sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Música como encontro de culturas








A música tem o poder de transmitir sentimentos e aproximar as pessoas, numa linguagem que é universal. Os países lusófonos têm um património musical variado e muito rico, e vários dos nossos artistas têm feito a experiência de juntar ritmos e sonoridades dos diferentes países e assim vão reforçando um universo cultural comum.
Para nos falar sobre música e interculturalidade, o Luso Fonias conta com a presença da cantora caboverdiana Celina Pereira.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Ao falar da Música vem-me sempre á memória o aviso que o meu professor de Eclesiologia, na Universidade Católica, em Lisboa, a fazia aos alunos: estudem os manuais de teologia a sério, não quero que se formem padres de viola ás costas! Esta crítica era dirigida a mim e outros como eu que, durante os estudos de Teologia, percorríamos dos caminhos das paróquias onde fazíamos a pastoral, quase sempre de viola às costas, para falar de Deus ás pessoas de uma forma divertida: cantando e pondo as pessoas a cantar e a louvar a Deus através da música. Anos a fio, tentei animar crianças, jovens e menos jovens, através de textos e melodias que as pessoas gostavam de cantar. E sempre achei que tal não excluía a teologia. Pelo contrário, constituía uma forma simpática atractiva de proclamar as verdades da nossa fé e os compromissos que ela exigia, sempre em ordem à construção de um mundo mais humano e mais fraterno.
E, quando estudava Filosofia em Braga, fundamos uma ‘orquestra Típica’ que cantava e tocava músicas do património popular português, garantindo animação em dias de festa nas comunidades por onde passávamos. A música servia, ao mesmo tempo, a cultura, o convívio e a missão.
Em Angola, não podia passar sem a festa que os batuques garantiam nas visitas às comunidades, mesmo em tempo de guerra. Não era preciso mais nada: bastava um batuque e pessoas para assegurar a alegria por muitas horas, por vezes para a noite inteira. Ali, a música era o garante da comunhão, da alegria e da festa. Em tempo de guerra, juntar-se á volta da fogueira para cantar e dançar era acontecimento que enchia a alma e apagava as mágoas.
Terminou há tempos o Rock in Rio, em Lisboa. Continua a ser impressionante a capacidade que a música tem de unir pessoas ou, pelo menos, de as congregar. O lema deste evento é ‘por um mundo melhor’. Se conseguiu atingir este objectivo há que dar parabéns à música e aos músicos. Afinal, num mundo tão dividido, as expressões musicais têm o talento de unir. Como pede Jesus na parábola do Evangelho, há que pôr este talento a render mais.»







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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Portugal e o mundo lusófono: desenvolvimento comum







Num momento de crise financeira internacional que atinge todos os países e numa altura em que Portugal assume cada vez mais um compromisso de controlo da despesa pública, vamos analisar a cooperação portuguesa face aos compromissos assumidos a nível internacional para contribuir para a criação de um mundo global mais justo.
Para nos falar sobre a cooperação portuguesa, o Luso Fonias conta com a presença do Dr. João Martins, da Plataforma das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento.










Na opinião do P. Tony Neves:




«A lusofonia – basta olhar para a história para o concluir – nasceu da colonização portuguesa. Por isso, á partida, há sentimentos contraditórios nascidos de um processo complexo de mais de 500 anos. A colonização não assentou, como é óbvio, no respeito dos direitos humanos nem da dignidade igual das pessoas. A história foi a que foi e ela não pode ser alterada. Mas há feridas que ainda não estão completamente cicatrizadas. Nestes 500 anos, a par de aspectos negativos, houve, claro está muitas coisas positivas que, apesar de tudo, faz dos povos que hoje falam português países irmãos. Eu não sinto a mesma coisa quando aterro no Congo ou em Angola, no México ou no Brasil, no Senegal um em Cabo Verde, na África do Sul ou em S. Tomé, na Guiné Conacri ou na Guiné Bissau... Sinto as pessoas dos países lusófonas como minhas irmãs, pois partilhamos a mesma língua e boa parte da mesma história.
Ora, o tempo colonial também não ajudou a construir um ‘império económico’ com igual desenvolvimento para todos. A era das independências (e refiro-me só a África) fez passar a autoridade dos administradores portugueses para os novos líderes locais, situação que, em alguns casos degenerou em guerra civil e noutros em dificuldade governativa. Por estas e outras razões, o índice de desenvolvimento humano, publicado ano após ano pelas Nações unidas, prova que há muita pobreza e pouco desenvolvimento sustentável em boa parte do espaço lusófono. Pela história comum e pela cultura que partilhamos, nós, os lusófonos, devíamos dar mais as mãos e trabalhar por um desenvolvimento que aprofunde laços de comunhão e solidariedade entre todos. Não faz sentido que, por exemplo, a Guiné-Bissau esteja na cauda da lista dos países mais pobres. Há que ser mais solidário, quer nos apoios directos, quer na ajuda à boa governação, um dos problemas que muitos países do mundo enfrentam.
Estão constituídas diversas plataformas de encontro no espaço lusófono. Será que funcionam a sério? A CPLP consegue atingir os objectivos para que foi fundada? A Plataforma das Igrejas Lusófonas, que une as lideranças das conferências episcopais do espaço lusófono tem reunido com frequência, debatido assuntos pastorais e sociais importantes, gerado ondas de solidariedade, mas não se poderia ir ainda mais longe?

