domingo, 27 de julho de 2008

Ir de férias

Em Portugal, Julho e Agosto são meses de férias. As férias escolares dos mais jovens e também as férias dos que aproveitam estes meses quentes para gozar uns dias de descanso.

O Luso Fonias de 27 de Julho intitula-se “Ir de férias”, não com o objectivo de falar de praia e das tendências para este Verão, mas com o objectivo de tentar saber que tipo de experiências missionárias são realizadas durante este período.

Na nossa companhia esteve o Pe. Arsénio Isidoro, da Paróquia da Ramada, que partilhou connosco a sua experiência de férias missionárias.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Agosto, na Europa, é o mês de férias por excelência. As praias enchem-se de gente, o mesmo se diga das aldeias lá mais no interior onde muita gente nasceu e dali saiu partindo à procura de melhores condições de vida. Lá regressam durante as férias, numa visita às raízes, para encontrar os familiares mais idosos e alguns dos vizinhos e amigos de infância. E também para percorrer lugares que a memória regista com saudades.

Mas também há muita gente, sobretudo jovens, que aproveitam esta pausa académica e laboral para fazer missão, dando algum sentido e profundidade à palavra ‘solidariedade’.

A Fundação Evangelização e Culturas, publicou, no mês passado, a lista dos Voluntários Missionários. Cito alguns dados que me parecem relevantes, quando falamos de férias: este ano partirão 283 voluntários em missão para Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Zâmbia, Burundi e República Centro-Africana. Um dado também a reter é a distribuição por género dos voluntários que partem. Tal como nos anos anteriores, a percentagem de mulheres a partir é muito maior que a dos homens. Este ano serão enviadas 195 mulheres (68%) e 70 homens (26%).

Ao olhar para esta lista, reparamos que 220 jovens partirão apenas durante as suas férias, por um ou dois meses, mas há 63 voluntários que partirão por um ou dois anos.

Os números apontados acima referem-se só aos que partem rumo a África ou à América Latina. Mas são muitas centenas os jovens que farão Missão em Portugal, em projectos de solidariedade, durante os meses de Verão.

Tudo isto para provar que as férias não são um tempo para nada se fazer, mas uma oportunidade para cada pessoa fazer algo que gosta e que ajuda o mundo a tornar-se mais humano. Desejo boas férias para quem as tiver... e se forem missionárias e solidárias, ainda melhor!»




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sábado, 26 de julho de 2008

Jogos Olímpicos: juntos no desporto

Os Jogos Olímpicos estão quase a começar, é já de 8 a 24 de Agosto. Portugal vai estar representado neste acontecimento desportivo, assim como outros países do espaço lusófono, mas o que motivou a edição do Luso Fonias de 20 de Julho não foi o acontecimento em si mas o que dele advém. Ou seja, estivemos à conversa sobre a importância do desporto para a união e solidariedade entre povos.

Não perca a entrevista a Fernando Correia de Oliveira, cujo percurso profissional passa pelas actividades de jornalista, autor, investigador e editor independente. Especializado em temas asiáticos, foi o primeiro jornalista português alguma vez acreditado junto das autoridades chinesas com carácter de permanência.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«O ideal olímpico nasceu há mais de cem anos na Grécia. Nesses primeiros tempos, o prémio era uma coroa de ramos e flores e tudo se ficava por aí. Os valores olímpicos concentravam-se em três expressões: mais rápido, mais alto, mais forte, traduzindo os objectivos das corridas atléticas que os jogos olímpicos integravam. Hoje, mais de um século depois, o ideal olímpico é bem outro e há muitíssimos interesses a girar à sua volta e a merecer algumas reflexões sérias sobre o assunto.

Os Jogos Olímpicos exigem hoje uma enorme máquina organizativa e mexem com milhões. As candidaturas dos países têm de se fazer muito antes da data da realização e funcionam, e de que maneira, os lobbies que permitem que o Comité Olímpico Internacional atribua a organização a esta ou aquela candidatura.

