sexta-feira, 27 de julho de 2007

A Fé e o Mar

A 31 de Janeiro de 1997, na Carta sobre o Apostolado do Mar, João Paulo II escreveu que, «Stella Maris é desde há muito tempo o apelativo preferido, com que a gente do mar se dirige àquela em cuja protecção sempre confiou: a Virgem Maria. Jesus Cristo, seu Filho, acompanhava os seus discípulos nas viagens de barca, ajudava-os nas suas fadigas e aplacava as tempestades. Assim também a Igreja acompanha os homens do mar, cuidando das peculiares necessidades espirituais daqueles que, por motivos de vários tipos, vivem e trabalham no ambiente marítimo».

Dez anos depois, este documento está actual e, para quem vive do mar, a fé é o que muitas vezes lhes dá força para encarar a faina de todos os dias. Fé e mar, uma relação que também se tem manifestado na evangelização de outros povos e na transmissão da mensagem de Cristo.

No Luso Fonias de 22 de Julho estivemos à conversa com o Pe. António Sílvio Couto, pároco de Santiago – Sesimbra. Autor de vários títulos no âmbito da teologia e de comentários à vida social e eclesial, mantém a colaboração assídua em vários jornais portugueses.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Quando, em Portugal, percorremos a costa atlântica, encontramos muitas Igrejas e ermidas a evocar santos protectores de quem vive à beira-mar plantado e faz do oceano a sua estrada e o seu ganha-pão. Nossa Senhora vai à frente com uma série de evocações, mas também encontramos muita devoção a santos como S. Pedro, também ele pescador e, por isso mesmo, sensível aos problemas de quem vive do mar e conhece a fúria das ondas em dias de tempestade.

O mar mete muito respeito. Os que partem, mar adentro, para a faina da pesca, sabem como as ondas alteradas podem gerar grandes tragédias e há aldeias piscatórias portuguesas onde são poucas as famílias que não perderam ninguém na sua luta diária contra o mar.

É bonito, em tempo de festas, participar em procissões de comunidades costeiras. Os barcos são engalanados, a música enche o ambiente festivo, as imagens dos santos agitam-se ao sabor das ondas, a multidão permanece nas praias a assistir a esta paisagem de sonho e colorido. A Fé traduz-se nestas expressões populares de respeito a Deus e ao Mar. As televisões captam imagens de rara beleza, há percursos turísticos que não dispensam estas festas que mostram a alma de um povo crente e corajoso.

Quem vive junto ao mar e dele sobrevive, assenta na Fé esta relação difícil, mas fascinante, a ponto de Fernando Pessoa ter escrito: ‘Deus ao mar o perigo e o abismo deu/ Mas nele é que espelhou o céu’.»




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