segunda-feira, 18 de junho de 2007

Quais as apostas para o desenvolvimento rural?

A 17 de Junho comemora-se o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, um dia para reflectirmos sobre as prioridades da lusofonia rumo ao desenvolvimento rural. Para um desenvolvimento sócio-económico sustentável das zonas rurais, é indispensável que as actividades e sistemas de produção agrícolas e não agrícolas em meio rural tenham sustentabilidade económica.

Esta sustentabilidade económica depende de profundas transformações produtivas, tecnológicas e estruturais. Transformações que dependem da iniciativa e capacidade empresarial dos agentes económicos e sociais das zonas rurais, mas dependem fundamentalmente de um adequado enquadramento político-institucional.

A entrevista do Luso Fonias de 10 de Junho teve o contributo da Rádio Sol Mansi, da Guiné-Bissau, que esteve à conversa com Marcus Zampese, voluntário na diocese de Bafatá.




Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«O desenvolvimento rural depende muito de situação para situação. Na Europa, por exemplo, a agricultura está em produzir de mais e, por isso, há que limitá-la e penalizar quem ultrapassar as quotas de produção que estão atribuídas. Ainda todos recordamos a multa pesadíssima que os agricultores dos Açores eram para pagar, há anos atrás, por terem produzido leite demais.... Depois, para enfrentar a agricultura dos Estados Unidos, os agricultores europeus são subsidiados... pelo que as agriculturas africanas, asiáticas e latino americanas ficam completamente fora do combate da competitividade dos preços, o que arrasa as economias mais débeis. Um caso que tem merecido alguma luta, mas com pouco sucesso porque quem é grande impõe as regras do jogo...e ganha!

Nos países em desenvolvimento, o mundo rural tem outros desafios a enfrentar. Assim, há terrenos minados, há muita falta de água ou, pelo menos, de sistemas de irrigação que garantam em períodos de seca mais prolongada uma boa produção. Numa lógica de sobrevivência, a agricultura é decisiva e, em economias menos estruturadas, há que apostar a sério no desenvolvimento rural sustentado.

O maior risco que a agricultura corre é o de a deixar dependente do tempo que faz. Mesmo em áreas onde a terra é fértil, o risco da colheita zero é enorme porque basta que não chova durante um período largo de tempo para que tudo se perca e a fome dizime as populações que dependem, em absoluto, do que a terra produz.

Há ainda um grande trabalho a fazer na melhoria da qualidade dos solos produtivos, corrigindo-os, estudando as melhores culturas a implementar e, mais uma vez, capacitando os agricultores de meios que permitam irrigar sem desperdiçar água – uma preciosidade sobre a qual recaem, cada vez mais, os olhares cobiçosos de certas empresas que a querem privatizar para, muito em breve, se apoderarem deste a quem já chamam o ‘ouro transparente’.

Com agriculturas desenvolvidas e sustentadas, as populações garantem uma vida digna e o espectro da fome estará cada vez mais longe da humanidade. Mas, para tal, há que desenvolver solidariedades à escala do planeta. Estará o nosso mundo preparado para dar este passo?»




Ouça este programa e os mais antigos na Telefonia

(menu do lado direito)


Sem comentários:

Enviar um comentário