Este ano serão, como todos sabemos, em Pequim, capital da China. Poderá ser um excelente pretexto para se pegar no calcanhar de Aquiles deste grande país, o mais populoso do mundo: o problema gravíssimo da violação dos direitos humanos. O caso mais emblemático é o da opressão do Tibete, uma vez que a figura do Dalai Lama está sempre nas bocas da comunicação social internacional. Mas há outros problemas igualmente muito sérios como o da falta de liberdade de expressão e de religião. A título de exemplo, a Igreja católica fiel ao Papa continua a ser perseguida na China.

Mas, mais uma vez, os interesses económicos estão a passar por cima dos direitos humanos. Todos os países (ou quase) têm medo de dizer o que quer que seja contra o governo de Pequim, uma vez que o potencial económico da China não se pode desperdiçar e uma palavra mais azeda contra este Governo pode deitar tudo a perder no que diz respeito e relações comerciais e industriais.

Pelo menos os Meios de Comunicação Social, em peso na China por estes dias, vão falar. E vão denunciar as violações dos direitos humanos. E vão confrontar os governos do mundo ocidental com esta ambiguidade na relação com a China: não concordam com as políticas de repressão, mas também não querem perder nada nas relações económicas e permitem que o dinheiro esmague a dignidade humana.

‘Mais rápido, mais forte, mais alto’... ideal olímpico que também se deveria passar para o empenho pelos direitos humanos. Na China e no mundo inteiro.»




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domingo, 13 de julho de 2008

Enlaces: educar para o desenvolvimento

“Educação para o Desenvolvimento e Cooperação Descentralizada: recursos e estratégias locais” foi o tema do Seminário Nacional que decorreu nos dias 30 de Junho e 1 de Julho na Fundação Calouste Gulbenkian.

Um Seminário realizado no âmbito do Projecto Enlaces, promovido pela Fundação Evangelização e Culturas em parceria com cinco municípios e uma organização não governamental, com vista a reforçar a relação entre a Educação para o Desenvolvimento e a Cooperação Descentralizada.

O Luso Fonias de 13 de Julho esteve à conversa sobre este projecto, o Enlaces, procurando saber quais os resultados desta experiência. Em estúdio esteve a Dra. Sandra João, coordenadora do projecto, e a Dra. Helena Palacino, coordenadora do Gabinete de Cooperação e Desenvolvimento Comunitário da Câmara Municipal do Seixal, uma das cinco autarquias parceiras do projecto.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Estamos em tempo de globalização e parece que o mundo se tornou pequeno e as pessoas muito próximas. Mas, se calhar, nunca estivemos tão longe uns dos outros, tão alheios à sorte e à má sorte dos outros cidadãos deste mundo em que todos vivemos.

Por isso se tornou tão urgente dar as mãos e criar laços entre povos, instituições e pessoas. E ao dizer ‘pessoas’, quero que esta palavra tenha pleno sentido, porque se dissesse ‘indivíduos’ estaria a falar de gente solitária, sem relação com ninguém. Ao usar a palavra ‘pessoa’ exijo relação, comunhão, solidariedade.

A palavra ‘fraternidade’ parece hoje um pouco gasta e bastante riscada das páginas de boa parte dos dicionários da vida. Mas, ontem como hoje, ser irmão de todos, à moda de um Cristo, de um S. Francisco de Assis ou de uma Madre Teresa de Calcutá, continua a ser decisivo para que se faça tudo o que está ao nosso alcance por um mundo mais humano, mais fraterno e mais cristão.

A educação para o desenvolvimento pode permitir uma maior aproximação entre ricos e pobres e, desta forma, ajudar a dar um passo em frente em direcção a sociedades mais organizadas e mais equilibradas, permitindo também uma maior capacidade de relacionamento e partilha com outras sociedades. Há que criar laços, não na base dos interesses económicos e ganâncias de ter e de poder, mas apostando numa partilha onde todos ganhem e onde a dignidade e os direitos humanos saiam vencedores.

