segunda-feira, 9 de julho de 2007

Desarmamento Voluntário, Optar pela Segurança

Desarmamento é o nome dado à política pública destinada à proibição do comércio de armas de fogo e munição. Existem legislações diferentes em cada país, regulamentando quem pode e quem não pode comercializar ou portar armas.

O certo é que a abundância de armas ligeiras ainda é uma realidade, o que gera uma cultura de violência e ameaça constante na relação entre estados e até mesmo na relação entre pessoas.

Segundo o Observatório Permanente sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras, «esta cultura reflecte-se na vivência do dia-a-dia, através de uma latente agressividade, que por vezes explode nos lares, nos locais de trabalho, nas deslocações, no desporto, nas escolas e é estimulada por conteúdos que a favorecem encontrados em diversas formas de expressão, como por exemplo na literatura, media e jogos electrónicos».

No Luso Fonias de 8 de Julho, estivemos à conversa com o Dr. Fernando Roque de Oliveira, Presidente do Observatório Permanente sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras criado pela Comissão Nacional Justiça e Paz.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Os anos que se seguiram à II Grande Guerra Mundial marcam, para sempre, a história da humanidade no que diz respeito à corrida feroz aos armamentos mais sofisticados. O mundo dividiu-se em dois grandes blocos que lutaram, com unhas e dentes, por estabelecer e manter um equilíbrio de terror entre o Leste, comandado pela ex-URSS (à frente dos países que assinaram o Pacto de Varsóvia) e pelo ocidente sob a batuta dos Estados Unidos, líder da Nato. Duas consequências dramáticas desta situação: a sofisticação dos armamentos onde se investiu muito dinheiro, tecnologia e ciência; a deslocação da guerra quente para fora da Europa e Estados Unidos, sendo exemplos claros desta situação, o que se passou em Angola e Moçambique, onde a ex-URSS apoiava militarmente os partidos no governo, marxistas, e os EUA apoiavam as oposições armadas.

Parece hoje mais ético, embora ninguém tome muito a sério, que a segurança se obtenha não pela melhoria da qualidade das armas bélicas, mas por um desarmamento voluntário e acompanhado por entidades independentes. Este desarmamento voluntário traz duas consequências muito positivas: afasta para mais longe o espectro de uma guerra arrasadora da humanidade, uma vez que se as armas forem mais fracas e em menores quantidades os danos de uma grande guerra serão menores; gasta-se menos dinheiro em armas e logísticas militares, fundos que se podem investir em educação, saúde, infra-estruturas, apoios sociais.

Passar do equilíbrio do terror ao desarmamento voluntário exige uma enorme conversão de mentalidades e a criação de um ambiente de confiança. É preciso ter-se a garantia de que os países poderosos são governados por pessoas sérias, gente de palavra de honra que se dizem que não estão a produzir armas, falam a verdade e não aparecem com elas na próxima guerra que promovem.

A segurança da humanidade não está nas armas, mas no coração das pessoas. Construir um mundo humano e fraterno é muito mais seguro que cimentar as relações entre os povos na base da sofisticação das armas que se inventam para matar pessoas e arrasar estruturas materiais. O caminho de um desarmamento voluntário ainda está por abrir. Mas convém que os grandes deste mundo se convençam que este é o único caminho que constrói humanidade e defende as pessoas.»




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1 comentário:

  1. É difícil encontrar um blog com conteúdo tão rico quanto o vosso. Quero salientar que faço questão de ouvir semanalmente o vosso programa por via deste blog visto que, infelizmente pelo que observo, os programas com qualidade ficam sempre para o segundo plano das rádios portuguesas. Mais uma vez, muitos parabéns pelo excelente trabalho. A. Silva

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