terça-feira, 31 de julho de 2007

Gestão descentralizada dos recursos naturais

Os recursos naturais renováveis devem ser geridos de modo sustentável para que correspondam à sua designação e se renovem ao longo do tempo. No entanto, a realidade nem sempre respeita esta regra e, actualmente, corremos o risco de exaustão de alguns dos recursos naturais devido à sua sobreexploração.

A entrevista do Luso Fonias de 29 de Julho contou com a colaboração do jornalista Rui Malunga da Rádio Maria em Maputo, Moçambique. Uma conversa com Palmeirim Macauze, um artista plástico e também activista pela natureza, que nos falou sobre a actuação da sociedade civil para uma gestão descentralizada dos recursos naturais. Ouça aqui!



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«A guerra dos recursos naturais é tão antiga como a humanidade. Conta a Bíblia, no primeiro livro, que Caim matou Abel... e, segundo os peritos nestas matérias, este texto fala da luta entre agricultores e pastores, entre nómadas e sedentários. Ora, muitos milhares de anos depois, a situação mantém-se e vale a pena olhar para um texto de Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, onde ele diz que o conflito do Darfur começou, há duas décadas, com uma crise ecológica provocada por uma alteração climática que fez com que os pastores invadissem as terras dos agricultores à procura de pastagens, numa lógica de sobrevivência para os rebanhos...

A gestão dos recursos naturais continua a dar que falar. Muitos países, ao logo da história, tiveram regimes que apostaram numa gestão centralizada destes recursos. Teoricamente está correcto porque o seu proprietário é o colectivo dos cidadãos e são os governos quem deve representar estes mesmos cidadãos. O problema é que estes governos assentes nas bases de partidos únicos sempre foram corruptos e despóticos, não só não resolvendo os problemas do povo, mas também agravando as situações com apropriação indevida desses mesmos recursos para fins pessoais ou familiares.

Hoje em dia é mais consensual que haja uma gestão descentralizada destes recursos, com equilíbrios de forças que permitam defender a natureza das mentalidades predadoras e, ao mesmo tempo, que todos os cidadãos possam deles beneficiar. Com um boa gestão, os recursos naturais podem manter a casa comum de todos, a nossa terra, habitável.

As questões ecológicas estão a ser alvo de preocupações sérias por parte dos governos no mundo inteiro, o que só se compreende porque a terra atingiu índices de poluição e degradação ambiental que não se podem manter. A não ser que queiramos tornar a terra inabitável.

Mas, para além da fuga à cobiça dos abutres deste mundo, há que gerir bem, com sentido de responsabilidade social e como muita solidariedade à escala do mundo. Todos estes elementos conjugados vão permitir que a terra seja a casa onde todos nos sentimos bem.»




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