segunda-feira, 18 de junho de 2007

África Minha

A 25 de Maio comemora-se o Dia de África. Uma oportunidade para reflectirmos sobre o presente e futuro deste continente. Um dia especial para muitos portugueses que encontram as suas raízes em África.

O Luso Fonias comemorou África com Manecas Costa, cantor guineense conhecido pela sua técnica na guitarra acústica e baixo eléctrico, pela sua voz carismática e apaixonante e pelas suas composições, cujas letras se centram nas tradições e preocupações relacionadas com o seu país e continente. Uma conversa sobre África… África Minha, África nossa.



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«África Minha é um filme que fica para a história como um sinal do fim da colonização inglesa em África. Marca a hora do regresso dos colonos à Europa após tantos séculos de uma relação difícil entre os povos destes dois continentes.

Algumas décadas mais tarde, é legitimo perguntar de quem é África e quem a pode chamar ‘sua’. Politicamente, as colónias acabaram há muito e destas surgiram dezenas de países independentes, pelo menos em teoria e segundo as contas das Nações Unidas. Mas, verdade seja dita, grande parte de África não é dos africanos, na medida em que não são eles a beneficiar das suas riquezas nem a traçar os destinos dos seus povos.

Há quem fale em neocolonialismo mas, se calhar, esta ‘colonização’ não tem mesmo nada a ver com a anterior porque é mais económica do que política e é mais dirigida pelas empresas multinacionais que pelos estados mais poderosos. Embora o coração destas empresas esteja nestes estados mais fortes...

É tempo de deixar os africanos serem os protagonistas das suas histórias. Há que ajudar a criar condições, à escala do planeta, para que África não continue a ser o continente de todas as desgraças mas se transforme num espaço de vida e esperança para todos.

Portugal vai assumir, em breve, a presidência da União Europeia e há muitas movimentações para que se concretize a Cimeira Europa-África e se obrigue a Europa a olhar a sério para dramas como o Darfur, que exige uma intervenção urgente da comunidade internacional para que se ponha fim à barbárie que assola as populações desta região onde os pobres estão a ser dizimados perante o silêncio cúmplice da comunidade internacional.

Gostaria de, pessoalmente, pronunciar um ‘África Minha’ com ternura e não com um sentimento de posse. E seria bom que, no mundo, tudo fosse de todos para que todos pudessem sentir-se irmãos e viver em comunhão. Mas estará ainda longe o dia em que as ganâncias desmedidas de ter e poder não matem milhões de pessoas por esse mundo fora. Há que dar lugar à esperança e ao empenho por um mundo mais justo e mais fraterno. Eu tenho razões para continuar a acreditar que um mundo melhor é sempre possível.»




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