Estas e outras questões precisam de ser aprofundadas. Há que investir num desenvolvimento mais equilibrado na lusofonia para que todos nos sintamos mais irmãos. É que, verdade seja dita, não basta falarmos a mesma língua!»







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As Crianças: o futuro do desenvolvimento







Na semana em que comemorámos o Dia Mundial da Criança, vamos debater sobre as formas de sensibilizar as crianças para a solidariedade e o desenvolvimento global, porque é nas mãos delas que está o futuro da humanidade. Vamos conhecer a experiência da Associação das Guias de Portugal, que aposta forte na educação das suas crianças e jovens, e que levou a cabo recentemente uma campanha de recolha de fundos para projectos em vários pontos do globo.
Para nos falarem das suas actividades, o Luso Fonias conta com a presença de Inês Domingues e Joana Henrique, da Associação das Guias de Portugal.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Fernando Pessoa quando disse que ‘o melhor do mundo são as crianças’ estava a ser profeta sem dar por ela. De facto, a sua simplicidade, a sua ternura, a capacidade de amar e de crescer, a alegria sem preconceitos, a falta de filtros que lhes permite ser verdadeiras... são valores que nós, os adultos, por vezes, vamos perdendo ao longo dos anos. Mas, as notícias que vão circulando por aí mostram que elas, em muitos contextos, são maltratadas e sentem os seus direitos espezinhados. E não estou em falar na situação limite e degradante que tem a ver com os abusos sexuais, nem me refiro ao drama inqualificável do trabalho infantil. Refiro-me, sim, a situações mais simples que se prendem com as consequências dramáticas da pobreza.
Um dos objectivos do Milénio para o Desenvolvimento refere a escolaridade mínima. Outro refere a saúde materno-infantil. Ora, os números falam alto acerca da quantidade de crianças que não vão á escola, que não têm acesso aos cuidados mais elementares de saúde, que não vivem numa habitação condigna, que passam fome, que vivem em contexto de guerra ou violência mais ou menos generalizada... e continuamos a falar daquelas que Fernando Pessoa definiu como ‘o melhor do mundo’, ou seja, as Crianças.
Trabalhar pelo desenvolvimento integral das novas gerações é fundamental para a construção de um futuro de paz e desenvolvimento. São muitas, felizmente, as instituições que, por esse mundo fora, trabalham por mais educação, mais saúde, melhor habitação, mais respeito pelos direitos humanos, mais paz, mais progresso. E, regra geral, as crianças são sempre o grupo prioritário destas intervenções humanistas e solidárias.

O Dia Mundial da Criança que celebrámos a 1 de Junho, deve permitir uma focagem especial neste mundo das crianças. Que bom que seria perceber que a expressão feliz do nosso Poeta Pessoa não é letra morta gravada em livro mas se transformou em prática quotidiana em todo o mundo. O futuro, desta forma, estaria mais que garantido, para todos.»







