quarta-feira, 22 de julho de 2009

Educar para a Cidadania


Todos sabemos da importância da educação para a construção e definição da personalidade de qualquer pessoa. Por isso, numa sociedade cada vez mais global e mais exigente, torna-se urgente fomentar junto das camadas mais jovens, um verdadeiro sentido de cidadania, que promova o bem comum e crie as bases necessárias a um desenvolvimento sustentável e equilibrado.

Para nos falar sobre cidadania à escala global, e de como é possível promovê-la junto dos mais jovens, o LusoFonias conta com a participação de Ricardo Santos, um dos responsáveis pela Associação Ad Gentes, uma ONGD ligada aos Leigos Missionários da Consolata que desenvolveu o DEL8, um concurso destinado a todos os alunos do ensino secundário e que procura dar a conhecer os Objectivos do Milénio.



Na opinião do P. Tony Neves:


«A celebração do Dia Internacional da Juventude, a 12 de Agosto, proporciona uma reflexão actual sobre a cidadania e a educação que ele exige nos tempos que correm.

As novas gerações parecem não ter lugar cativo nos dinamismos das sociedades hoje. Basta olhar para o panorama do emprego para concluir facilmente que os jovens só podem ir ocupando os poucos lugares que os adultos, por doença, morte ou reforma vão deixando livres. Também a política parece ser para gente adulta. Nota-se, talvez por estas e outras razões, que os jovens se vão alheando, pouco a pouco, dos seus compromissos de cidadãos intervenientes e responsáveis. Percebe-se que muitos não votam. A sua intervenção em organizações cívicas também não é muito forte. A pertença a grupos de solidariedade também não cativa muitos jovens. Enfim, olhamos para as escolas e universidades e ficamos um pouco assustados com a falta de motivação, o insucesso. Olhamos para os indicadores da vida social e preocupámo-nos com o aumento da violência e da instabilidade social, aí sim, com um forte colaboração das gerações mais novas.

Como educar para a cidadania? É talvez a pergunta mais importante que hoje se pode colocar à sociedade em geral e aos jovens em particular. Há que formar para os valores que devem cimentar as sociedades e estruturar a vida das pessoas. Há que investir na solidificação de perspectivas de vida que assentem sobre a liberdade, a justiça, a paz, a tolerância, o respeito pelos direitos humanos. Há que aproximar as pessoas para que se sintam irmãs e se ajudem mutuamente. Bento XVI, no seu último documento social, diz: ‘A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos’. Falta, muitas vezes, a fraternidade entre povos e pessoas.

A educação para a cidadania deve comprometer mais os jovens em projectos sociais e de desenvolvimento. Há muitas Organizações que realizam projectos de solidariedade, contando com o apoio e o envolvimento dos jovens. Ser cidadãos do mundo obriga a partir ao encontro de quem mais precisa, com esta convicção de que a terra é grande, mas somos todos irmãos.»




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Saber comer - o papel da Família na alimentação


Uma alimentação saudável está na base de um crescimento equilibrado das nossas crianças. No entanto, na correria do dia-a-dia nem sempre se consegue ter tempo e disponibilidade para preparar uma refeição completa que vá ao encontro das necessidades básicas. E em tempo de crise, aumenta exponencialmente o número de famílias que não dispõem de recursos financeiros suficientes para darem aos seus filhos os alimentos mais simples e mais necessários.

Para nos falar sobre como se deve comer e qual o papel da família na alimentação, o LusoFonias conta com o contributo de Luís Santos, Secretário da Direcção da Associação de Doentes Obesos e ex-Obesos de Portugal.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Perdi sete quilos nos últimos seis meses. Para boa parte dos europeus e de outros ricos deste mundo, o que me aconteceu seria uma graça enorme. Só que eu já estava magro e assim fiquei pior. Mas uma parte da humanidade tem problemas sérios de saúde porque come demais e está obesa.

Não é por acaso que os meios de comunicação social falam hoje muito de alimentação. Propõem dietas saudáveis, denunciam a chamada ‘comida de plástico’, tentam educar as pessoas para uma alimentação que não peque nem por excesso nem por defeito. Isto, entre os mais ricos das nossas sociedades.

