sábado, 21 de agosto de 2010

As Prisões: Condenação ou Redenção


Os muros das prisões delimitam um mundo que nos é muitas vezes estranho e desconhecido. Sabemos que aqueles que ocupam estes espaços estão a cumprir penas resultantes de crimes cometidos. Mas as prisões não são apenas espaços de condenação. São também lugares de reflexão e transformação da vida e de promoção da dignidade humana.
Para nos falar melhor do mundo prisional e do trabalho que é feito com os presos, o Luso Fonias conta com o testemunho do Pe. Tiago Neto, capelão prisional.

Na opinião do P. Tony Neves:
«A prisão é uma instituição que não devia existir. Só por isso, já é má. Não devia existir, antes de mais, porque as pessoas deviam ser boas e nada fazer que justificasse o seu afastamento da sociedade que as viram crescer. Não deviam existir porque as sociedades onde se cometem crimes e ilegalidades deviam ter outros mecanismos para ajudar as pessoas a resolver problemas criados por atitudes negativas. Mas foi este o caminho que, ao longo da história, os diferentes governos escolheram para sancionar quem erra gravemente e, teoricamente, ajudar a recupera-los para uma vida mais de acordo com as leis. Digo ‘teoricamente’, porque a prática vais desmentindo esta finalidade dos estabelecimentos prisionais.
Tenho entrado em alguns centros de reclusão por questões pastorais. Em geral, o meu contacto com os reclusos é muito limitado, por imposições legais de segurança. Vou, sou todo revistado á entrada, ando sempre acompanhado de guardas, celebro as Eucaristias e pouco mais é permitido ali fazer. Há dias, tive a oportunidade de visitar uma prisão e contactar alguns dos reclusos numa conferência seguida de debate, aberta apenas a alguns dos detidos nesse estabelecimento prisional. Foi muito interessante o debate que mostrou as preocupações destes jovens e menos jovens que, numa curva da vida, foram parar atrás das grades. Lia-se nas entrelinhas das suas intervenções a vontade de reabilitar as suas vidas e as suas dolorosas histórias pessoais. Deu para entender que a sua chegada á prisão foi resultado de muitos dramas vividos, de muita exclusão social experimentada.
Com frequência se diz que a prisão não reabilita, antes refina a maldade, a ponto de muitos que lá estão, cometerem crimes maiores quando um dia são libertados. Reflectir sobre a função social de uma prisão e fazer dela um espaço de reabilitação social e moral é um imperativo para qualquer ministério da justiça. As Igrejas e todas as forças vivas da sociedade civil devem aliar-se na busca de soluções para este problema. Uma sociedade que não resolve bem os seus problemas não pode querer ser segura nem justa, nem humana.»

Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia
(menu do lado direito)

Sem comentários:

Enviar um comentário