A reunião dos líderes mundiais mais poderosos, o G8, no Japão, reflecte sobre o problema da pobreza e da fome no mundo. Mas faz uma reflexão de barriga cheia e sem querer ceder nenhum dos seus privilégios de povos ricos. Por isso, as Relações Internacionais podem não ser o meio mais adequado para promover a justiça e a fraternidade. Há que encontrar outras formas, mais humanas e mais fraternas, de provarmos ao mundo que somos mesmo todos irmãos.»





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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os leigos na Igreja de hoje: desafios e dificuldades

O Luso Fonias de 6 de Julho esteve à conversa sobre o papel dos leigos na Igreja, procurando saber quais os desafios e dificuldades que enfrentam.


O leigo é um cristão, incorporado em Cristo e na Igreja, participante activo da sua missão. Mas para saber mais sobre o papel dos leigos na Igreja, nada melhor do que ouvir a entrevista a Benjamim Ferreira, Director do Secretariado Nacional do Apostolado dos Leigos e da Família (SNALF), bem como os apontamentos das rádios que colaboram na rubrica Vozes da Lusofonia.





Segue o comentário do Pe. Tony Neves:


«O Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, publicou a 18 de Maio uma Carta Pastoral para celebrar os seus 30 anos como Bispo em Lisboa. A última parte é sobre a missão dos Leigos e, por isso, limito-me a citá-lo:


‘Na missão interna da Igreja, os leigos ganharam uma preponderância crescente: basta pensar na catequese, no ensino da religião nas escolas, nas estruturas sociais de vivência da caridade, nos movimentos de espiritualidade, na participação activa na Liturgia. Será isso suficiente para construir o modelo de Igreja protagonizado pelo Concílio? É que não se trata apenas de os leigos fazerem aquilo que faziam os sacerdotes e tantas vezes à maneira deles. Trata-se de uma fisionomia nova do rosto da Igreja, que supõe, disse Bento XVI aos Bispos Portugueses, uma contínua mudança de mentalidade”.


Diz D. José Policarpo um pouco adiante: “Enquanto os leigos só fizerem aquilo que os sacerdotes mandam e nada fizerem sem o Senhor Prior dizer como é, pouco se avança na desclericalização da Igreja. Penso no vasto campo da presença da Igreja no seio das realidades terrestres, da interpretação e busca de sentido dessas realidades, campo próprio das iniciativas apostólicas dos leigos. Mas também na estrutura interna da Igreja e na criatividade da sua missão é preciso continuar a valorizar o carisma laical, através da corresponsabilidade e da construção da comunhão”.


Sobre a Igreja neste tempo, conclui o Patriarca de Lisboa: “Duas atitudes da Igreja são, hoje, melhor aceites: a generosidade do serviço, sobretudo dos mais pobres, e a força do testemunho.


Os valores da Igreja não são os da sociedade; são inspirados no Evangelho e na dignidade do homem restaurada em Jesus Cristo. É certo que os valores que a Igreja defende não são apenas os valores religiosos, mas também os valores universais humanos, a que a vivência cristã acrescentará profundidade e radicalidade. Quando a Igreja se bate pela defesa desses valores, como, por exemplo, a dignidade inviolável da pessoa humana, a defesa da vida, desde o seu início até à morte natural, a defesa da estabilidade da família, a Igreja não o faz por serem valores estritamente religiosos, mas por serem valores universais humanos profundamente radicados nas tradições culturais da humanidade. Há um combate inevitável na defesa desses valores e esse combate a Igreja trava-o porque é um combate pelo futuro do homem”.»





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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Violência: como proteger os nossos filhos?

Violência é uma palavra que surge cada vez mais nos órgãos de comunicação social, onde são descritos casos de agressões entre jovens, pais e filhos, alunos e professores… e estes são apenas alguns dos exemplos. Violência é uma palavra que no dicionário aparece definida como um constrangimento exercido sobre uma pessoa para a obrigar a fazer ou a deixar de fazer um acto qualquer.

