domingo, 29 de novembro de 2009

SIDA: Como erradicar o preconceito?

A 1 de Dezembro comemora-se o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA. Uma data que serviu de mote ao Luso Fonias de 28 de Novembro, que focou a importância de se erradicar o preconceito que está associado a esta doença.
Teresa D'Almeida
Não perca a conversa com Teresa D’Almeida, presidente da SOL – Associação de Apoio às Crianças Infectadas pelo Vírus da SIDA e suas Famílias. Uma conversa sobre solidariedade, luz e esperança.



Na opinião do P. Tony Neves:

«A SIDA apareceu, na viragem do século e do milénio, como um grande desafio à ciência, à medicina e à sociedade. À Ciência porque é preciso investir ainda mais no estudo deste vírus, a fim de se encontrar formas de o erradicar; à medicina porque se trata de uma doença que exige, como todas as outras, de meios e métodos para diagnosticar a presença do vírus, combatê-lo na medida dos possíveis e acompanhar as pessoas que são dele portadoras; à sociedade porque se criou a mentalidade de que os portadores desta doença a contraíram através de comportamentos catalogados como negativos e, por isso, os doentes de SIDA são, em muitos casos, excluídos no plano social e até familiar.

Mais importante do que erradicar o vírus, há que erradicar o preconceito. Tenham lá contraído a doença onde quer que seja, o fundamental é olhar cada pessoa no momento e na circunstância em que está. Mais importante do que querer saber como é que alguém contraiu uma doença é perceber que caminhos palmilhar para a combater, permitindo a recuperação da pessoa.

Assim, há que continuar a investir na investigação para que se encontrem medicamentos que matem ou neutralizem os feitos do vírus do HIV. Há que criar condições para tratar todos os seropositivos, para que vivam com o máximo de dignidade e integração social e familiar. Há, claro está, que evitar comportamentos de risco, para que quem ainda não foi atingido por este flagelo possa passar-lhe ao lado. Aqui, os princípios éticos e propostas de comportamento da moral cristã ajudarão muito, caso as pessoas os queiram seguir.

Combata-se a SIDA, apoiem-se os doentes, mas não esquecemos as outras doenças e os outros doentes para quem quase ninguém olha: refiro-me à malária, à tuberculose e a outras enfermidades que vitimam milhões de pessoas por esse mundo além, mas têm o problema de quase só afectar as populações mais pobres.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O fenómeno religioso nos media

O Luso Fonias de 21 de Novembro esteve à conversa sobre “O fenómeno religioso nos media”. Fomos procurar saber se há ou não espaço nos media para o religioso e qual a importância de formar jornalistas para o tratamento da informação religiosa, para que esta não seja abordada apenas por questões institucionais ou de conflito. Em estúdio esteve António Marujo, jornalista do jornal “Público”.


António Marujo
Na opinião do P. Tony Neves:

«'Notícia não é um cão morder num homem. É um homem morder num cão’ – assim se aprende nas escolas do jornalismo, para ficar claro que o normal, o habitual, o esperado não dá razões a nenhum jornalista para escrever uma notícia que ocupe muito espaço nas páginas de um jornal, num noticiário de rádio ou televisão, num site de internet. Ora, este princípio aplica-se em cheio ao mundo do Religioso nas suas relações com os media. Fala apenas de três situações que têm feito correr rios de tinta. Comecemos pela mais dura: houve alguns casos de membros da Igreja que foram envolvidos na teia da pedofilia. Abriram-se noticiários sem conta, escreveram-se páginas e mais páginas... como se de notícias religiosas se tratasse! Para qualquer receptor mais atento, estávamos perante um caso de tribunal, mas o facto de envolver figuras da Igreja, multiplicaram o efeito da atenção dada pelos receptores e, por consequência, obrigaram os emissores a gastar mais espaço.

Em Portugal, o escritor Nobel José Saramago, lembrou-se, do alto do seu anticlericalismo primário, de escrever um livro sobre ‘Caim’, mas, mais do que isso, aproveitar o lançamento da obra para insultar a Igreja, com palavras que mostravam uma intolerância extrema. Com isto, todos holofotes mediáticos apontaram para o livro e para o autor, abrindo quase que uma guerra religiosa, concluindo Saramago que só não foi queimado pela Igreja porque a inquisição já tinha fechado as portas. O resultado final foi que a venda dos livros disparou... e pouco mais. Mas também é verdade que a Bíblia foi mais referida nesses dias que no conjunto dos últimos 10 anos!

Para acabar, queria lembrar que os Bispos portugueses reuniram em Fátima, de 9 a 12 de Novembro. Como está aceso o debate sobre o casamento dos homossexuais, a comunicação social apareceu em peso, em Fátima...só para abordar este assunto. Tudo o que era importante na agenda dos Bispos, não pareceu ter qualquer interesse para os jornalistas. Só aquele tema fracturante.

Diante disto, que pode fazer a Igreja para ter mais vez e mais voz nos media? Não me parece haver respostas de catálogo, mas há que encontrar formas de provar ao mundo que o Evangelho é uma grande notícia, cheia de novidade e impacto social. Talvez nessa altura, o fenómeno religioso tenha, nos media, direito de cidadania.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Imigrantes: um perigo social?

André Costa JorgeA imigração é um fenómeno social. No entanto, os imigrantes nem sempre são encarados da melhor forma, têm dificuldades de integração e, muitas vezes, são explorados pelas fragilidades que apresentam.



No Luso Fonias de 14 de Novembro procurámos saber se há ou não motivos para considerarmos os imigrantes um perigo social. Não perca a entrevista a André Costa Jorge, Director do Serviço Jesuíta aos Refugiados.



Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

domingo, 8 de novembro de 2009

Ano Internacional da Reconciliação

O ano de 2009 foi proclamado como o "Ano Internacional para a Reconciliação", para que se caminhe para a resolução de conflitos nas sociedades marcadas pelo ódio e violência, e para que a paz seja duradoura.

O programa de 7 de Novembro esteve à conversa sobre o conceito de reconP. José Gaspar e Fátima Claudinociliação e como podemos caminhar para uma melhor convivência multicultural. Em estúdio esteve o P. José Gaspar, que foi missionário em Angola, e a Dra. Fátima Claudino, representante da Comissão Nacional da UNESCO.



Na opinião do P. Tony Neves:

«Ia 2008 ainda no meio quando fui surpreendido com a oferta de um calendário dos Missionários da Consolata para 2009 cujo tema era: Ano Internacional da Reconciliação. Foi nessa altura que me apercebi que a ONU tinha tomado esta decisão, útil e oportuna em qualquer ano, atendendo à importância da reconciliação para a construção de um mundo justo e pacífico.

Curiosamente, o II Sínodo Africano, que fechou as portas a 25 de Outubro em Roma, também pegou neste grande tema, aliando-o, como não podia deixar de ser, à justiça e paz. Por isso, achei que, para este espaço, o melhor mesmo era pegar em algumas frases da densa Mensagem Final deste evento que deve marcar o continente africano e questionar o resto do mundo. Destaco, então, algumas das afirmações mais fortes:

Vivemos num mundo cheio de contradições e profundas crises (...). A situação trágica dos refugiados, uma pobreza escandalosa, as doenças e a fome continuam a matar diariamente milhares de pessoas (nº 4).

No que se refere à reconciliação, à justiça e à paz, a Igreja em África continua a contar com a solidariedade dos responsáveis da Igreja nos países ricos e poderosos, cuja política, acções ou omissões, ajudam ou podem causar e mesmo agravar a difícil situação da África. A este respeito, recordamos que entre a Europa e a África há uma peculiar relação histórica (nº11).

Às grandes potências deste mundo apelamos: tratai a África com respeito e dignidade (...) Muitos dos conflitos, guerras e pobreza em África derivam em grande parte destas estruturas injustas (nº32).

A consequência negativa de tudo isto está aí, bem patente a todo o mundo: pobreza, miséria e doenças; refugiados dentro e fora do país e no estrangeiro, a busca de pastagens frescas, a fuga de cérebros, as migrações clandestinas, tráfico de seres humanos, guerras, derramamento de sangue, não raro sob comissão, a barbaridade das crianças-soldado e indizíveis violências contra as mulheres. Como é que alguém se pode orgulhar de “governar” em semelhante situação? Onde pára o nosso sentimento tradicional africano de vergonha? Este Sínodo proclama-o claramente, alto e bom som: é tempo de mudar de atitudes para o bem da geração presente e futuras (nº37).»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Caminhos de Cooperação

No Luso Fonias de 31 de Outubro estivemos à conversa sobre cooperação, sobre como podemos construir pontes entre povos e culturas, ajudando a promover o desenvolvimento sem interesses económicos e financeiros.


“Caminhos de Cooperação” é o tema deste programa, porque o trabalho em Simão Cardoso Leitãoprol do desenvolvimento é isso mesmo, um percurso que está a ser feito mais do que uma solução já pronta.


Para nos falar de algumas experiências esteve em estúdio o Coordenador de Programa da FEC na Guiné-Bissau, o Simão Cardoso Leitão.





Na opinião do P. Tony Neves:


«Participei, no Montijo, a 24 de Outubro, no XI Fórum Ecuménico Jovem. É um evento que se repete ano após ano e que sensibiliza as gerações mais jovens para a urgência da comunhão, da cooperação, da unidade. Este ano foi sobre a reconciliação, apontando cinco direcções. A reconciliação consigo próprio, com Deus, com a Igreja, com os outros e com a natureza. Embora não pareça, esta temática tem tudo a ver com os caminhos de cooperação que é urgente continuar a rasgar. Isto porque, o grande drama da humanidade continua a assentar no facto das pessoas não se considerarem irmãs e, por isso mesmo, não viverem a fraternidade como valor universal.


O mundo continua a caminhar a velocidades diferentes. Uns têm tudo e outros quase nada. Uns esbanjam e outros passam fome. Uns têm máquinas que nunca mais acabam e outros continuam mergulhados num subdesenvolvimento intolerável...


Ora, só mudando mentalidades e corações haverá espaço para uma verdadeira cooperação assente nos pilares da justiça e da fraternidade.


Olhando para as cooperações institucionais, feiras de povo para povo, percebemos logo que elas são comandadas pelos interesses e não pelo respeito que as pessoas merecem. E isso, inquina as águas de uma solidariedade internacional séria, bem como impede que haja um apoio ao desenvolvimento sustentado dos povos mais pobres.


Mas há honrosas excepções. Diversas organizações humanitárias têm feito e continuam a fazer o que podem para que, com os seus projectos, o mundo seja mais humano, mais fraterno e mais solidário, usando a estratégia de dar pão a quem precisa dele hoje e dar ‘cana e ensinar a pescar’ para que haja pão amanhã.


Os mecanismos actuais do desenvolvimento assentam em novas e caras tecnologias que não estão ao alcance dos mais pobres. Ou há uma verdadeira solidariedade internacional ou a globalização ainda vai cavar um fosso mais profundo entre quem tem e quem não tem, podem gerar conflitos que resultarão das injustiças gritantes que vão continuar a existir por esse mundo além.


Abrir caminhos de uma cooperação mais solidária é uma forma de construir um mundo assente na justiça e no respeito pelos direitos humanos.»






Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia


(menu do lado direito)