sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Indústria em África

A 20 de Novembro comemora-se o Dia da Industrialização de África, uma data que serviu de mote ao tema do Luso Fonias do dia 22 deste mês. Um programa que esteve à convJaime Nogueira Pintoersa sobre a economia e indústria no continente africano.

Não perca a entrevista ao Professor Doutor Jaime Nogueira Pinto, Presidente da FLAC - Fundação Luso-Africana para a Cultura e Consultor e Administrador de Empresas. Publicou várias obras de temática histórica e política contemporânea, tendo lançado recentemente o livro Jogos Africanos.



Na opinião do Pe. Tony Neves:

«Sempre me causou impressão o facto de África ser o continente com mais matérias-primas e menos indústria. Pela lógica das coisas, ficaria mais barato construir fábricas perto das matérias-primas, pois isso evitava o seu transporte. Mas as lógicas dos mercados são outras e os jogos de interesses definem outras estratégias. A verdade é que, durante muitos séculos, as matérias-primas extraídas no continente africano eram transportadas para a Europa e só ali transformadas. O resultado era evidente: as matérias-primas eram extraídas a baixíssimo custo, a transformação na Europa permitia a produção de bens que, muitos deles, regressavam a África a preços proibitivos para a maioria da população e a custos elevados para os governos que os importavam. Este circuito penalizava profundamente os legítimos proprietários das matérias-primas, o que, em termos éticos, se assemelhava muito a um roubo mais ou menos oficial e público.

Hoje, infelizmente, a situação não está muito diferente, embora haja já muitas multinacionais a investir na construção de espaços industriais em África, com o apoio de alguns governantes locais. Continua a parecer que as riquezas da África se mantêm a saque, já não tanto pelos colonos, mas mais pela elite governante e seus colaboradores. O povo simples, esse continua a viver na maior das misérias, atirado para os interiores abandonados ou para as periferias paupérrimas e violentas das grandes cidades.

Mas, há também que dizê-lo, alguns países fogem à regra e vão reorganizando as suas economias com um investimento forte na indústria e tecnologia, um passo gigantesco no sentido da libertação da tutela dos países mais ricos do mundo. Parece ser ainda uma miragem, mas este caminho começa a fazer-se e a crise que se vive em muitos dos países mais ricos do mundo, abre perspectivas de futuro a África, para onde partem muitos empresários à procura das oportunidades que não encontram na Europa e América e que julgam poder encontrar lá. E num quadro já bem diferente do colonial, pode ser que os povos locais beneficiem um pouco mais desta nova era económica. Investir na indústria e criar postos de trabalho e garantir o desenvolvimento dos povos. E assim for e a ecologia não for espezinhada, África vai avançar. A bem do continente, a bem de todos.»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

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