No entanto, o Luso Fonias de 29 de Junho apresentou outras formas de violência contra as crianças, que nem sempre são encaradas como tal. Ouça a entrevista à Dra. Sandra Nascimento, Presidente da Direcção da APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Tempos houve em que as questões ligadas à violência ou eram expostas nos meios de comunicação social ou ficavam escondidas, nas famílias, atrás de quatro paredes sem que ninguém tivesse coragem de as denunciar. Nos últimos anos, a violência saiu à praça pública com as guerras que muitos dos nossos países lusófonos viveram e com a onda de assaltos e crimes que acontecem de dia e de noite em muitas das nossas cidades e vilas do espaço lusófono.

A Internet, auto-estrada da comunicação que se torna difícil de acompanhar e controlar, constitui um espaço privilegiado para a aliciação dos jovens e crianças, gerando histórias nem sempre com fim muito feliz. Na Europa e Estados Unidos são numerosos os casos de crianças, adolescentes e jovens que se deixaram enganar pela Internet e partiram ao encontro de quem maltratou e até matou, sem que os pais se tivessem apercebido dos caminhos por onde os filhos iam andar.

Proteger os filhos da violência torna-se hoje uma missão quase impossível. Mas, por isso mesmo, é desafio a responder com coragem.

No que diz respeito à violência doméstica, seja ela de que tipo for, há que criar mecanismos que liberte as crianças do medo e as levem a denunciar os maus-tratos que estejam a sofrer. Nos contextos de guerra e outras formas de violência generalizadas há que incentivar o respeito pelos direitos das crianças, nunca admitindo a hipótese delas se tornarem crianças soldado. Quanto ao assédio das novas tecnologias da informação, há que activar alguns mecanismos de controlo que permitam ir atrás de quem comete crimes contra as crianças e adolescentes indefesos.

Os pais, muitos deles com dificuldades de acompanhar a evolução das tecnologias, precisam de ser ajudados nesta de proteger os filhos. A sociedade e os governos têm de criar meios de combate adequados aos novos criminosos dos tempos que correm. O futuro da humanidade depende muito da capacidade de defesa das novas gerações.»





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Formar para o empreendedorismo

No cenário actual de crise e pessimismo que se vive, fala-se cada vez mais em empreendedorismo, ou seja em criar e colocar em prática novas ideias.

O empreendedorismo encontra-se, actualmente, no centro das atenções e tem sido alvo de inúmeras iniciativas, nomeadamente no que diz respeito ao sistema de ensino que tem desenvolvido esforços no sentido de formar cidadãos mais empreendedores, capazes de criar novos negócios ou de desenvolver novas oportunidades em organizações já existentes.

O Luso Fonias de 22 de Junho teve como tema “Formar para o empreendedorismo”. Em estúdio esteve o Dr. Manuel Forjaz, licenciado em economia pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), investigador em empreendorismo africano no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«É preciso ter horizontes largos, boa formação, vontade firme de trabalhar e condições para que os investimentos possam atingir os objectivos previstos. Estamos num tempo em que é preciso ousar para vencer e nem sempre quem mais e melhor trabalha é quem obtém os melhores resultados.

Tempos houve em que qualquer jovem que se aventurasse a tirar um curso médio tinha emprego assegurado e muito bem remunerado, em comparação com os outros trabalhadores. Isso aconteceu durante muitos anos em todo o espaço lusófono.

Os tempos mudaram e hoje a situação é completamente diferente. Um pouco por todo o lado, encontramos pessoas com altas habilitações académicas que não encontram um emprego na área em que se especializaram. Ora, isto é mau por duas razões: as pessoas investem e não são aproveitados os seus talentos pela sociedade; porque quem investe não vê os resultados, há muito quem venha atrás e não estude pois acha que está a deitar dinheiro e tempo pela janela fora. Ora, estudar e não ter emprego e deixar de estudar porque se prevê que não há emprego... é mau demais para uma sociedade que quer crescer e fazer crescer a qualidade humana dos seus cidadãos.