Entre os mais pobres e acerca deles, o discurso é outro. A fome continua a fazer razias por esse mundo além. A subnutrição é um problema muito sério com consequências desastrosas a todos os níveis. Quando o dinheiro não chega para a comida, muito menos será suficiente para permitir ir à escola, ter uma casa condigna. As desgraças andam sempre todas juntas.

A família desempenha um papel decisivo nas questões alimentares. Tal acontece em caso de abundância como em caso de penúria. Há que investir na educação para a alimentação. Temos que evitar, a todo o custo, que haja desperdícios de comida em casa de quem tem demais e haja fome em boa parte das mesas da humanidade. O saber comer é uma arte que pode revolucionar o mundo, permitindo mais partilha e solidariedade. Provam as estatísticas que a fome não é fruto da falta de alimentos. É, antes, o resultado da sua péssima distribuição, pois enquanto uns esbanjam outros morrem pela sua falta.
Criemos, pela educação, mais justiça distributiva e todo o mundo estará melhor. Sobretudo, todos nos sentiremos mais irmãos.»




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Saúde Materna


Foi lançado recentemente o último relatório da UNICEF que nos dá conta da Situação Mundial da Infância 2009. De acordo com este documento, continuam a verificar-se um pouco por todo o mundo inúmeras situações onde a dignidade do ser humano é colocada em causa. Na sua fragilidade, são as crianças as primeiras a sentir os efeitos das guerras, das doenças, da fome e de outros dramas que continuam a fazer parte do dia-a-dia de tantos países.


Para nos falar sobre os resultados deste relatório e nos explicar o porquê da humanidade continuar a viver dramas como este, o Lusofonias de hoje conta com a participação da Dra. Helena de Gubernatis do Comité Português para a UNICEF.



Na opinião do P. Tony Neves:


«A saúde materna é uma das grandes conquistas dos últimos tempos, á escala do mundo. Conseguir acompanhar a maternidade, corrigir alguns problemas de saúde que surjam durante a gravidez, ter condições para um parto excelente (normal ou por cesariana) e acompanhar os primeiros tempos da criança nascida... é o que quase todas as mulheres conseguem fazer bem nos contextos onde as economias estão de saúde. Uma das consequências positivas é o facto de quase já não haver mulheres a morrer de parto e da maioria absoluta das crianças sobreviverem aos primeiros anos de vida.


O problema é que isto não acontece assim em todo o mundo. Em muitos países, o estado da Saúde ainda é muito grave, as condições de vida das pessoas são más e os cuidados a que as grávidas têm acesso são quase nulos, com consequências desastrosas: elas não são acompanhadas, os partos são tradicionais, as vacinas quase não existem e, como consta no último relatório da UNICEF sobre o estado da infância no mundo, ainda há muitas mulheres que morrem de parto, muitas crianças que não resistem aos primeiros anos de vida, por falta de condições.


‘Mais justiça’ à escala do mundo é uma exigência de humanidade. Não faz sentido que haja cidadãos de primeira e de segunda, que uns tenham tudo e outros quase nada. Bento XVI, na sua encíclica social, fala de um desenvolvimento humano integral que atinja todas as dimensões da vida das pessoas e chegue a todos. Daí que ‘os povos da fome continuem a dirigir-se hoje, de modo dramático, aos da opulência’, a clamar por mais justiça. Diz ainda o Papa que o subdesenvolvimento tem como causa a falta de fraternidade entre os povos.


Apostar na melhoria de condições de vida aos mais pobres é a forma mais óbvia de melhorar a saúde materna e infantil. Assim se prepara um futuro saudável e com vida.»


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As Crianças e os Media

Dra. Manuela Botelho, Associação Portuguesa de Anunciantes
Os meios de comunicação social estão presentes no nosso quotidiano desde tenra idade. Os mais novos passam cada vez mais tempo a ver televisão ou a usar a internet. Assim, também eles são alvo das várias estratégias da publicidade. Neste sentido, torna-se necessário formar as camadas mais jovens para lhes fomentar um espírito crítico em relação a toda a informação que lhes é transmitida.


Para nos falar sobre a importância da publicidade na vida das crianças e de como é possível educar o seu espírito crítico, o LusoFonias conta com o contributo da Dra. Manuela Botelho, Secretária Geral da Associação Portuguesa de Anunciantes, responsável pelo Programa Media Smart, um programa de literacia sobre a publicidade destinado a crianças.



