quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Cooperar em português

A cooperação para o desenvolvimento destina-se a apoiar regiões, países e comunidades em vias de desenvolvimento, num contexto de desequilíbrio da repartição dos recursos e oportunidades a nível mundial. A cooperação procura ainda contribuir para a melhoria sustentável das condições económicas, sociais, ecológicas e políticas e promover os direitos humanos, a democracia, o combate à pobreza, assim como a prevenção de crises e conflitos a nível mundial.

Em Portugal, há várias organizações que actuam numa lógica de cooperação para o desenvolvimento. O Luso Fonias de 11 de Novembro esteve à conversa com duas destas organizações, responsáveis pelo projecto EduSaúde em Timor-Leste. Não perca a entrevista a Daniela Costa, da Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, e a Pedro Costa Jorge, da Fundação Evangelização e Culturas.




Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Construir pontes entre povos e culturas é apostar na partilha de riquezas. Diz o provérbio que ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar e ninguém é tão rico que não tenha nada para receber. A cooperação deve assentar não na base de interesses, mas na vontade de partilhar as riquezas que se têm para que todos saiam mais enriquecidos desta partilha.

A cooperação entre os povos que vivem no espaço lusófono é uma realidade que merece ser avaliada. Há uma vontade, por parte de todos os países envolvidos, de valorizar a formação dos estudos da língua e cultura que estão na base da lusofonia. Sendo o português a língua oficial, há que estudá-lo bem, não por uma questão ideológica de carácter neocolonial, mas por uma questão cultural e de comunicação. Todos os países do espaço lusófono deveriam fazer um grande esforço de valorizar cada vez mais esta língua que nos é comum, sem esquecer, é claro, as outras línguas nacionais e étnicas que constituem a alma dos diferentes povos que compõem os nossos países.

Mas a cooperação não se faz só ao nível da língua e da cultura. Faz-se, igualmente, ao nível de desenvolvimento e tecnologia, com o apoio na construção de escolas, centros de saúde bem como na montagem de estruturas ligadas às comunicações, à informática, à agro-pecuária, ao vastíssimo mundo empresarial. Sempre com o objectivo de ajudar os mais pobres a crescer e a tornarem-se mais independentes e auto-suficientes.

Portugal não tem sido o melhor exemplo no que diz respeito aos dinheiros disponíveis para a cooperação. Os tempos de crise tão falados e debatidos não ajudam a apostar em força na cooperação. Mas, em contrapartida, aumentam cada ano os voluntários que partem em Missão de solidariedade sem fronteiras. Verdade seja dita que, regra geral, partem sem qualquer apoio do governo português. Mas esta cooperação feita por uma causa nobre, sem estar atrelada a interesses económicos e financeiros, dá um toque solidário que continua a fazer falta à humanidade. Afinal de contas, a gratuidade é um valor humano indiscutível e é tão pouco praticado. Honra seja feita a esta leva de voluntários que partem em todas as direcções do globo e ali, de forma gratuita, ajudam a construir pontes entre os povos e fazem a experiência de uma partilha de vida e de cultura que torna o mundo mais rico. É bom continuar a apostar nesta frente da missão solidária.»






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1 comentário:

  1. espetáculo de programa, vale mesmo a pena cooperar e fazer mais esforços pela maior qualidade da ajuda pública ao desenvolvimento, em particular dos PLOP.

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