Os tempos que correm exigem criatividade. Daí que se torne fundamental uma educação para o empreendedorismo, ou seja, que se formem os mais jovens para a criatividade laboral, abrindo novas perspectivas de emprego, criando postos de trabalho, investindo em áreas de futuro.

Ter rasgo já não pode ser privilégio de meia dúzia de génios, mas tem de ser um princípio generalizado da educação, pois só assim se conseguem respostas para a crise dos tempos actuais.»




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China: uma influência na lusofonia?

O Luso Fonias de 15 de Junho esteve à conversa sobre a influência da China nos países de expressão portuguesa.

A nível económico tem-se verificado uma crescente procura chinesa de matérias-primas no exterior, bem como a necessidade de escoamento da sua produção industrial e agrícola. Em termos político-diplomáticos, a China, enquanto um dos maiores países em desenvolvimento do mundo, pretende reforçar a sua influência nestes países, por via de medidas como projectos de cooperação para o desenvolvimento.

Ouça a entrevista ao Professor Moisés Silva Fernandes, investigador e Director do Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«A China apresentou-se, neste virar de milénio, como o país com mais potencial para abalar o mundo. E, ao fazer esta afirmação, não quero fazer um juízo de valor e, muito menos, uma avaliação negativa da ‘chamada’ invasão chinesa ao resto do mundo.

Se é verdade que países como o Brasil ou os Estados Unidos da América já há muito tempo que têm imigrantes chineses em números muito elevados, acontece agora que cidadãos da China estão a chegar, em grande número, a espaços que outrora não eram terra de emigração. Falo, por exemplo, de Angola, país que visitei há meses e onde encontrei muitos chineses envolvidos em obras e negócios.

Se o Brasil já há muito tempo que tem uma comunidade de origem chinesa enorme (a cidade de S. Paulo tem uma parte quase só habitada por comunidades asiáticas...), se Portugal sente, de ano para ano, aumentar o número de lojas comerciais geridas por chineses e restaurantes, causa mais admiração o aumento que se verifica em África dos investimentos deste grande país oriental.

Ainda é cedo para avaliar o impacto da cultura chinesa no espaço lusófono, mas já será possível medir a influência económica que a China exerce na lusofonia. Terras com povos acolhedores não devem temer a chegada de pessoas de outras histórias e culturas, mas devem aproveitar para se enriquecerem com a pluralidade de expressões culturais e perspectivas diferentes no que diz respeito a concepções familiares, económicas e sociais.

Neste Ano Europeu do Diálogo Intercultural, há que abrir portas e crescer. Se todos formos mais abertos e tolerantes, o mundo será um espaço mais fraterno. E se ajudarmos a China a tornar-se mais humana e tolerante, vão acabar os problemas no Tibete, em Taiwan e noutros espaços onde os braços de ferro fazem muitas vítimas e a intolerância tende a aumentar. E isso é mau para todos.»





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Crianças: por um futuro mais risonho

A 1 de Junho celebra-se o Dia Mundial da Criança, um dia para consciencializar o mundo de que todas as crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social, necessitam de cuidados e atenções especiais, precisam de ser compreendidas, preparadas e educadas de modo a terem possibilidades de usufruir de um futuro risonho.

Na entrevista do Luso Fonias de 8 de Junho falámos de crianças. Procurámos saber quais os desafios que algumas crianças têm de enfrentar por um futuro melhor.

Em estúdio esteve Lúcia Pedrosa, Fisioterapeuta no Instituto Português de Oncologia (IPO). Trabalha como voluntária com os missionários do Espírito Santo desde 2000, tendo estado em missão em Cabo Verde e Angola.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«São milhares as crianças e os jovens que, ano após ano, entram numa longa lista de desaparecidos. Alguns aparecem, mas a maioria saiu do mapa para sempre.

