

Por mentalidade comodista, somos tentados a só fazer aquilo que nos dá gosto ou traz resultados económicos ou afectivos imediatos. O sentido da solidariedade para com os outros nem sempre nos motiva a agir. Por isso, muita gente nunca deu sangue porque não quis ter o trabalho de ir até onde ele é recolhido. Ora, é urgente activar o nosso sentido de cidadania e responsabilidade social, pois muitas vidas (se calhar até a nossa) dependem destes gestos generosos de quem percebe que a vida e a felicidade dos outros também nos diz respeito.

Celebrar o dia mundial do sangue é também um excelente pretexto para uma reflexão séria acerca do respeito que temos ou não pelo sangue e pela vida dos outros. A violência, as atitudes irresponsáveis ao volante, o desleixo nas condições de segurança no trabalho...tudo isto faz derramar sangue e é responsável por muitas vidas que se apagam.

Dar sangue é uma obrigação cívica. Se ainda der tempo, saiamos de casa e vamos até ao centro de saúde mais próximo onde recolhem este líquido que nos corre nas veias e é responsável por ainda estarmos vivos e activos. Vale sempre a pena ser irmão».




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Energias Renováveis

Engº Carlos Pimenta
Neste mundo onde o crescimento económico acelerado parece marcar o ritmo do planeta, experimentamos no dia-a-dia as consequências da nossa própria irresponsabilidade em termos ambientais. O clima está mudado e são cada vez mais frequentes os desastres ecológicos. É urgente mudar de atitude e comprometer-nos na construção de um futuro ambientalmente sustentável.
Para nos falar melhor sobre estas alterações climáticas, sobre as suas causas e consequências e sobre as soluções que temos ao nosso alcance, o Luso Fonias conta com a participação do Eng. Carlos Pimenta, Director do Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente.




Na opinião do P. Tony Neves:


«O Dia Mundial do Ambiente, celebrado no dia 5, é um apelo à consciência da humanidade. Séculos a fio, o mundo divertiu-se a poluir a natureza e a fazer da sua casa um lugar que quase não dá para habitar. Agora, quando há danos que são irreversíveis, estamos todos com as mãos na cabeça a perguntarmo-nos ‘como chegamos tão longe?’ e a tentar encontrar as soluções ainda possíveis que a terra continue a reunir condições para que nela vivamos felizes. Foi pena termos ido longe de mais, pois o buraco do ozono na atmosfera está grande demais, o aquecimento do planeta é inevitável, há muitas espécies que foram extintas, os níveis de poluição do ar e águas, em certos locais, estão elevadíssimos...enfim, a natureza está de armas na mão pronta para se vingar da nossa incapacidade histórica de a respeitarmos.

Mas há caminhos já andados, na viagem de regresso ao respeito pela mãe natureza ou, se quisermos usar uma palavra mais moderna, pelo ambiente. Muitos rios, ribeiros, lagos e mares estão a ser despoluídos; é grande o esforço para que as empresas não atirem para o ar gazes tóxicos; a educação ambiental nas escolas permite que os lixos sejam colocados nos locais próprios e tratados; há um esforço para que se poupe energia e se aposte em energias renováveis.

Ao percorrer Portugal, de lés a lés, da costa ao interior, vemos plantados nos cimos dos montes umas grandes torres de betão com ventoinhas nas pontas... De facto, o parque eólico nacional está enorme e o vento é já hoje uma energia alternativa ao petróleo e à electricidade das barragens. Trata-se de uma energia não poluente com muito futuro, sobretudo em áreas onde o vento é forte e contínuo. Também a aposta na energia solar tem presente e tem futuro. Podemos ver nos telhados de muitas casas e fábricas os painéis solares que, em muitos casos, tornam as famílias ou empresas autónomas e, embora seja ainda raro, há casos em que os painéis produzem mais electricidade do que precisam e vendem á própria rede eléctrica nacional.

A criatividade impõe-se. Há que recuperar o tempo perdido na luta por uma relação sadia entre o homem e a natureza, a bem de todos. As energias renováveis são um dos caminhos a percorrer. Mas tudo o que ajude a respeitar o ambiente é para tomar a sério se queremos continuar a viver nesta terra».




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