quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ética no Trabalho



Na semana em que comemoramos o Dia do Trabalhador, o Luso Fonias tem como tema a influência da Doutrina Social da Igreja nas relações de trabalho, em especial numa época em que os sacrifícios impostos pela crise económica e pelo alto nível de desemprego colocam a questão do trabalho no topo das preocupações de um grande número de famílias. Para nos falar sobre ética no trabalho, o Luso Fonias conta com a presença do Professor Raul Diniz, Director da AESE – Escola de Direcção e Negócios.










Na opinião do P. Tony Neves:




«O trabalho foi sempre uma dor de cabeça para as sociedades. Diz a Igreja que ele dignifica a pessoa humana, na medida em que a torna aliada de Deus na obra da criação. Com um trabalho digno e que corresponda aos talentos de cada um, a pessoa realiza-se e ajuda a construir um mundo mais desenvolvido e com mais condições para todos viverem com dignidade. E, havendo um salário condigno associado a todos os trabalhos, as pessoas reúnem condições para satisfazerem todas as necessidades básicas e ainda se aventurarem a utilizar o dinheiro que sobra para a cultura, para o lazer, para constituir um fundo de poupança e, claro está, para partilhar com pessoas e instituições que apoiem os mais excluídos das nossas sociedades.
Mas o problema é que hoje são poucas as pessoas e as empresas que olham o trabalho por este prisma. Boa parte do mundo empresarial olha o trabalho como fonte de lucro, por qualquer preço. Daí que se aposte na mão de obra barata e se tente atingir o máximo de produção com um mínimo de custos salariais. Quando as pessoas contam menos que o dinheiro, as lutas sociais tornam-se inevitáveis e cria-se um onda de mal estar social que não beneficia ninguém. Também, da parte de muitos trabalhadores, o mais importante é o salário e não o trabalho, o serviço que se presta à sociedade ou a realização humana que ele traz. Com esta perspectiva, instala-se alguma irresponsabilidade, as pessoas não produzem o que deviam produzir e ninguém se sente feliz neste processo.

Uma radiografia do mundo mostra bem as desigualdades gritantes entre ricos e pobres, entre empregadores e muitos empregados. Em nome da justiça há que continuar a investir em leis e políticas de trabalho que o dignifiquem. E mais: há que dar sentido a esta colaboração preciosa que Deus espera de cada pessoa na continuação da obra da criação. Só quando trabalharmos com este espírito construtivo é que nos sentiremos felizes. E dificilmente pode haver felicidade em sociedades onde os níveis de desemprego são muito altos e onde muita gente não faz a quilo que gosta e não trabalha em áreas da sua competência. Há que criar condições para que cada pessoa faça o que gosta, o que sabe, o que a sociedade pode esperar dela.»







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