sábado, 11 de dezembro de 2010

O desafio das montanhas

No dia 11 de Dezembro comemora-se o Dia Internacional das Montanhas. As montanhas são cruciais para a vida na Terra: são fonte de água doce para metade da humanidade e são o habitat natural de muitas espécies. Mas as montanhas estão também ameaçadas pelas alterações climáticas, pela exploração excessiva e pela degradação ambiental. As comunidades das montanhas estão entre as populações mais pobres do mundo: cerca de 840 milhões de pessoas subnutridas vivem em regiões de montanha.
Foi precisamente para chamar a atenção para as consequências do aquecimento global nas montanhas e nas populações locais que surgiu o projecto Ice Care, fundado em 2009 por José Maria Abecasis Soares, que foi entrevistado no Luso Fonias. 

Na opinião do Pe. Tony Neves:
A montanha é um lugar fantástico. É lá que a natureza mostra a sua beleza mais diversificada. É um lugar, regra geral, distante dos grandes povoados. É um lugar que se vê de longe, rasgando os céus. É um desnível geográfico onde se sobe e se saboreia uma paisagem de sonho, com um panorama de cortar a respiração. É onde o ar parece mais fresco e mais puro... Enfim, o fascínio de subir à montanha é enorme e as fotos que de lá se fazem podem encher de horizonte e de beleza os olhos e os corações.
Mas, ás portas do natal, permitam-me que veja a montanha com outro olhar: o da fé. A Bíblia apresenta a montanha como um lugar onde Deus está mais presente. Ousar subir à montanha é correr o risco de escutar melhor a voz de Deus: foi assim com Moisés quando subiu ao Monte Sinai e de lá escutou Deus a segredar-lhe aos ouvidos o projecto de felicidade e salvação que ele gravou nas tábuas dos dez mandamentos. Foi assim que Pedro, Tiago e João viram Jesus a transfigurar-se no Monte Tabor. Foi também num Monte Calvário que Cristo mostrou que Deus ama o mundo ao morrer crucificado. Foi do alto de monte que Jesus enviou os discípulos em Missão, pelos caminhos do mundo, e viveu o grande momento da Ascensão. Então, para os cristãos, subir à montanha é partir ao encontro de um espaço de horizonte largo e de silêncio que permite ouvir melhor os apelos de Deus.
Dói o coração ver tantas montanhas varridas pelos incêndios. É a beleza que se apaga. É a biodiversidade que se destrói. É a riqueza que se queima. Preservar as montanhas é colaborar com Deus na manutenção da beleza da criação. É garantir melhores condições de sobrevivência para todos os seres criados. É respeitar o património riquíssimo que Deus legou à humanidade.
Em tempo de Advento, subamos às montanhas onde podemos ver melhor a vida das pessoas e ousemos partir ao encontro dos mais pobres que aguardam, com urgência, pela nossa solidariedade e espírito de partilha fraterna.

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