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sexta-feira, 11 de junho de 2010

África: um continente em expansão






Assimetrias sociais, desenvolvimento muito frágil, instabilidade política e económica... São geralmente estes os termos que preenchem os cabeçalhos dos meios de comunicação quando se referem a África. Mas o continente africano é muito mais do que isto. Nele encontra-se uma grande variedade cultural, um enorme potencial de crescimento dadas as suas riquezas culturais e uma demografia jovem com uma grande sede de conhecimento.
Para nos falar sobre esta África em expansão, o Luso Fonias conta com a presença do Professor Carlos Lopes do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Celebramos, a 25 de Maio, o Dia de África. Festa não faltou. Nem em África, nem no resto do mundo onde África está presente. O ritmo, o colorido, a alegria, a dança estão sempre presentes quando há africanos. Esta é uma imagem de marca do continente verde e talvez seja um dos elementos fundamentais para explicar a sua capacidade de enfrentar dificuldades, de sobreviver em situações críticas aos olhos do resto do mundo. Mas não basta fazer festa. É preciso dar estabilidade aos Estados, às economias, á democracia. É preciso cimentar a paz onde ela foi conseguida após longos anos de conflitos sangrentos. É preciso criar empresas competitivas e modernizadas. É preciso que o Serviço Nacional de Saúde funcione bem. É preciso que os Direitos Humanos sejam respeitados por todos. É preciso que uma Educação de qualidade esteja ao alcance de todos. Enfim, há muitos objectivos ainda por alcançar em África como no resto do mundo. Celebrar o Dia de África é também um excelente pretexto para avaliar o caminho percorrido e lançar os alicerces de um futuro assente em valores, na justiça, na paz, na solidariedade, no respeito pelos direitos humanos, numa economia desenvolvida, na fraternidade.
Passei a Páscoa no norte de Moçambique. Experimentei, mais uma vez, a hospitalidade extraordinária de um povo que oferece tudo o quem tem a quem o visita. Senti, na relação construída, como a festa faz parte da sua vida. Percebi a sua vontade de ver crescer os filhos, apostando na sua ida Escola. Mas doeu-me muito ver a extrema pobreza de quase todos em contraste com a provocadora riqueza de uns poucos. Doeu ver como a máquina do desenvolvimento está quase parada no interior onde não há estradas, nem escolas, nem hospitais, nem fábricas e as pessoas sobrevivem com o seu campo e o pequeno comércio que dá para ir fazendo.

Celebrar o dia de África foi pretexto para fazer subir a auto-estima de um continente que tem tudo para ser grande. Sempre com a convicção de que o melhor do mundo são as pessoas e é nelas que é urgente investir.»







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Diálogo Intercultural






Na semana em que comemorámos o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, o Luso Fonias teve como tema o "Escolhas", um Programa do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural que promove a igualdade de oportunidades entre os jovens descendentes de imigrantes e de minorias étnicas. Para nos falar sobre este programa, contamos com a presença de Pedro Calado, Director do Programa, e António Embaló, coordenador de um projecto em Loures, o Projectar Lideranças.










Na opinião do P. Tony Neves:




«Bento XVI, na sua recente visita a Portugal, falou várias vezes da riqueza da diversidade cultural, quando assenta no diálogo e não na confrontação. No encontro como o mundo da Cultura, o Papa reconheceu que ‘a convivência da Igreja, na sua adesão firme ao carácter perene da verdade, com o respeito por outras ‘verdades’ ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer’. Esta confissão é um acto de humildade que é geradora de esperança na construção de um mundo assente nos pilares dos direitos humanos. Mais adiante, o Papa afirma: ‘Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e dar-lhe aquilo que possui de bem, de verdade e de beleza’.
Na preparação da visita do Papa, Lisboa encheu-se de faixas de pano. Esta campanha de rua apoiou-se em verbos com mensagem profundamente bíblica, que acompanhavam todos a afirmação: ‘Foi o que o Pai me ensinou’. ‘Amar’, ‘perdoar’, ‘acreditar’, ‘esperar’, ‘confiar’ e ’festejar’ eram os verbos que apoiavam o lema da campanha que tinha um rosto a mostrar que Lisboa é multicultural. Quem ia percorrendo as avenidas olhava para caras europeias e africanas, todas unidas por uma fé comum e pela pertença à Igreja. De facto, quer Portugal quer a Igreja Católica são um espaço sem fronteiras onde todas as culturas têm lugar, vez e voz, sem haver quaisquer razões para discriminações.
No Porto, com a Avenida dos Aliados a rebentar pelas costuras, Bento XVI voltou a falar do diálogo: ‘hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência entre os povos’.

O respeito pela diversidade cultural, assente no diálogo gera desenvolvimento e abre caminhos de futuro. Por isso, há que dar vida ao slogan do Rock in Rio que está a acontecer em Lisboa e que tem por lema: ‘Por um mundo melhor’.»







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