Na opinião do P. Tony Neves:


«As crianças, hoje, na Europa, até parece que já nascem a mexer em máquinas. Muitos brinquedos são simulações de telemóveis, de Play-stations, de ipods e outras maquinarias que provam que o mundo vive numa era de comunicações. Depois, quando entram no primeiro ciclo começam a ter acesso aos computadores, com o famoso ‘Magalhães’ a dar uma ajudinha. Isto já para não falar da televisão que todos têm nos quartos, com um bom leitor de DVD que permite ver, dia e noite, os melhores filmes de banda desenhada. Daí que todos conheçam e adorem o Noddy, o Bob Construtor, o Shreck e toda a antiga equipa da Disney, da família do Tio Patinhas.
Hoje, os peritos em educação questionam-se acerca do real impacto dos médios de comunicação sobre as crianças. Até que ponto ajudam a construir a personalidade e cimentam valores de humanidade nas novas gerações.


Há ainda o problema sério do impacto da publicidade nas crianças. Percebemos que muitos dos reclames estão direccionados para elas e são feitos de tal maneira que os pais têm dificuldades de negar aos filhos o que a publicidade propõe que se compre ou se use.


Daí que, em nome de uma educação sadia e integral, há que investir muito na educação para a utilização dos media por parte das crianças. È bom que elas cresçam na aprendizagem destes meios, mas também é necessário que se saibam defender das suas investidas. E quando acontece que gente mafiosa usa as novas tecnologias da comunicação para assediar e, como consequência, surgiram casos de abuso sexual e mesmo de morte, aí há que encontrar formas dos pais poderem acompanhar melhor a utilização perigosa destas tecnologias por parte dos mais novos.


Que os media têm uma grande capacidade de ajudar a crescer e educar ninguém tem dúvidas. Mas que trazem alguns perigos á mistura, também é certo, e, por isso, é urgente aliar incentivo e cautela, para potenciar tudo quanto é positivo e afastar tudo quanto estraga o futuro das nossas crianças.»


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terça-feira, 21 de julho de 2009

A criatividade como motor de desenvolvimento

Prof. António Câmara
O presente ano foi nomeado como o Ano Europeu da Criatividade e da Inovação. Em ambiente de crise, torna-se urgente para qualquer sociedade encontrar soluções criativas que impulsionem a economia e que vão ao encontro das necessidades das pessoas. Por isso, o Lusofonias de hoje procura compreender a importância da criatividade no contexto do desenvolvimento global.

Para nos falar sobre este tema, o LusoFonias conta com o contributo do Professor António Câmara, Professor Universitário e Director Geral da Y-Dreams.



Na opinião do P. Tony Neves:


«Bento XVI acaba de publicar um documento importante sobre o desenvolvimento. Ouso destacar algumas das passagens mais significativas:

‘O amor é uma força extraordinária que impele as pessoas a comprometerem-se, com coagem e generosidade, no campo da justiça e da paz’.

‘Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade’.

‘Ama-se tanto mais eficazmente o próximo quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais’.

‘O desenvolvimento autêntico deve ser integral, quer dizer, deve promover todos os homens e o homem todo’.

A cauda principal do ‘subdesenvolvimento é a falta de fraternidade entre os homens e entre os povos. A sociedade, cada vez mais globalizada, torna-nos vizinhos mas não nos faz irmãos’.

O objectivo principal do desenvolvimento era, para Paulo VI, fazer sair os povos ‘da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo’. Hoje, em muitos países pobres, ‘a fome ceifa ainda inúmeras vítimas Eliminar a fome no mundo tornou-.se, na era da globalização, também um objectivo a alancar para precaver a paz e a subsistência da terra’.

‘Na época da globalização, a actividade económica não pode prescindir da gratuidade que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum, em seus diversos sujeitos e actores’ – escreveu Bento XVI nesta encíclica social.

Em tempo de crise económica e financeira, o desenvolvimento, para que seja humano e integral, tem de assentar sobre valores de fundo: a justiça e o bem comum. A criatividade é exigida para que as boas teorias sem convertam em práticas que construam mais solidariedade e fraternidade. Bento XVI aponta caminhos. Há que percorre-los.»


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