O tráfico humano é um drama sem solução à vista, dado que parece ser dos negócios mais rentáveis. E quando envolve crianças e jovens, a situação complica-se pois só se desenham quatro cenários, cada qual o pior: a chantagem de um resgate; a utilização para abusos sexuais; a venda para adopção (crianças pequenas); tráfico de órgãos.

Há redes muito bem organizadas que funcionam segundo uma lógica mais ou menos mafiosa. Estudam-se os alvos a atingir; fazem-se os raptos; levam-se as vítimas para longe; fazem-se os negócios considerados mais rentáveis para cada caso. Enfim, um filme de terror onde os protagonistas não são pagos nem alvo de um casting voluntário. Trata-se de uma moderna forma de escravatura cujo fim ainda não se vislumbra na linha do horizonte. Daí que as polícias, à escala mundial, tenham reforçado, nos últimos anos, o combate a estas práticas. Os resultados ainda não são muitos animadores, mas já se vão descobrindo e desmascarando algumas destas redes.

Estamos num tempo marcado pela insegurança. Mesmo em Portugal, nas aldeias do interior, as pessoas já não se deitam com as portas da casa abertas nem ousam sair de casa sem as fechar a sete chaves. E quando, para além dos bens materiais, há o risco de assalto às próprias pessoas, a situação agrava e muito.

Há que investir muito na defesa das pessoas, sobretudo dos principais alvos destas redes de traficantes humanos. E, quando a desgraça dos raptos acontecer, a polícia tem de ter meios e vontade para agir depressa e bem, pondo cobro a este tipo de barbaridades humanas de bradar aos céus. Há que defender as pessoas, custe o que custar, pois elas vão continuar a ser o melhor do mundo.»




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Esperança em África

O Luso Fonias de 1 de Junho contou com uma emissão dedicada a África.

A 25 de Maio celebra-se o Dia de África e o nosso programa aproveitou a oportunidade para falar mais uma vez do continente africano, da esperança que se vive e do muito que há a fazer por aquele povo.

Não perca a entrevista realizada pela Ir. Teresa Turisse da Rádio Ecclesia (Angola). Uma conversa sobre África com o Prof. Adriano Parreira, docente de História de África na Universidade Agostinho Neto.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«A África continua a ser o grande continente da esperança. Primeiro, porque tem gente. Gente na sua maioria jovem, cheia de sangue novo, de dinamismo, de alegria, de capacidade de fazer festa. Depois, porque tem riqueza material quanto baste para se pensar num futuro risonho para as suas populações.

Mas, para dar corpo a esta esperança há que derrubar uma série de obstáculos. Antes de mais e acima de tudo, é urgente acabar com todas as formas de violência. E são muitas: guerras, conflitos mais ou menos étnicos, tensões religiosas, violações dos direitos humanos. Há que criar as condições políticas para uma sã convivência entre todos e o respeito pelas regras democráticas que permitem a pacificação da vida social das pessoas. Depois, vem o problema muito grave das doenças que dizimam aos milhares e deitam por terra projectos de futuro: a malária, doença dos pobres que continua a fazer razia em muitos países africanos; a sida, essa malfadada doença que atinge muitos jovens e lança sérias sombras sobre o futuro deste continente tão afectado.

A justiça social também merece empenho. Muitos dinamismos de corrupção parecem instalados até à medula da organização de certos países e instituições e ceifam a esperança do bem-estar a uma fatia significativa da população. Os poderes instituídos e instalados sentem-se, por vezes, senhores de tudo e de todos e espezinham os direitos humanos sem que ninguém lhes chame a atenção ou os obrigue a agir de outra forma. Isto é preocupante tanto em África como noutros continentes e deveria merecer a reflexão e a intervenção de todos.

Mas volto a reafirmar que, apesar de tudo, há lugar para a esperança neste continente verde. Combatendo tudo o que destrói a dignidade das pessoas, a África vai poder continuar a trabalhar, a cantar e a dançar, mostrando no rosto de todas as pessoas a alegria de serem africanas e felizes.»



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