segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ir ao encontro da esperança

O início do ano é, por norma, um tempo propício a criarmos expectativas. Um tempo para pensarmos no que passou e no que está por vir. Semeamos planos e no nosso coração nasce a esperança.

O Luso Fonias de 13 de Janeiro esteve à conversa sobre Darfur, uma região do tamanho da França, situada no oeste do Sudão, o maior país de África e antiga colónia britânica que sofreu, desde praticamente a independência, uma guerra entre o norte e o sul.

Falámos do drama humanitário e de como podemos ajudar a semear a esperança naquela região. Em estúdio esteve connosco Filipe Pedrosa da Plataforma Por Darfur – Semear a Esperança. Ouça este programa e saiba como lançar a sua semente!



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Bento XVI publicou, no fim do ano passado, um documento sobre a esperança cristã. Ali diz que a mensagem do Evangelho não é só informativa, mas performativa. Ou seja: o Evangelho ‘gera factos e muda a vida’. Sobre o progresso humano (‘da funda à megabomba’), o Papa afirma que este ‘oferece novas potencialidades para o bem, mas também abre possibilidades abissais para o mal’, pelo que a liberdade deve ser incessantemente conquistada para o bem. Não é a ciência que redime a pessoa humana. É o amor, pelo que a verdadeira esperança das pessoas só pode ser Deus. E o Amor de Deus revela-se na responsabilidade pelo outro (SS, 26-28). ‘O nosso agir não é indiferente diante de Deus’ (SS, 35). A imagem do juízo final apela à responsabilidade (SS, 44). ‘Ninguém vive só. Ninguém peca sozinho. Ninguém se salva sozinho. Continuamente entra na minha existência a vida dos outros: naquilo que penso, faço, digo e realizo’ (SS,48).

A Missão da Esperança mantém-se decisiva para a credibilidade da Igreja no seu empenho por um progresso justo e construtivo, assente no Amor.

Por tudo isto, em início de ano, vem a propósito falar do Darfur, no Sudão, que se transformou no símbolo da barbárie humana, numa guerra à porta fechada com a conivência da comunidade internacional. Segundo Ban Ki-Moon, Secretário-Geral da ONU, este conflito que é hoje descrito como ‘um conflito étnico que opõe milícias árabes e rebeldes a agricultores negros’, começou há duas décadas quando as chuvas no sul do Sudão se tornaram raras, terminando a tradicional relação pacífica entre os pastores nómadas árabes e os agricultores sedentários. O conflito ‘teve início com uma crise ecológica, provocada, em parte, por uma alteração climática’ (Visão, 21.06.2007, p.94).

A MissãoPress (Associação da Imprensa Missionária) decidiu fazer sua esta causa e amplificar o grito das vítimas das arbitrariedades dos senhores desta guerra que ali vai fazendo razia. Criou-se ainda a Plataforma pelo Darfur que lançou o CD ‘Frágil’ que junta 29 bandas e artistas pelo Darfur, ‘uma palavra contra a indiferença, uma mostra de nojo pelo negócio da guerra‘ como disse António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF. O CD ‘Frágil’ sensibiliza para a tragédia humana e humanitária do Darfur e junta apoios para o funcionamento de Escolas na região, com a coordenação dos Combonianos que lá trabalham.

A MissãoPress e a Plataforma pelo Darfur fizeram tudo por tudo para que este drama humano e humanitário não ficasse de fora da agenda da Cimeira Europa-África, realizada em Lisboa a 8 e 9 de Dezembro. E houve um encontro que juntou o Presidente do Sudão, Durão Barroso, Javier Solana e José Sócrates.

Por enquanto, não há resultados palpáveis, mas a Missão mantém-se de pé, até porque o povo do Darfur (e de muitos outros ‘Darfurs’ espalhados pelo globo!) continua perseguido e espezinhado.

Mas não se podem cruzar os braços, em nome do futuro e da esperança.»




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