segunda-feira, 14 de abril de 2008

Corrupção: o inimigo sem rosto

Em Dezembro de 2007 foi publicado o barómetro Global sobre Corrupção. Um relatório que apresenta as respostas a um inquérito realizado em 60 países, sobre a opinião dos cidadãos face às práticas do fenómeno da corrupção. Portugal ficou em 28º lugar.

Ainda há dias, uma reportagem da cadeia de televisão árabe Al Jazeera, apresentou Portugal como «um dos países mais pobres da Europa» e a corrupção como causa do seu atraso. Lisboa foi descrita como «uma cidade em tumulto» onde «a corrupção é tão generalizada que tornou os cidadãos indefesos».

Corrupção é uma palavra que está na ordem do dia e, por isso mesmo, o Luso Fonias de 13 de Abril procurou saber o que significa ser corrupto, como podemos combater este mal presente em todas as sociedades e que políticas adoptar. Ouça a entrevista ao Dr. Paulo Morgado, Administrador Delegado da Capgemini Portugal. É autor de cinco livros, dos quais três de negociação, tendo publicado recentemente O Corrupto e o Diabo.




Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Corrupção é uma palavra que está na ordem do dia. Aplica-se à política, ao desporto, à economia, às relações empresariais e institucionais, à vida privada das pessoas.

A vida só faz sentido e tem dignidade quando é regida por valores e princípios. A ética não pode nunca ser o parente pobre das disciplinas a estudar e dos valores a ter em linha de conta.

Mas, para atingir objectivos por qualquer preço, pisamos valores, enganamos princípios, passamos por cima da nossa dignidade e do respeito que os outros nos merecem. A corrupção é, por si mesma, perversa. Gera desconfiança e apoia-se na mentira. Distorce os dados, espezinha a lei, engana as pessoas, fornece resultados falsos. E é por tudo isto que ela é muito grave: as pessoas saem sempre maltratadas destes processos corruptos.

O combate à corrupção torna-se sempre difícil porque não é fácil provar actos corruptos, identificar os culpados, penalizar os beneficiados, uma vez que quase sempre estão envolvidas grandes redes de máfia ou quem sabe traficar influências sem deixar grandes rastos.

Todos os dias surgem notícias sobre corrupção. Repetem-se tanto que quase as consideramos um mal menor pois, em muitos casos, nós mesmos entramos no esquema para conseguirmos o que precisamos, sobretudo a nível de emprego, saúde, burocracia...
Combater a corrupção é investir na dignidade das pessoas que têm direitos. É ainda dar credibilidade às instituições que, quando só funcionam com esquemas alternativos, perdem o crédito e nunca atingem os objectivos de servir as pessoas, sem distinção.

Da corrupção ninguém escapa. Por isso, e em nome da verdade, da transparência e da justiça, há que trabalhar para que tudo seja sério e se criem os mecanismos de vigilância e acompanhamento que dêem credibilidade aos governos, às instituições e a cada cidadão. Com jogos limpos, ninguém é prejudicado e todos saem a ganhar. Pelo menos em dignidade.»





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