A 25 de Maio comemora-se o Dia de África. Uma oportunidade para reflectirmos sobre o presente e futuro deste continente. Um dia especial para muitos portugueses que encontram as suas raízes em África.O Luso Fonias comemorou África com Manecas Costa, cantor guineense conhecido pela sua técnica na guitarra acústica e baixo eléctrico, pela sua voz carismática e apaixonante e pelas suas composições, cujas letras se centram nas tradições e preocupações relacionadas com o seu país e continente. Uma conversa sobre África… África Minha, África nossa.
Segue o comentário do Pe. Tony Neves:
«África Minha é um filme que fica para a história como um sinal do fim da colonização inglesa em África. Marca a hora do regresso dos colonos à Europa após tantos séculos de uma relação difícil entre os povos destes dois continentes.
Algumas décadas mais tarde, é legitimo perguntar de quem é África e quem a pode chamar ‘sua’. Politicamente, as colónias acabaram há muito e destas surgiram dezenas de países independentes, pelo menos em teoria e segundo as contas das Nações Unidas. Mas, verdade seja dita, grande parte de África não é dos africanos, na medida em que não são eles a beneficiar das suas riquezas nem a traçar os destinos dos seus povos.
Há quem fale em neocolonialismo mas, se calhar, esta ‘colonização’ não tem mesmo nada a ver com a anterior porque é mais económica do que política e é mais dirigida pelas empresas multinacionais que pelos estados mais poderosos. Embora o coração destas empresas esteja nestes estados mais fortes...É tempo de deixar os africanos serem os protagonistas das suas histórias. Há que ajudar a criar condições, à escala do planeta, para que África não continue a ser o continente de todas as desgraças mas se transforme num espaço de vida e esperança para todos.
Portugal vai assumir, em breve, a presidência da União Europeia e há muitas movimentações para que se concretize a Cimeira Europa-África e se obrigue a Europa a olhar a sério para dramas como o Darfur, que exige uma intervenção urgente da comunidade internacional para que se ponha fim à barbárie que assola as populações desta região onde os pobres estão a ser dizimados perante o silêncio cúmplice da comunidade internacional.
Gostaria de, pessoalmente, pronunciar um ‘África Minha’ com ternura e não com um sentimento de posse. E seria bom que, no mundo, tudo fosse de todos para que todos pudessem sentir-se irmãos e viver em comunhão. Mas estará ainda longe o dia em que as ganâncias desmedidas de ter e poder não matem milhões de pessoas por esse mundo fora. Há que dar lugar à esperança e ao empenho por um mundo mais justo e mais fraterno. Eu tenho razões para continuar a acreditar que um mundo melhor é sempre possível.»
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