segunda-feira, 18 de junho de 2007

Desafios da Intergeracionalidade

O Luso Fonias dedicou a emissão de 3 de Junho aos desafios da intergeracionalidade, ou seja quais os desafios da relação entre gerações mais novas e gerações mais velhas.

Os jovens e os idosos continuam a ser excluídos da participação efectiva na sociedade e a contribuição que podem dar para o seu desenvolvimento é muitas vezes ignorada. Estamos no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, um ano que tem o objectivo de sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade justa e coesa. Assim sendo, é importante reconhecer também o papel dos jovens e das pessoas idosas na família, na comunidade e na sociedade.

O Oitavo Congresso Internacional das Misericórdias, realizado em Pamplona – Espanha – em Outubro de 2006, defendeu a promoção de uma cultura de intergeracionalidade através de projectos que integrem jovens e idosos.

Em estúdio esteve o Padre Franciscano Vítor Melícias que foi, durante 15 anos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas. Actualmente, é Presidente da União Europeia das Misericórdias (UEM) e Presidente Emérito da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM).



Segue o comentário do Pe. Tony Neves:

«Os tempos hoje passam mais depressa que antigamente... queixam-se os mais idosos, olhando para a evolução das tecnologias e das mentalidades. E terão algumas razões para pensar assim. De facto, durante muito tempo, tudo mudava muito devagar. A enxada que o meu avô utilizava para cultivar os seus campos pôde ser usada também pelo meu pai. Depois vieram os tractores e uma quantidade enorme de maquinaria agrícola que o meu pai já não dominava e tiveram que ser os meus irmãos a tomar conta da agricultura. Hoje, quando vou a casa, encontro sempre uma nova máquina de sulfatar, de remover a terra, de cortar erva, de carregar o tractor.... o que obriga a uma constante adaptação dos métodos e técnicas de trabalho. E falei da agricultura que é das áreas mais tradicionais da vida das pessoas. Se falasse do mundo da informática, o que não se teria que dizer!!!

Por isso, começa a abrir-se um fosso cada vez mais profundo entre gerações que aprendem, que crescem, que brincam, que começam a trabalhar sempre com referências e tecnologias diferentes o que as afasta umas das outras. O que divertiu o meu pai quando era adolescente ou jovem já não foi o que me divertiu a mim... agora, na era dos meus sobrinhos, fico como um elefante a olhar para um palácio diante dos seus jogos de computadores que os prendem horas a fio...

A mentalidade também mudou muito nos últimos tempos. Até à geração do meu pai, a cultura e a educação em geral eram transmitidas na família e, em alguns casos, com o apoio da escola. A minha geração beneficiou da chegada dos meios de comunicação social e muito mudou na sociedade, nos comportamentos, nas ideias. Agora, na era do multimédia, com a abertura que a Internet deu ao mundo, ninguém controla ninguém, a educação faz-se quase em regime de autodidactismo, tudo ou quase tudo se arranja por catálogo e, por isso, as relações entre gerações estão muito complicadas. O salto foi demasiado grande e rápido demais para que as gerações mais velhas pudessem acompanhar a mudança de referências e de valores das novas gerações.

Tudo o que muda rápido demais deixa dúvidas quanto à consistência destas mudanças. Há que deixar o pó repousar um pouco para ver, na actual situação, quais as mudanças que melhoraram a prática social e aquelas que fizeram piorar o nível da relação das pessoas umas com as outras. Todos, mais novos ou mais velhos, temos caminhos a percorrer e valores a partilhar. Haja mais relação, mais concertação, mais diálogo e todos sairemos mais ricos. A diferença de gerações constitui uma riqueza que pode ajudar o mundo a avançar. De mãos dadas, com experiências plurais partilhadas, o mundo será melhor.»



E você? Como responde aos desafios da intergeracionalidade? Partilhe a sua experiência com um comentário a este post.




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